Por Joedson Telles
O candidato a prefeito de Aracaju pelo PSB, o deputado federal Valadares Filho, deixa evidente nesta entrevista que concede ao Universo que trabalha para vencer a eleição já no primeiro turno. Valadares também assegura que não entrará nas provocações dos adversários, e promete responder insultos com propostas para os problemas de Aracaju. Valadares Filho ainda cutuca o prefeito João Alves Filho (DEM), ao deixar claro não acreditar na sua candidatura. “Sempre trabalhamos para enfrentar uma disputa em que o atual prefeito da cidade estivesse sendo votado e julgado. Mas uma eventual saída dele, que eu creio que a candidatura não se sustente por 15 dias, alterará o cenário de alguma forma. E deixará, por exemplo, em uma situação ainda mais difícil um certo candidato que queria fazer um plebiscito entre João Alves e um passado um pouco recente”, diz numa clara referência ao candidato do PC do B, Edvaldo Nogueira. A entrevista:
Qual o diferencial deste novo grupo da política sergipana que tem a sua liderança?
Em Sergipe, todo mundo sabe quem é quem. Não estamos reinventando a pólvora e nem a roda. O diferencial está no projeto que trago comigo para a nossa cidade e para o nosso povo. É um projeto sensato, enxuto, realizável, e aponta um horizonte diferente para os destinos de Aracaju. Um horizonte onde seja possível pensar no desenvolvimento da cidade e do povo que vive nela. Na realização de obras, na oferta de bons serviços. Administrar bem é ter como prioridade as necessidades das pessoas. E será assim que administraremos. Mas esse grupo em si tem ainda o diferencial de pensar junto. Rezar pelo mesmo projeto. Assim que fizemos a aliança, um dos primeiros gestos do senador Eduardo Amorim, líder preocupado com os destinos de Sergipe e de Aracaju, foi o de nos repassar o projeto de Governo que ele havia elaborado para a disputa da Prefeitura. Acolhemos de imediato. Incorporamos às nossas propostas. De modo que o diferencial nosso é também o de pensar juntos. E pensar com planejamento.
No evento no qual foi oficializado o apoio do senador Eduardo Amorim ao PSB, muita gente falou em resolver a eleição no primeiro turno. É o pensamento?
Diante da aliança que fizemos, em face do que a comunidade de Aracaju espera de diferença na condução da coisa pública e mediante o que vamos apresentar para os aracajuanos nestes 60 dias de campanha, a possibilidade de resolver a eleição no primeiro turno não é remota. Mas o nosso pensamento nos aconselha pé no chão e nada de salto alto. Não se realiza eleição na base do “já-ganhou”. Posso desde já assegurar ao povo da minha cidade que fizemos uma aliança com 13 partidos, mas nenhum deles nos pediu esta ou aquela Secretaria, este ou aquele órgão ou empresa na estrutura do Governo Municipal. Isso que dizer que, mesmo governando com muitos aliados, terei a liberdade para dar uma cara técnica ao Governo. E isso é altamente significativo. Nas nossas caminhadas por bairros, nos grupos de estudos que montamos para a preparação do Plano de Governo, 90% das queixas esbarravam na falta da boa gestão pública. Isso é na saúde, na mobilidade urbana, na educação – apesar dos méritos desta área -, no meio ambiente, no planejamento. Em tudo. Eu insisto: nós faremos o diferente. No meu discurso na convenção de sexta-feira, ressaltei que enquanto eles vieram com uma crítica, nós rebateremos com propostas de Governo. A cada calúnia que vier de lá, devolvo com o programa de Governo. A cada calúnia, tome-lhe programa de Governo. Precisamos discutir a cidade, as prioridades do seu povo. Chegamos a uma quadra da vida política que não emplacam mais discursos vazios, demagógicos e populistas. Ah, “mas não se tem recursos para fazer as coisas”! Que nada. Tem, sim. Se houver projetos, há recursos. A cidade de Salvador está apinhada de obras. Lá, ACM Neto, um grande prefeito de capital do Brasil, tem projeto. Tem planejamento.
Com o desprendimento do senador Valadares, ao abrir mão de disputar a reeleição em 2018, o senhor esperou que o governador Jackson Barreto abraçasse o projeto do PSB também?
Desde cedo, Jackson Barreto levou tudo no “banho-maria”. Ele, de fato, nunca quis nos apoiar. Não nego: num dado momento, até achei que este apoio seria possível, e bom. Mas hoje estou certo de que foi melhor ficar como está.
