Por Joedson Telles
Ao ventilar o que todos os sergipanos, minimamente informados, já suspeitavam, mas nenhum teve a coragem de dizer publicamente (João Alves adoeceu no exercício do mandato e foi usado), o ex-deputado federal Mendonça Prado dá uma luz ao MP e ao TCE: promover um pente fino nos contratos firmados entre a Prefeitura de Aracaju e empresas privadas. Não surpreenderia que, assim como desmascarou funcionários fantasma, o MP revelasse também serviços e empresas fantasmas.
Não sou açodado ao ponto de afirmar aqui que, aproveitando-se da doença de João Alves, ladrões e ladras entraram em cena. Como sempre digo, todos são inocentes até que se prove o contrário.
Todavia, como estamos falando do suado e escasso, nos últimos tempos, dinheiro público, e a Operação Caça Fantasma dá uma dica do que pode ser encontrado, investigar contratos e empresas soa obrigação de quem zela pelo dinheiro público. Até porque investigado não é condenado.
Não esqueçamos: João Alves, ao perder a saúde, perdeu o comando e aí já viu…
Hoje, ficou evidente: João não defecava enquanto sua turma roubava, como foi denunciado e repetido várias vezes: João estava e está doente. Já parou para pensar que ele poderia não ter – e provavelmente não tinha – discernimento sobre as coisas, ficando vulnerável a qualquer ação nefasta? É difícil, juntando as pedras do quebra cabeça, imaginar que João pode, de fato, ter sido traído? Se houve os tais roubos (e só investigando se sabe), João Alves pode sequer ter sonhado com isso.
Aliás, com a doença de João Alves, agora, pública, não surpreenderia se a casa caísse de vez e covardes se combinassem para unificar discursos e jogar a conta no colo de quem sequer pode se defender neste momento. É bom MP, TCE e Polícia Civil não fecharem os olhos.
A indagação feita por Mendonça Prado não permite o cochilo: onde estão os que sempre se beneficiaram de João, os que se aproveitaram dele?
Outro dia, escutei o cantor Caetano Veloso soprar que “vários romances se passam em apenas uma frase”. Lembrei do consagrado baiano, ao escutar Mendonça disparar polêmicas indagações.
Imagine, internauta, quais os detalhes a encher as páginas de tais livros sobre o que levanta Mendonça? Como se beneficiaram de João Alves na Prefeitura de Aracaju? Como se aproveitaram dele?