Luciano Pimentel cita ainda Eduardo e André e lembra ser preciso entendimento
Por Joedson Telles
O deputado estadual Luciano Pimentel (PSB) afirma, nesta entrevista que concedeu ao Universo, na semana passada, que, em havendo consenso no bloco da oposição, não tem dúvida que o senador Antônio Carlos Valadares (PSB) aceita colocar o seu nome como pré-candidato ao Governo do Estado, em 2018. “Eu acredito que o senador Valadares não se furtaria, e tenho certeza que, em o senador sendo convidado pela classe política, havendo entendimento, seria o melhor nome para ganhar as eleições. Eu tenho certeza que o senador é um homem combativo e aceitaria”, diz Luciano Pimentel, observando ainda que diálogo e pesquisas são imprescindíveis para que se encontre o melhor nome na oposição, entre Valadares, o senador Eduardo Amorim (PSDB) e o deputado André Moura (PSC), que também são bons nomes da oposição, segundo Pimentel. “A melhor forma de se definir seria fazendo os entendimentos políticos e se buscar com pesquisas qualitativas quem tem a maior chance de vencer as eleições. Esse seria o processo mais inteligente para escolher quem vai representar o grupo como cabeça na chapa majoritária”, disse. A entrevista:
Estamos perto do final de mais um ano legislativo. Já dá para fazer um balanço do seu mandato em 2017?
Nós temos buscado sempre fazer um mandato propositivo. Temos vários projetos de lei. Infelizmente, os projetos demoram na tramitação, mas temos vários que são importantes. Temos buscado fazer um mandato em conformidade com aquilo que pensamos ser o mais correto e eficaz, buscando sempre estar sintonizado com o que a sociedade deseja e cobra, hoje, de nós políticos. Na minha primeira experiência política, tenho esse compromisso de estar sempre antenado à sociedade, buscando agir da melhor forma possível com ética, seriedade e, sobretudo, com serenidade, para que possamos ter a conclusão de um mandato de forma que ao menos seja reconhecido com um mandato que apresentou significativos projetos de interesse da sociedade.
Percebe-se que o senhor tem feito uma oposição coerente com isso que acaba de dizer. Ou seja, nas votações das matérias de interesse do Governo do Estado, o senhor não acompanha a bancada do governo, mas quando existe clamor popular relativo a determinados projetos estes contam com o seu voto, como foi o caso do Projeto de Lei do empréstimo de R$ 560 milhões junto à Caixa para que o Estado recupere as rodovias. É por aí?
Quando somos eleitos, representamos as pessoas que nos elegeram. Não podemos ficar sem buscar efetivamente o que as pessoas desejam. Os parlamentares dizem que são representantes da população. Como podemos votar sem olhar os anseios da sociedade? Tenho visto todos os parlamentares, inclusive os da oposição, em determinados momentos, abraçarem projetos que acham benéficos à sociedade. Vários projetos passam por unanimidade. Outros passam por discussões acaloradas, por entendermos que são projetos que não conduzem uma melhor governabilidade de Sergipe.
A oposição, então, observa este critério?
Hoje, sabemos que o Estado vive uma situação extremamente debilitada em suas finanças. Parou no tempo. Não temos projetos estruturantes nenhum. Qual o projeto que temos para longo prazo ou médio que dê melhoria de vida para o povo e geração de renda? Estamos no momento de muita pobreza de planejamento. Esse é um problema que Sergipe enfrenta hoje e os próximos governantes vão sofrer porque não vão encontrar nada que possa ser conduzido de uma forma mais efetiva em longo prazo. Hoje, o que se fala em Sergipe é a obra da usina térmica que está sendo construída na Barra dos Coqueiros com uma energia que a maioria dos países não querem mais, que é a energia a gás. Vai vim um gás comprimido e pra esse gás voltar ao estado natural ela utiliza um volume grande de água do mar, só que a água a do mar é dessalinizada. E depois para onde vão os resíduos disso? Tem um impacto ambiental. Segundo o estudo, o que se reduz de gás carbônico numa usina a gás é em torno de 25% do que geraria numa usina termina a óleo diesel. Ela vai trazer grandes problemas para o futuro. Eu não sei se foi Sergipe que escolheu essa usina ou se foi essa empresa que escolheu Sergipe. Hoje, o mundo todo está voltado para reação de energia solar e eólica e não energia térmica ultrapassada. Esse é o grande projeto que tem em Sergipe. Posicionamos-nos contrário ao investimento. Não vi até hoje nenhuma proposta compensatória a essa usina térmica para o que ela vai gerar de gás carbônico na atmosfera. Tivemos uma audiência pública na qual vários sergipanos estiveram presentes reclamando que não conseguem nem um emprego. A empresa assumiu com o governo que empregaria 85% da mão de obra local e não está fazendo isso. A empresa está trazendo mão de obra de fora. O Estado parou no tempo. Perdemos muito. A Petrobrás a cada dia produz menos em Sergipe. A economia sergipana fragilizada, tinha, há pouco tempo, o maior índice de desemprego do Nordeste, a segurança pública descontrolada de certa forma com os maiores índices de violência jamais vistos. As finanças do Estado sem controle. É um Estado que está numa situação muito difícil pela condição que vem tendo. Eu já disse que o Estado tem muitos técnicos, mas muitos nos locais errados. Não adianta colocar uma pessoa que não tenha a capacitação exigida em determinadas áreas do governo. Isso a gente vê muito e, como consequência, o Estado não evolui.
