Por Joedson Telles
Pelo menos uma informação ficou óbvia ao estremo no encontro do PSB: o partido não morre de amor pela pré-candidatura do governador Jackson Barreto (PMDB). Aliás, o projeto reeleição JB está longe de ser uma prioridade dos que fazem o PSB neste instante. Nas falas, tanto do senador Antônio Carlos Valadares quanto do deputado federal Valadares Filho, está cristalino: o foco é a pré-candidatura a presidente da República do maior nome do partido nacionalmente, o governador de Pernambuco Eduardo Campos, temperada pelo fortalecimento do partido.
Evidente que tem sentido quando Valadares argumenta que o PSB deveria permanecer na majoritária pela sua história. Como já disse neste espaço, Valadares quer deixar o grupo pela porta da frente. Não quer carregar a fama de que, após a morte de Déda, abandonou o grupo. Mas, a cada dia, fica mais nítido que o PSB não quer mais permanecer no bloco de JB. Não apenas porque com a pré-candidatura da petista Dilma Rousseff, aliada de JB, em Valadares ficando no grupo, Eduardo Campos estaria sem palanque em Sergipe, mas também por deixar transparecer não acreditar que João Alves fará aliança com Jackson Barreto.
E mais: ao manter conversas com João Alves, e ainda estar aberto ao diálogo com qualquer agrupamento político, Valadares demonstra ter sérias dúvidas sobre o êxito do projeto Jackson Barreto 2014. Do contrário, será que um político experiente como Valadares colocaria cargos à disposição e ventilaria estar aberto ao diálogo, inclusive como os irmãos Amorim? Colocaria a chamada faca no pescoço falando em majoritária, sabendo das dificuldades de JB em atender o pleito?
Vou mais além: alguém em sã consciência tem algum instante de dúvida que, na hipótese de o prefeito de Aracaju, João Alves Filho (DEM), chamar o senador Valadares e disser que é pré-candidato a governador e quer o PSB na chapa, ele, Valadares, fecha o acordo na hora, e sai de lá com a alegria de quem marca o gol da vitória de sua seleção na final de uma Copa do Mundo? Valadares toparia ser candidato com João Alves indicando alguém para a chapa, imagine ter Valadares Filho como pré-candidato a vice de João?
Do mesmo modo, o governador Jackson Barreto também está vendo o seu lado. E não deixa de ter razão quando tenta um acordo com o mesmo João Alves. JB sabe que dificilmente esta não será a sua última chance de se eleger governador – e já demonstrou estar disposto a tudo para não perder a guerra. Acredito que não morre de amor pelo PT de Sergipe, mas quer estar bem na fita com a presidente e pré-candidata Dilma Rousseff. Não fosse isso, JB, possivelmente, faria opção por Valadares na hora. Pesaria a densidade eleitoral, e o PT dançava. O episódio da Caixa Econômica seria a oportunidade “sonhada”. Alguma dúvida?