Por Joedson Telles
O senador Antônio Carlos Valadares demonstra que não aceitará inerte a tática do governador Jackson Barreto de jogar para a opinião pública que, mesmo sendo ele o governador, inclusive jogando em rosto que fala pelo Estado, não construiu um hospital especializado em tratamento de pacientes com câncer por culpa dos adversários políticos.
Como já disse neste espaço, o governador tenta desconstruir o discurso que a oposição usará na campanha de 2018: Jackson Barreto não teve competência ou vontade política para construir o Hospital do Câncer.
A oposição, contudo, não deixará o governador falando sozinho. E sinaliza apostar em dados técnicos para mostrar à sociedade de quem, de fato, é a culpa por Sergipe ter pacientes sofrendo com câncer, mas não ter um hospital especializado para tratá-los.
“Não compreendo como um governador recebeu quase R$ 157 milhões extras do programa de repatriação, e reserva todo o dinheiro para pagamento a empresas – empreiteiras, a grande maioria -, negligenciando o décimo terceiro dos servidores e abandonando a obra do Hospital do Câncer. Difícil compreender o governante que coloca os empresários, – o poder econômico -, em primeiro lugar na aplicação do dinheiro público”, cutucou o senador Valadares, durante uma entrevista que concedeu na Ilha FM.
Valadares explicou que, como há na conta bancária do Governo de Sergipe algo em torno de R$ 38 milhões, oriundos de emendas parlamentares ao Orçamento da União, para a construção da obra, Jackson Barreto precisaria somente destinar R$ 22 milhões, dos R$ 157 milhões, e iniciar a obra do Hospital do Câncer, licitada em R$ 60 milhões.
“O paciente não pode esperar e o dinheiro já está no caixa do Estado. Por que não iniciar a obra? Seria impositivo que o governador, se estivesse preocupado com a vida dos sergipanos, desse a ordem de serviço para dar início imediato à construção do Hospital do Câncer”, ajuizou o senador.
Grave a denúncia do senador Valadares. Jackson não está preocupado com a vida dos sergipanos? O governador Jackson Barreto tem a obrigação de se explicar e convencer a sociedade do contrário. O espaço está aberto. Precisa também dizer o que o impede de separar os R$ 22 milhões e iniciar a obra importantíssima na preservação da vida.
Aliás, o senador Eduardo Amorim, autor de sete emendas para a edificação da obra, não apenas confirma o juízo do senador Valadares, no tocante aos recursos, como já havia denunciado que o Governo Federal não manda mais dinheiro para a obra porque o Estado não a iniciou.
Os fatos são surpreendentes, não? Mesmo em se tratando de um governo que acerta no varejo e erra no atacado assombram. E creio que porque, desta vez, não é só a competência que está em xeque, mas a sensibilidade também. A empatia com quem enfrenta a pior e mais cruel doença do mundo sem ter recursos para se tratar num hospital privado.