Os governistas até admitem equívocos, mas falam em crise e argumentam que, até o pleito de 2018, a casa vai estar arrumada. Há tempo, de fato em sua ótica?
Não há a menor possibilidade. O original agora vai ser sempre crescente. A questão das finanças, do pagamento do servidor público, por exemplo. Destruíram um fundo que era superavitário, que tinha perspectiva de pagar as aposentadorias futuras de quem estava nele. Já acabou o dinheiro que teve acesso. O restante será usado posteriormente por causa do prazo de aplicação, mas o que eles utilizaram já acabou e estão atrasando novamente. Eu não acredito em nenhuma ação quer venha melhorar a situação econômica do Estado. Recebeu valores expressivos da distribuição da repatriação e não foi feito nada. O deputado Georgeo Passos fez uma demonstração que, até o repasse que é compulsório aos municípios, o Estado estava retendo. Há uma desorganização, e não vejo nenhum movimento que seja favorável para a reconstrução do Estado no sentido se uma reestruturação.
Mas e as obras que o governo tem apresentado não contam positivamente para persuadir o eleitor?
Uma questão que tem se falado é do Proinveste. A concepção do Proinveste era muito boa. Era a realização de obras estruturantes que alavancam o desenvolvimento e a economia. Operação de crédito de financiamento para obra estruturante é importante porque cria mecanismo de desenvolvimento e conforto para cidadão. Mas as obras do Proinveste não foram feitas. Não conseguiram comprovar nem a primeira parcela. Muitas obras inacabadas, a Assembleia já aprovou um Projeto de Lei encaminhado pelo governo permitindo que possa remanejar essas obras. Tira a obra estruturante para colocar obras do governo que, muitas vezes, não são de interesse da sociedade. Eu não vejo como isso possa estar interferindo numa melhoria a curto e médio prazo, porque o Estado não tem mostrado essa eficiência.
O grupo governista já apresentou o nome do vice-governador Belivaldo Chagas como pré-candidato a governador. Na oposição, contudo, indefinição é a palavra. Isso pode prejudicar o projeto da oposição, já que estamos a menos de um ano de eleição?
Eu vejo que não. Acho que nas oposições, têm nomes com alta aceitação pelas pesquisas, como o do senador Antônio Carlos Valadares. Ele é um político experiente, um homem que, ao longo de sua carreira política, sempre honrou o povo sergipano e brasileiro e é uma referência política, que o povo busca no momento de hoje. Tem também um nome bastante importante: o senador Eduardo Amorim e se fala também no líder do Governo Federal, o deputado André Moura. Eu acredito que, no início de 2018, essas forças políticas vão se unir e vão encontrar o nome de consenso que irá disputar com o candidato ao governo. Na oposição tem mais nomes para candidatura majoritária do que na situação. O único que foi apresentado na situação é o do vice-governador Belivaldo Chagas. A oposição tem uma grande chance de reconquistar o Governo do Estado, mas essa decisão do candidato só se dará no próximo ano.
Nos últimos pleitos, o “marketing de desconstrução” utilizado pelos governistas funcionou bem. Aquele que o senador Valadares chama de “marketing do mal”. A oposição está vacinada para uma nova eleição, já que governistas podem se valer da mesma tática?
De fato, tanto na eleição para prefeito de Aracaju quanto na campanha de governador, em 2014, esse marketing foi utilizado. A oposição está preparada para enfrentar o marketing que possa vim dessa forma. É muito triste o que aconteceu na última eleição. Foram muitas inverdades que foram se multiplicando através desse marketing, mas eles acabaram obtendo o resultado desejado. Da minha parte, eu jamais farei uma campanha destruindo a imagem de ninguém. Eu procuro levar as minhas propostas e as pessoas que me acompanham sabem que eu jamais irei fazer campanha de agredindo ninguém. O marketing governista foi extremamente mal colocado do ponto de vista ético. Já do ponto de vista eleitoral, surtiu os efeitos que desejavam.
Ainda que o preço para ganhar a eleição seja este, a oposição não deve ir por esse caminho?
Eu não sou favorável. Eu acho que a oposição tem que mostrar ao eleitor qual a transformação que pode fazer no Estado. Logicamente que se o outro lado se utilizar mecanismos que não sejam republicanos tem que se avaliar o que se fazer. A Justiça tem um papel importante – e tem que ser célere para não permitir que isso aconteça. Não se pode transformar a eleição nessa “demonstração de delicadeza”, de falta de ética. A Justiça tem que ser mais firme e não pode permitir essas situações.
