Avaliação é do deputado Luciano Pimentel, defendendo união em torno do projeto
Por Jozailto Lima
Contagem regressiva: a partir deste sábado, 3 de outubro, falta exatamente um ano para as próximas eleições municipais, quando Sergipe vai escolher 75 novos prefeitos, 75 vices e cerca de 800 vereadores. De olho nisso, na segunda-feira passada, 28 de setembro, as Executivas Municipal de Aracaju e Estadual de Sergipe do PSB se reuniram e esse partido foi o primeiro a lançar uma pré-candidatura à Prefeitura da maior cidade do Estado, Aracaju, na pessoa do deputado federal Valadares Filho, 35 anos. Presente a esta cena política e a outras tantas do Estado inteiro, o deputado estadual Luciano Pimentel (PSB) diz que as urgências administrativas futuras de Aracaju embasam o ato do seu partido e não conferem ao lançamento da pré-candidatura de Valadares Filho um traço de precipitação. “Não achamos que seja cedo. E por dois aspectos bem visíveis. O primeiro, é o de que Aracaju é uma cidade cercada de urgências por todos os lados no sentido social e administrativo, e é preciso que quem se dispõe a enfrentar esses problemas o faça cedo e programaticamente. E o segundo aspecto vem do fato de que Aracaju é a locomotiva de Sergipe. É daqui que as coisas acontecem para os demais 74 municípios, e o PSB tem política, administrativa e eleitoralmente, interesse no Estado inteiro”, diz Pimentel.
Em encontro na segunda, dia 28, o PSB chancelou a pré-candidatura de Valadares Filho à Prefeitura de Aracaju. É o primeiro partido a tomar, oficialmente, essa posição um ano antes das eleições. Não é cedo?
Não achamos que seja cedo. E por dois aspectos bem visíveis. O primeiro, é o de que Aracaju é uma cidade cercada de urgências por todos os lados no sentido social e administrativo, e é preciso que quem se dispõe a enfrentar esses problemas o faça cedo e programaticamente. E o segundo aspecto vem do fato de que Aracaju é a locomotiva de Sergipe. É daqui que as coisas acontecem para os demais 74 municípios, e o PSB tem, política, administrativa e eleitoralmente, interesse no Estado inteiro.
E quais são as urgências de Aracaju e com que projeto o PSB e uma eventual candidatura de Valadares Filho as enfrentariam?
São muitíssimas. Aracaju é uma cidade que exige do seu futuro gestor um pensamento administrativo que cubra muito mais além dos problemas da sua população de 633 mil habitantes. Ele precisa pensar e ter projetos macro, que envolvam a Grande Aracaju como um todo, e hoje não é mais composta somente por ela, Socorro, Barra e São Cristóvão, e sim por Itaporanga, Laranjeiras, Riachuelo, Santo Amaro, Maruim e Pirambu. Nestas cidades vivem cerca de 1,1 milhão de sergipanos, quase metade de todo a população de Sergipe, composta de 2.242.937, segundo o IBGE de 2015. Nestas 10 cidades, as gestões públicas necessitam de ações conjuntas nos setores de transporte, segurança, saúde, lazer, educação, trabalho e meio ambiente. Aracaju é uma grande caixa de ressonância, e pecará quem se propuser a administrá-la de costas para estas demais nove cidades. Ousaria dizer que, pela capilaridade da Capital frente ao Estado inteiro, as políticas públicas daqui exigem harmonia com todas as demais 74 cidades.
Mas, especificamente, para Aracaju, quais são as demandas de um futuro prefeito que queira fazer diferente?
Um gestor desta Capital precisa enfrentar com um olhar amplo, contemplador de ações que garantam qualidade de vida ao que já está feito e repense muito o futuro, o que virá – e tem muito por vir. Com 160 anos, Aracaju é uma cidade novíssima, mas padece de erros terríveis em seu crescimento urbano, que por vezes se assemelha a um mero e desordenado inchaço. Não se concebe que esta cidade não tenha um Plano Diretor bem definido, e com alguém vigilante à aplicação diária dele. É pecaminoso que se permita à chamada Zona de Expansão “se expandir” sem nenhum planejamento urbanístico seguro. A malha urbana de Aracaju, por ser de uma cidade quase ao nível do mar, precisa de um tratamento de choque para evitar a “buracaria” em que ela se transforma a cada chuva. O transporte de massas necessita de ações menos populistas, que contemplem a todos, inclusive aos da Grande Aracaju. A nossa mobilidade urbana é caótica. Nós temos 77 escolas municipais, que agregam 32 mil alunos e quase dois mil professores. Mas que qualidade temos no ensino produzido por elas? Outra gravidade: sei que este é um problema que vai além de um prefeito, que perpassa Governos de Estado e da União, mas nenhum gestor da Capital pode fechar os olhos para a degradação dos recursos hídricos que circundam Aracaju, com a poluição dos rios Sergipe e Poxim, dos milhares de canais internos, e pensar até, preventivamente, nas condições do Vaza-Barris. Isso é qualidade de vida. Isso é promessa de PIB para o turismo. Isso é bom para todos.
