“A continuar o processo de desinvestimento verificado, temo que estejamos correndo um alto risco ocorrer o fechamento da unidade”, diz Luciano Pimentel
Por Joedson Telles
O deputado estadual Luciano Pimentel (PSB), nesta entrevista que concede ao Universo, ratifica a sua preocupação, já externada, inclusive, na tribuna da Assembleia Legislativa, com a possibilidade real de ocorrer o fechamento da unidade administrativa da Petrobras em Sergipe. O parlamentar observa que é possível perceber o perigo analisando que a Petrobras em Sergipe, no ano de 2010, produziu 15,6 milhões de barris de petróleo. Mas em 2016 a produção foi de 11 milhões de barris. “Estamos sentindo os efeitos dessa redução nas atividades da Petrobras: milhares de trabalhadores de empresas que prestavam serviços foram demitidos. Nossa economia é extremamente dependente de investimentos públicos, portanto a iniciativa privada não consegue absorver esses trabalhadores demitidos”, explica. A entrevista:
Há 15 dias, o senhor apelou aos seus pares na Assembleia Legislativa por unidade, para evitar o fim da Petrobras em Sergipe. Chegamos a este ponto? A Petrobras pode mesmo fechar as portas em Sergipe?
A Petrobras em Sergipe no ano de 2010 produziu 15,6 milhões de barris de petróleo. Mas em 2016 a produção foi de 11 milhões de barris. Ou seja, a produção caiu em 41,8%. Em 2014 foram recebidos em nosso Estado R$ 166,7 milhões em royalties e em 2016, apenas R$ 69,8 milhões. São dados que demonstram uma forte desaceleração das atividades nos campos petrolíferos sergipanos. A continuar o processo de desinvestimento verificado, temo que estejamos correndo um alto risco ocorrer o fechamento da unidade administrativa de Sergipe.
É possível avaliar a dimensão do problema que o fim da Petrobras traria para Sergipe?
Sim, e de certa forma, já estamos sentindo os efeitos dessa redução nas atividades da Petrobras: milhares de trabalhadores de empresas que prestavam serviços foram demitidos. Nossa economia é extremamente dependente de investimentos públicos, portanto a iniciativa privada não consegue absorver esses trabalhadores demitidos. Caso haja desativação em Sergipe, sofreremos consequências em todos setores econômicos, amplificando significativamente nossas dificuldades de geração de emprego e renda.
O senhor convidou o ministro das Minas e Energias, Fernando Bezerra Filho, para discutir o problema em Sergipe. Eis a luz no fim do túnel?
A intenção desse convite é a de abrir a discussão para um problema de grande relevância e que precisa da união da classe política, empresarial e de todo povo sergipano na busca de alternativas que afastem a possibilidade de fechamento da unidade da Petrobras em Sergipe e, principalmente, que viabilize recursos para investimentos na exploração de nossos campos de petróleo que, pelas informações que tivemos, tem um grandioso significado econômico.
Como o deputado Luciano Pimentel avalia a troca de comando na Secretaria de Segurança Pública num momento em que, se a segurança não está como Sergipe deseja, mas já dá sinais positivos?
Não resta dúvida de que é estranho a troca de comando num momento em que investigações importantes, como o caso envolvendo superfaturamento do lixo, que inclusive foi denunciado pela própria Emsurb, estejam acontecendo e que o trabalho da equipe substituída começava a apresentar resultados positivos.
O senhor teme que, de alguma forma, isso possa prejudicar as investigações feitas pelos delegados, sobretudo quando envolvem políticos e empresários?
Penso que não. Os delegados que conduzem as investigações têm demonstrado muito profissionalismo e determinação na busca pela verdade, pelo esclarecimento das questões que estão sendo objeto de investigação.
O delegado Paulo Márcio, presidente da Adepol, afirmou que poderes político e econômico atingem o trabalho investigativo da Polícia Civil. Uma declaração desta, partindo de uma autoridade, não deve ser a gota d’água para o governador do Estado se manifestar publicamente sobre toda essa polêmica que envolve a SSP e a investigação sobre a contratação de empresas por parte da Prefeitura de Aracaju para realizar o serviço de coleta do lixo? Jackson não deve uma satisfação à sociedade?
Acho que toda autoridade constituída através da vontade popular tem a obrigação de esclarecer os fatos publicamente, principalmente quando se trata de um tema que tem sido motivo de grade suspeição por parte da população.
Que avaliação o senhor faz das informações levadas ao Poder Legislativo pelo secretário da Fazenda, Josué Subrinho? A palavra é otimismo ou preocupação?
Gostaria muito de encontrar motivos para otimismo, mas não temos nenhum projeto estruturante que crie uma perspectiva de alteração do cenário atual.
O senhor cobrou, recentemente, uma maior atenção do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca no Estado de Sergipe (Dnocs/SE) ao sertão sergipano. As ações dos Governos Federal e Estadual são tímidas nesta região, deputado?
Todo ano, seja com mais ou com menos intensidade, sofremos com os problemas da seca. E sempre, tanto o Governo Estadual quanto o Governo Federal, apresentam ações paliativas, chamadas “emergenciais”. Não fazem investimentos em obras que sejam importantes e sustentáveis ao longo do tempo.