Por Joedson Telles
A bola levantada pelo deputado estadual Gilmar Carvalho, na última quarta-feira 13, na Assembleia Legislativa, precisa ser chutada pelo Ministério Público Federal para ver se tem mesmo o endereço do gol. O deputado, ao criticar a atitude de Jackson Barreto, que vetou emendas da oposição ao polêmico Projeto de Lei do Proredes, disse com todas as letras que há cheiro de campanha eleitoral. Mastigado: o discurso de melhorar a saúde, doce como mel em bocas governistas, na verdade, seria uma imoral máscara? A ideia, na verdade, seria tirar proveito do empréstimo de US$ 100 milhões numa eleição cujo boss do Executivo já se colocou como pré-candidato a suceder a si mesmo? Numa frase: uso da máquina governista na campanha?
Evidente que todos são inocentes até que se prove o contrário. Todavia, gravíssimo se a denúncia for comprovada. Lógico que pode ser uma tática da oposição para desgastar o Governo do Estado, e, por tabela, o próprio Jackson. Não deveria ser, mas é assim que o jogo funciona. Ainda mais num processo no qual a Assembleia Legislativa foi pressionada na Justiça para votar a matéria. Entretanto, e se não for apenas falácia dos que não oram no altar governista? Se o deputado Gilmar Carvalho estiver ajuizando à luz de provas irrefutáveis? Aliás, o líder da oposição, Venâncio Fonseca, também colocou o governo em xeque, ao indagar por que tanta agonia do governo para aprovar um empréstimo num ano eleitoral, e ver o ‘din din’ numa conta única do Banese, para gastar quanto quiser e como quiser. Dito de outra forma: ambos os juízos dos deputados levam ao mesmo caminho: suposto uso da máquina na campanha.
Até para, se for o caso, não permitir que a injustiça bata à porta do governador Jackson Barreto, é ululante a necessidade de o MPF entrar em campo, acossar a verdade e torná-la pública. Apontar onde está a insensatez. O eleitor não pode ir às urnas com o pé atrás. Estamos falando de pessoas que estarão envolvidas diretamente nas próximas eleições. Se os deputados tiverem razão? Se a verba do BID, contrariando o próprio MPF, desembarcar nos cofres governistas, e confirmar o cheiro de campanha eleitoral? Como ficará o MPF, levando-se em conta que a pedra fora cantada com soberana antecedência?
É preciso ter em mente que não se está falando de torcedores de times de futebol rivais que, nas arquibancadas ou em mesa de bar, levantam histórias sem a necessidade de serem apuradas pelas consequências pífias que provocam na sociedade. O foco envolve declarações de autoridades. Membros do Poder Legislativo – constitucionalmente fiscalizador – se levantam contra o Poder Executivo. A denúncia envolve representantes da sociedade sergipana legitimados nas urnas. É preciso jogar luz sobre os fatos.
Note-se a responsabilidade que está a pesar nos ombros do MPF neste instante. Como sempre age velando a ética e a moralidade, sobretudo com o dinheiro público, o MPF precisa prestar mais este serviço à sociedade. Gilmar e Venâncio pecaram, ao insinuar o que, em se comprovando, seria um escândalo para derrubar o atual governo, evidente num estado sério, ou prestaram um relevante serviço a Sergipe dando a ferramenta necessária para que o mapa seja rasgado antes de o tesouro obsceno ser encontrado e usado de forma repudiável por ser torpe em si?