Por Joedson Telles
Valmir de Francisquinho, o ex-prefeito de Itabaiana que conquistou o coração da maior fatia do eleitorado sergipano, nestas eleições, finalmente, se posicionou oficialmente sobre o segundo turno. Aliás, Valmir já chegou apitando num possível governo do candidato Rogério Carvalho.
Pela importância que passou a ter na política genuína, como já disse neste espaço, o bom senso esperava mesmo uma posição dele. Todavia, grita a indagação que não pode ser sepultada: Valmir escolheu bem o seu novo caminho, ao se juntar ao PT?
Evidentemente, se a pergunta for feita a um eleitor do projeto petista, não há a menor dúvida que este dirá que Valmir acertou na mosca. Minimizará o fato – a ser explorado pelos adversários – que o PT está recebendo um bolsonarista em seu palanque. Não sem razão, argumentará que, do outro lado, também há eleitores de Lula e de Bolsonaro.
Já o eleitor do candidato Fábio Mitidiere, que, claro, sonhou com este apoio, por razões óbvias, em sua maioria, enxerga que Valmir deixou de abraçar a melhor candidatura. Está do lado errado.
Óbvio que tais posições dos eleitores, que, por certo, não divergem muito do que pensam os próprios candidatos, não levam em conta o ônus que sobrará para Valmir.
Naturalmente, o foco está em quem está na disputa. Valmir, e a política é assim, é visto pelo benefício que poderá agregar ao projeto petista. Alguém acredita que há uma faísca de preocupação nos corações petistas com o futuro político de Valmir, neste acordo?
A política está longe de ser matemática. Há, a propósito, aquele lugar comum da nuvem que muda de lugar a cada olhada. Entretanto, o atual desenho não é bom para Valmir.
Pense comigo, internauta: apresentando-se como oposição, Valmir obteve 457.922 mil votos, mesmo estando inelegível para os informados e numa situação eleitoral duvidosa para outros. Isso, logicamente, lhe tirou votos. Ou seja, o político da vez receberia ainda mais votos. Venceria a eleição no primeiro turno.
Vamos mais…Valmir é excluído do pleito, mas não apenas carrega a missão de ser oposição (a maioria não quis os dois nomes que chegaram ao segundo turno) como também é a razão da indignação de muitas eleitores – pessoas que chegaram a votar nele mesmo sabendo que os votos seriam nulos.
Pois bem, Valmir, ao escolher Rogério Carvalho – e se tivesse escolhido Fábio Mitidieri não seria muito diferente – abriu mão de permanecer onde estava: na oposição legítima. Se Rogério vencer o pleito, Valmir será governo sem ter a caneta ou fará uma oposição sem a mesma força e legitimidade que teria se optasse pela neutralidade.
Ficar na oposição e liberar o eleitor é tomar uma posição corajosa. Bem mais coerente. Inteligente. A propósito, é o caminho trilhado pela então companheira de chapa de Valmir, a vereadora Emília Corrêa.
Quando desprezou esta lógica, Valmir, observe, internauta, criou um obstáculo robusto contra seu próprio sonho de ser governador em futuros pleitos. Valmir candidato na atual situação seria um e, se ficasse neutro, hoje, e fizesse oposição seria outro. A possibilidade de manter a atual densidade eleitoral seria bem maior no segundo caso. Ou não?
Um passeio pelas redes sociais ajuda a responder a pergunta. Valmir passou a ser chamado de traidor por uns e ainda há aqueles que dizem que ele se vendeu ao PT. É certo que nenhum deles apresentou provas. Agem de forma irresponsável. Entretanto, são eleitores. São quem decidem uma eleição. A maioria, inclusive, externa ter votado em Valmir. Dito de outra forma, Valmir perdeu votos.
O político da moda (o ex ?) efetuou, acredito, o famoso disparo no dedão. Abriu mão dos holofotes. No próximo pleito, se Rogério estiver sentado na cadeira de govenador, certamente, irá à reeleição, podendo ter Lula na Presidência. Se vencer, em oito anos, outro petista disputará o governo. O projeto do PT é chegar ao poder e permanecer por muito tempo. 20 ou mais anos. E o partido não está errado. Rogério não está errado. Isso é política – uma espécie de jogo que vicia e costuma ser cruel com jogador amador.
