Ferreira: crítico da gestão Jackson Barreto
Por Joedson Telles
O jornalista e radialista Carlos Ferreira noticiou, nesta quarta-feira 11, durante o seu programa, na Ilha FM, que assinou, hoje, um mandado de intimação fruto de uma ação criminal que Jackson Barreto está movendo contra ele na Justiça. A audiência está marcada para o dia 26 de janeiro, às 10h. Natureza? Crime de calúnia, injúria e difamação.
Carlos Ferreira assegura estar tranquilo. Segundo ele, jamais atacou a honra de Jackson Barreto. Tampouco o caluniou ou o difamou. O comunicador admite ser um crítico do gestor, do governador, mas jura na cruz que nunca entrou na vida pessoal de Jackson Barreto.
Exceto tenha provas irrefutáveis do contrário, o governador Jackson Barreto deveria repensar a decisão de levar um jornalista à Justiça. Tudo bem que quando há ataque à hora, calúnia, injúria, difamação, o governador – ou qualquer outra pessoa que se sinta atingida – tem a obrigação consigo mesmo, inclusive, deve buscar o caminho dos homens de bens.
Entretanto, se a grita estacionar em questões que envolvem tão somente a gestão, se não houve o ataque à honra, não é de bom tom bater à porta do Poder Judiciário. Nunca.
Primeiro porque o Judiciário já é um poder muito sobrecarregado de trabalho. Tem, portanto, coisas mais sérias para resolver. Segundo: já pensou se todas as pessoas que criticam o Governo do Estado forem levadas à Justiça também? Como atender a demanda?
Uma pesquisa séria revela facilmente a insatisfação com governo e governador. Vamos processar todos? E quanto aos jornalistas e radialistas que não criticam o governo abertamente nos veículos de comunicação em que trabalham, “não se sabe o motivo”, mas admitem em off a insatisfação popular?
Vamos processar quem critica o atual governo? E fazer o quê com o maior crítico dos governos passados de João Alves e Albano Franco, o senhor Jackson Barreto de Lima?
Critico a gestão Jackson Barreto neste espaço, com respeito, evidente. O bom jornalismo abomina lamber botas mesmo enxergando erros em troca seja lá do que for. Mas, como ia dizendo, faço críticas ao governo que julgo construtivas. Desaprovo certas coisinhas da gestão que, aliás, o próprio Jackson já disse publicamente que precisam melhorar.
Não aprovo também certos assuntos serem tratados com desdém, como aquela história dos óculos. Não vejo com bons olhos um chefe do Poder Executivo estar com essa história de senador gagá, Mr Bean… Bater boca pela imprensa com empresário chamando-o de lixo e sendo chamado de corrupto. Não combina com o cargo.
Ainda assim, confesso a surpresa com a notícia. O político Jackson Barreto, a pessoa Jackson Barreto, a história de Jackson Barreto, de luta contra a ditadura e a liberdade de expressão, não merecem este capítulo.
Como disse, exceto tenha provas irrefutáveis de que teve a honra atacada, que o seu lado pessoal foi atingido, o governador Jackson Barreto deveria repensar a decisão de levar um jornalista à Justiça. Deveria entender que é um homem público no exercício do cargo mais importante de Sergipe, e, nestas circunstâncias, as críticas ao gestor são normais. Aumentam a sua obrigação de analisar se o que diz Carlos Ferreira sobre o seu governo ecoa os sentimentos dos sergipanos.
P.S. Jackson, reflita. Muitos políticos deram a sua contribuição negativa para tentar desmoralizar jornalistas e o bom jornalismo, fazendo uso da censura. Da intimidação. Não queira esta mancha em sua história política. Não queira entrar nesta lista nociva à democracia. À liberdade de expressão.