Pelo discurso de alguns governistas, Valadares Filho ainda faz parte do bloco do Governo do Estado. Entregar os cargos que o PSB tinha no governo e liderar um grupo novo não basta para sepultar dúvidas?
Só se for mesmo pelo discurso de governistas – e aqui fica claro que são governistas desinformados. Não há dúvidas da nossa opção em nos opor ao governo. Não somos oposição é a Sergipe. Sim, a entrega dos poucos cargos que dispúnhamos no governo reforça isso. Se temos um projeto de ser o novo, de ser a diferença, de renovar Aracaju, seria um equívoco permanecer no governo. Isso é algo pacífico.
Valadares Filho está nas ruas de Aracaju ouvindo as pessoas e tem também viajado para outras capitais conhecendo ações que deram certo. O senador Eduardo Amorim, por sua vez, lhe entregou um programa de governo. São sinais que este grupo está preocupado em fazer uma campanha focando os problemas de Aracaju, e não em agressões aos adversários?
Sem dúvida. Na base de “se vir agressão deles, iremos com propostas”, conforme falei há pouco. Estamos cheios de informações vindas das comunidades de Aracaju. Sabemos o que as pessoas querem e o que nós podermos proporcionar. Tem gente na base do governo que não viu as mudanças no olhar da sociedade para com a classe política. Tem gente aí que não percebeu nada das manifestações populares de 2013 para cá. Mas nós vimos. Vimos tanto, que em 2014 não votamos mais em Dilma Rousseff, a madrinha do candidato de Jackson e por ele abandonada. Nós sabemos que a sociedade quer hoje ações propositivas. Sem lero-lero. Ainda na sexta-feira vi o candidato comunista-petista e do Governo do Estado dizendo que nossa aliança era um ajuntamento das elites querendo a Prefeitura de Aracaju para depois levar o Governo de Sergipe. Meu Deus, que visão mais retrógrada. Mas que modo mais populista e vazio de fazer política.
A aliança ganhou Eduardo Amorim, André Moura, pastor Antônio dos Santos e demais membros do PSC e de outros partidos deste grupo. Todavia, perdeu o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD). Como avalia esta decisão de Fábio Mitidieri?
Avalio com naturalidade. Nós queríamos Fábio Mitidieri do nosso lado. Ele veio, fizemos a aliança em janeiro. Mas ele é de maior, vacinado, sabe o que quer e permanecer ao nosso lado é decisão que só a ele caberia. Continuo considerando Fábio um grande amigo.
O que mudaria se João Alves saísse da disputa?
Sempre trabalhamos para enfrentar uma disputa em que o atual prefeito da cidade estivesse sendo votado e julgado. Mas uma eventual saída dele, que eu creio que a candidatura não se sustente por 15 dias, alterará o cenário de alguma forma. E deixará, por exemplo, em uma situação ainda mais difícil um certo candidato que queria fazer um plebiscito entre João Alves e um passado um pouco recente. Com João ou sem João, trabalharemos com pés no chão, sabendo que estamos no caminho certo, preocupando, e muito, os nossos adversários.
Valadares Filho foi aconselhado a continuar na Câmara Federal, mas optou por tentar administrar Aracaju e os seus problemas. O que pesou nesta decisão?
Pesou nesta decisão a nossa determinação de renovar a vida pública de Aracaju. Pesou o nosso desejo de fazer algo planejado para a Capital. De promover um Governo que pense a cidade e a sua gente. Pesou o nosso sonho de um Governo mais técnico e menos improvisador. Eu e o vice-prefeito Pastor Antônio dos Santos seremos executivos de ver a cidade, de ir para as ruas diariamente.
“A nossa meta é gastar menos com a prefeitura e mais com as pessoas”. Esta sua frase é uma opção do gestor ou uma obrigação nas modernas gestões – sobretudo em tempos de crise econômica?
Repito sempre essa ideia de que precisamos gastar menos com a prefeitura e com a máquina, e mais com as pessoas que dependem do poder público. É ao mesmo uma opção do gestor e obrigação das modernas gestões, independentemente de estar em crise ou não. Em tempos de vacas gordas, adotaremos o mesmo princípio. E em Aracaju tem muita gente dependendo do poder público. De mais serviços em todas as esferas – desde a mobilidade urbana até a saúde. Temos, por exemplo, o propósito de trabalhar firme para dotar a cidade de seis mil unidades residenciais para as classes sociais que ganhem de zero a três salários mínimos. É enorme a quantidade de pessoas nesta linha.
Foto: Wandycler Marcos Júnior