E Valadares Filho estaria preparado para tudo isso?
Valadares Filho é jovem, mas já experiente e experimentado. Com apenas 35 anos, está em seu terceiro mandato de deputado federal, disputou a Prefeitura de Aracaju com excelente desempenho em 2012 e tem uma visão geral e muito boa de administração e dos problemas específicos da Capital, e até mesmo do Estado. Mas, ele sabe que isso só não basta, e é por isso que está montando um grupo de estudos para apontar o diagnóstico exato do que a cidade exige e necessita. Para aumentar conhecimento e densidade na função de gestor. Além de tudo isso, ele tem a retaguarda de um partido que nacionalmente ostenta grandes projetos e de um pai, o senador Valadares, que já administrou Sergipe e tem uma visão ampla e reconhecidamente justa e avançada da esfera pública. Um homem de tradição e um antipatrimonialista clássico.
Mas como o PSB viabilizaria a candidatura de Valadares Filho em face do mesmo interesse do PMDB, do PT e do PC do B, todos de um mesmo bloco?
De fato, não é uma tarefa das mais fácies. Mas também não é impossível. O “bom” seria que ele fosse o candidato destas forças todas unificadas no enfrentamento à pré-candidatura de João Alves. Mas política não é feita somente “do bom”. Política é a arte da transigência e a de vencer interesses contrários. Sabemos do peso de uma candidatura apoiada pelo governador Jackson Barreto, que esperamos que seja Valadares Filho. Temos instrumentos internos no PSB que indicam que Valadares Filho é o nome mais preparado para enfrentar João Alves num segundo turno. Para enfrentar e para vencê-lo.
Qual é o seu conceito da gestão de quase três anos do prefeito João Alves?
Tenho por doutor João Alves um apreço enorme. Aliás, nem só eu: o PSB também. Com três mandatos de governador do Estado e dois de prefeito da Capital, é um homem histórico. Merece nossa deferência. Mas, infelizmente, como gestor de Aracaju, falhou. E falhou retumbantemente. É o prefeito das promessas não cumpridas. Do Governo fraco. Aquém do esperado. E, pelas urgências da Capital, não há mais espaço para um projeto assim. Claudicante. Aracaju tem pressa, e Valadares Filho compreende e está preparado, inclusive no fôlego, para assumir esse compasso.
Como o PSB pensa o tabuleiro eleitoral do Estado?
Partindo de Aracaju, com a visibilidade da candidatura de Valadares Filho, queremos chegar muito bem a grande parte dos demais 74 municípios de Sergipe. Hoje temos 7 prefeitos, 12 vices e elegemos em 2012 mais de 80 vereadores. Nosso projeto é o de mais que dobrar isso. Eu mesmo estarei comprometido com diversas projetos, tanto de correligionários, a maior parte deles, quanto de amigos da base aliada. Temos realidades bem consistentes, como as de Eri em Cumbe, de Nena de Luciano, em Monte Alegre, da Vereadora Preta, em Salgado; as de Thiago Dória, em Poço Verde, e de Cassinho da Quixabeira, em Gracho Cardoso, ambos em reeleição; a de Zé Valadares ou José Carlos Felizola, em Simão Dias; de Faustinho Sobral, em Itaporanga; Gildo Xavier, em Porto da Folha, o Zé Rosa, em Siriri, Isac Medeiros, em Dores; Cabelinho em Divina Pastora, Jaime Mendonça, em Poço Redondo; Domingos, em Pedrinhas; Simizinho em Maruim, e outros amigos que decidirem a concorrer. Temos um projeto muito forte em São Cristóvão, com Maurício Pimentel, num bloco firme de oposição à atual gestão. Em São Domingos e Ilha das Flores, nosso grupo apresentará candidato competitivo.
Comenta-se que o senhor seria candidato natural a deputado federal, em caso de uma eventual eleição de Valadares Filho à Prefeitura de Aracaju. Isso procede?
O que procede é que sou candidato natural a desempenhar um bom mandato de deputado estadual. Um mandato que não desaponte a nenhum sergipano, em específico aos 26.158 que me deram diretamente seus votos. No mais, temos uma estrutura política boa e muito responsável. Temos uma Vice-Governadoria, um senador em terceiro mandato com uma visibilidade ímpar, um deputado federal, o meu mandato, esses prefeitos, vices e os vereadores de que falei há pouco. Considero tudo isso um patrimônio imaterial e político digno de quem quer contribuir com os municípios – aliás, estamos muito solidários a eles nesse momento de crise -, com Sergipe e com o Brasil.