Por Joedson Telles
Depois que o vice-prefeito de Aracaju, José Carlos Machado, disse ao Universo, no último dia 4 de outubro, que “a situação estaria muito mais drástica, se Aracaju tivesse como prefeito Valadares Filho”, os pré-candidatos a administrar Aracaju, a partir de janeiro de 2017, João Alves Filho e Valadares Filho parecem que definitivamente anteciparam a disputa de 2016. A entrevista concedida por José Carlos Machado ao Universo foi repercutida em emissoras de rádio e outros setores da mídia, e o senador Antônio Carlos Valadares, que estava ausente das discussões sobre 2016, resolveu entrar em campo.
“Quando João Alves, através de seu escudeiro maior, o seu vice José Carlos Machado, diz que o desastre de sua gestão seria ainda maior se Valadares Filho fosse hoje o prefeito, reconhece em primeiro lugar, sem meias palavras, o verdadeiro descalabro de sua gestão. Ao tempo em que, ao destacar a falta experiência, assim como fez em 2012 para desqualificar o seu principal adversário, agora, repete o mesmo discurso quando, novamente, se sente ameaçado pelo nosso pré-candidato do PSB. A ‘experiência’, neste caso, foi utilizada como arma de convencimento na eleição de 2012- que se revelou na prática do dia a dia na Prefeitura de Aracaju -, como arma pra engabelar o povo de Aracaju. Repetem o mesmo discurso como se o povo não estivesse nem aí pra suas promessas e mentiras”, reagiu o senador Valadares, como político aliado e, óbvio, como pai em defesa do filho.
Um dos maiores fascínios da política emerge sutilmente quando o que vemos, lemos ou ouvimos comunica muito mais o que passa despercebido aos menos atentos, o ofuscado do que propriamente o óbvio. Neste terreno, as sementes quando em contato com o solo surpreendem no momento da colheita pela diferença.
Refiro-me à satisfação do senador Antônio Carlos Valadares com a entrevista concedida pelo vice-prefeito José Carlos Machado ao Universo. No mundo normal, fora da política, isso, evidente, seria impossível. Valadares – pai e filho – estariam p da vida com Machado. Satisfação? Ninguém em sã consciência comemoraria o fato de um adversário apontá-lo como inferior. No caso em tela, muito inferior, já que na mesma entrevista, José Carlos Machado indaga: “quem sabe no futuro, Valadares Filho terá a experiência que João tem hoje?” Ou seja, chamou de menino.
Satisfeito, o senador Valadares, e vai um oceano de distância para ser chamado de menino, quando o assunto é política, entrou em cena para reforçar com seu peso político o que o fato trouxe nas entrelinhas: Valadares Filho larga na frente do também pré-candidato a prefeito de Aracaju pela oposição Edvaldo Nogueira. Ambos cutucam João, digo o prefeito de Aracaju, constantemente na imprensa, numa forma clara de tentar polarizar uma campanha, que claramente já começou.
Inclusive, a pergunta feita pelo Universo a José Carlos Machado, cuja resposta provocou a polêmica, citou o nome de Valadares Filho. Lembremos: “Quando o senhor deposita as soluções para os problemas de Aracaju em João Alves não está indo na contramão do que diz, por exemplo, o deputado federal Valadares Filho, que faz duras críticas à atual gestão da Prefeitura de Aracaju?”
Na indagação seguinte, após a resposta polêmica de Machado, todavia, Universo citou Edvaldo Nogueira. Machado, por sua vez, optou por ser light. “Mas o ex-prefeito Edvaldo Nogueira já disse que João Alves dá desculpas para não trabalhar… Tenta colocar a culpa dos problemas de Aracaju em gestões passadas…” Responde Machado sem polemizar: “Eu nunca vi João culpar Edvaldo Nogueira por nada. O que se diz com muita clareza é que os dados do balanço de 2012 mostram que Edvaldo deixou um resto a pagar de mais de R$ 100 milhões, e esse resto a pagar foi pago na administração de João Alves”, disse.
Antes do ponto final, para deixarmos o internauta atônito, como em política, como já posto, ofusca-se o óbvio e fala-se nas entrelinhas, Machado pode – repita-se – pode ter jogado a isca. Assim como qualquer pessoa minimamente informada sobre a política e seus meandros, Machado tem ciência que, mesmo que haja dois ou três candidatos na oposição, apenas um tende a polarizar com o candidato da situação – e pode chegar ao segundo turno. Talvez ele e João não queiram Edvaldo Nogueira.