O senhor disse que a oposição tem três nomes fortes, mas dos três só um se colocou como pré- candidato a governador até agora. O senhor sente que Valadares toparia encabeçar uma chapa?
Em todos os locais que eu vou, com a presença do senador ou não, o que vejo sempre são pessoas expressando, voluntariamente, o desejo de ver Valadares pré-candidato ao governo. Logicamente, por eu ser próximo do senador, eu ouço muito falarem do seu nome, assim como outros devem ouvir os nomes de Eduardo Amorim e André Moura. As pesquisas mostram que o senador Valadares tem uma aceitação muito grande para o governo. Eu acredito que o senador Valadares não se furtaria a concorrer ao governo, e tenho certeza que, em o senador sendo convidado pela classe política, havendo entendimento, ele seria o melhor nome para ganhar as eleições. Eu tenho certeza que o senador é um homem combativo e aceitaria.
Se não houver um entendimento neste sentido dentro do grupo, mesmo com as pesquisas colocando Valadares como favorito, o senhor acredita que ele forma uma terceira via e disputa o governo?
Eu não conversei com senador sobre essa questão. Eu vejo que devemos buscar o entendimento dentro do grupo e que esse candidato que saia do agrupamento seja de consenso para que a gente esteja buscando o apoio do eleitor e sucesso das eleições.
A decisão deve estar atrelada aos resultados das pesquisas?
Eu acho que sim. A melhor forma de se definir seria fazendo os entendimentos políticos e se buscar com pesquisas qualitativas quem tem a maior chance de vencer as eleições. Esse seria o processo mais inteligente para escolher quem vai representar o grupo como cabeça na chapa majoritária. Mas a gente sabe que na política nem sempre as coisas acontecem dessa forma. Eu acredito muito nesse entendimento e no discernimento dos líderes políticos que vão sentar à mesa, no próximo ano, e decidir a formação da chapa majoritária para concorrer às eleições de 2018.
O que a população mais cobrará dos candidatos a governador, nas próximas eleições?
Um governo eficiente. Um governante presente e que apresente à sociedade soluções para os graves problemas que hoje a sociedade enfrenta na segurança pública, educação, saúde e, fundamentalmente, a criação de empregos para melhoria das condições de vida do povo. Um candidato a governador tem que gerar emprego para o povo. A saúde, segurança pública e educação são três pilares fundamentais para que o Estado volte a ter conforto e um gestor que trabalhe para desenvolver a infraestrutura do Estado e gerar oportunidade para o povo. Um Estado que não gera oportunidade para o jovem que está desempregado (às vezes ele e o pai estão desempregados), um Estado que não gera sobrevivência, acaba por gerar insegurança. Muitas pessoas acabam sendo cooptadas pelo mal, pelas gangues, quadrilhas. Isso é um fato bastante negativo.
O senhor, que tem uma história bancária, usou a tribuna da Assembleia Legislativa, outro dia, mostrando preocupação com o risco de privatização da Caixa Econômica Federal. A Caixa ainda corre este risco?
Existe esse risco privatização ainda. A Caixa, infelizmente, entrou nesses problemas da Petrobrás, Eletrobrás e outros segmentos. A Caixa, hoje, representa muito para a sociedade. A Caixa é o banco que faz a inclusão social, que trás cidadania para as pessoas, que chega a todos os municípios e leva sua contribuição ao povo brasileiro. O Banco tem mais de 70% do financiamento habitacional, é o banco que fomenta o micro-empresário, o médio. É um banco que tem uma atividade fundamental num país como o nosso. Eu não sou contrário à iniciativa privada, mas um país como o nosso não pode entregar um banco como a Caixa a iniciativa privada porque ela vai atuar nos municípios onde tem representatividade. Veja no pequeno município sergipano se o Itaú está lá? Se o Citybank vai, o Bradesco? Bota um caixa eletrônico quando muito porque não tem rentabilidade. A Caixa tem responsabilidade social. O lucro dela, por ser uma empresa pública, é revertido para a sociedade. Não vai para mão de acionista. Um centro grande como Aracaju mantém uma unidade em Canindé, em Carmópolis, em Boquim, que não apresentam uma lucratividade boa. No todo, a Caixa apresenta lucro. Já havia um projeto que já ia para o conselho curador da Caixa transformando para Caixa S.A. Não foi porque há entendimentos divergentes. O jurídico da Caixa acha que para transformar a Caixa em S.A. precisa da aprovação do Congresso Nacional e a Procuradoria da Fazenda tem o entendimento que não precisa. Basta o conselho de administração aprovar. Não podemos permitir que um Estado que tanta desigualdade, com instrumentos que venham desenvolver essas regiões sejam extintos ou incorporados a outras instituições que não farão. Pelo mesmo motivo, fomos contrário à privatização da Deso. A Deso para Aracaju é rentável, mas em Cumbe não é, em Telha não é. A iniciativa privada não porque dá prejuízo. Por isso nos posicionamentos contrário. Sei da responsabilidade da Caixa e sei da importância que tem para a sociedade. Por isso não me posicionei favorável ao projeto de privatização.