Por Joedson Telles
Com todas as lágrimas provocadas, a tragédia envolvendo o time de futebol da Chapecoense e profissionais de imprensa, entre outras vítimas, precisa ter seu lado positivo. O preço foi alto demais para ficarmos estacionados apenas na dor. A própria dinamicidade da vida obriga a levantar e seguir em frente.
Evidente que não quero dizer com isso que a tragédia esteja justificada. Jamais. Entretanto, como não podemos voltar o tempo, impedir o voo, a inteligência manda extrair lições. E não apenas redobrando os cuidados antes de embarcar na próxima viagem. Sublinho pelo menos uma reflexão sobre o comportamento humano diante do seu semelhante e a imprescindível sabedoria de viver em sintonia com Deus.
Diferente, por exemplo, de quando um ônibus lotado de trabalhadores colide matando todos os passageiros, a desgraça quando atinge artistas, jogadores, grandes empresários, pessoas conhecidas, enfim, tem o poder de mobilizar a mídia dias e mais dias. A notícia não é divulgada apenas uma vez para informar. A cobertura está nos mínimos detalhes em todo momento.
Há desdobramento atrás de desdobramento, oferecendo a oportunidade para a meditação necessária e urgente sobre a verdade – sobretudo a quem é bem remunerado com o dinheiro público para prover soluções coletivas, mas, por incompetência ou por dar de ombros à dor alheia, se preocupa apenas em usufruir cada vez mais do público como se fosse seu.
O momento é oportuno para que fichas sejam jogadas ao chão. São pessoas que também viajam de avião, que estão vulneráveis em diversas situações mesmo que sequer imaginem. E evidente: pessoas que não têm um documento assinado por Deus garantindo a blindagem. Até porque ninguém tem. Quem sabe quando a morte baterá à porta? Quem sabe se Jesus voltará antes?
No último dia 2 de dezembro, amargamos três anos sem o saudoso Marcelo Déda. O preço foi altíssimo sobre todos os aspectos. Ninguém discute. Mas será que todos nós tiramos a lição da precoce morte? Temos exemplos práticos de que compreendemos porque Deus permite certas coisas e aplicamos o ensino em nossas vidas?
Usamos da empatia com a família de Déda e, dentro das nossas possibilidades, podemos comprovar que temos, sim, preocupação com a dor alheia? Que colocamos nossos talentos e as oportunidades que temos para servir a quem mais necessita? Se não, a comoção com a morte de Déda não passou de demagogia. A tragédia da Chapecoense oferece outra oportunidade. E o tempo, mais uma vez, desnudará sem vacilo.