O deputado estadual Valmir Monteiro (PSC), o “Valmir da Madeireira”, vice-líder da bancada de oposição na Assembleia Legislativa, ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa hoje (27), para defender que a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) intensifique a realização de blitze nos ônibus coletivos e nos terminais de integração da Grande Aracaju. Valmir entende que a presença policial contribui para inibir a ação dos vândalos e reduz, consideravelmente, os índices de assaltos. O deputado vai cobrar que as fiscalizações sejam continuadas.
Ao fazer uso da palavra, Valmir Monteiro lembrou dos 10 anos em que atuou como deputado estadual, antes de ser prefeito de Lagarto. O parlamentar disse que promoveu vários debates e audiências públicas sobre o crescimento dos assaltos a ônibus na Grande Aracaju. “De 1999 a 2008, a gente via cerca de 200 assaltos durante o ano e a gente achava aquilo um absurdo! Agora os números estão aumentando assustadoramente. Só em 2012, foram registrados 330 assaltos ao longo daquele ano”, disse.
Valmir Monteiro seguiu revelando dados assustadores de assaltos à ônibus em Sergipe. “Em 2013, o salto foi absurdo! Foram registrados 800 assaltos! O deputado Garibalde Mendonça (PMDB) chegou a apresentar um projeto proibindo a publicidade nos vidros traseiros dos veículos. É uma reclamação da categoria porque as pessoas no trânsito não sabem o que está ocorrendo dentro do ônibus. Não sei porque isso não foi a frente! Em 2014, pasmem os senhores: foram 946 casos de assaltos à ônibus! E fazendo um levantamento, só até o dia 21 de abril, foram 384 casos. Isso é um absurdo!”.
O deputado disse que só em um final de semana, foram mais de 50 assaltos à ônibus em Sergipe. “Foram 21 assaltos em uma sexta; 17 assaltos no sábado e 19 no domingo. Nós conversamos com o presidente do Sintra (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviários de Aracaju), Miguel Belarmino, e ele teve uma audiência com o secretário de Segurança, Mendonça Prado, para ver a possibilidade de promover essas blitze. Nesse último final de semana foi registrado apenas um assalto! Nós queremos que a SSP dê continuidade a esse trabalho, que siga fiscalizando. Nós vamos continuar cobrando”.
Valmir disse que tem consciência que a profissão de motorista e cobrador de ônibus é por demais desgastante e que já teve um ente de sua família vítima da violência dos assaltos. “Um parente, trabalhando como motorista de ônibus em Nossa Senhora do Socorro, foi vítima de um assalto e faleceu sentado na cadeira. Foi tirar o cinto de segurança e o marginal pensou que ele ia pegar uma arma. Foi baleado e morreu na cadeira! Quero parabenizar o secretário de Segurança por essas blitze e a gente espera que ele dê continuidade. Vamos acompanhar esses números e divulgar isso, mês a mês”.
Por fim, Valmir Monteiro disse que já tem informações de projetos voltados para o tema que foram apresentados em outros Estados, como São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal. “Aqui em Sergipe já existe a verificação no transporte intermunicipal. Estamos pensando em apresentar um projeto de lei para a implantação dos detectores de metais nos ônibus. Muitas armas foram apreendidas nessas blitze. Isso inibe a ação dos marginais! Falaram muito nas câmeras de segurança, mas hoje elas praticamente não existem”.
“Mas vamos dar um tempo para o secretário”, concluiu Valmir, dizendo que a média é de um assalto à ônibus a cada quatro horas e que agora viraram rotina os “arrastões” dentro dos ônibus . “Antes os bandidos roubavam o caixa e iam embora! Agora eles roubam todos os passageiros que estão no veículo! Isso é a certeza da impunidade! Muitas vezes essas pessoas estão drogadas e imagine você ficar sob a ameaça de uma arma?”, questionou.
Apartes
O deputado Antônio dos Santos (PSC) se somou ao discurso de Valmir Monteiro reconhecendo que a insegurança tem atormentado os profissionais do transporte coletivo de Sergipe. “Até poucos dias um cidadão estava desaparecido ante a ação dos marginais. A violência assusta os rodoviários e os taxistas. Um rodoviário me contou que foi até a empresa onde trabalha e pediu que lhe mudassem a função. Disse que, se não fosse possível, preferia perder o emprego. A empresa acatou seu apelo diante do seu quadro de desequilíbrio. Ele disse que preferia ficar desempregado vivo a estar empregado sob a ameaça de morte a todo instante. A sensação de insegurança é assustadora e todos nós estamos reféns dessa violência nos sinais de trânsito. É preciso que seja tomada alguma providência”.
Por sua vez, o deputado Georgeo Passos (PTC) falou da contradição que é estimular as pessoas a utilizarem o transporte público e a questão da mobilidade urbana e não ter o mesmo cuidado em garantir a segurança para quem usa esse transporte. “A falta de segurança no Estado é uma preocupação de todos. Como as pessoas vão deixar de usar o carro para utilizar o transporte coletivo com tantos assaltos? O criminoso sabe que não vai ter uma reação das forças do Estado e vai agindo. Temos que encontrar alternativas para inibir isso”.