Por Joedson Telles
Leio no G1 Nacional que o governo Jair Bolsonaro considera não ser um bom momento para a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pode assegurar autonomia à Polícia Federal. Bolas! E poderia ser diferente? Jamais. É política. Nem hoje, nem amanhã e nem nunca. Nem que vaca, gato, cachorro… tussam será “um bom momento” para um órgão composto por técnicos sérios e preparados ter a chamada “carta branca” para investigar de forma crua e imparcial qualquer um que, supostamente, possa transitar à margem da lei. Num país onde o presidente banca mais um desgaste público por jogar em rosto do ministro da Justiça que é ele quem manda na PF, a piada soa ainda mais cômica.
E antes que a turma doente que respira dividir o Brasil se arvore em defender ou criticar o presidente Jair Bolsonaro, registro que a questão não é partidária, mas política. Bolsonaro não inventou a roda. Pode acabar, se quiser, mas não a criou. Antes dele, vários presidentes tiveram a chance de fortalecer a PF, dando-lhe a autonomia vista na PEC, mas optou por não “atirar no próprio pé”.
Como assim? Por mais idôneo, probo e bem intencionado que seja um presidente da República, seja ele quem for, e qualquer pessoa é séria até que se prove o contrário, sempre haverá um aliado, no mínimo, suspeito de andar na linha de tiro. Quando não um parente próximo apelando para atos nada republicanos. E, evidente, uma Polícia Federal totalmente independente poderia trazer sérios problemas para o presidente de plantão. Repito: seja ele quem for.
Seria desnecessário desperdiçar o tempo precioso do internauta argumentando, neste instante, a favor da importância de uma PF autônoma para ajudar na construção do Brasil sonhado pelos lúcidos. Joga-se tempo no lixo, quando se discute algo que não interessa a quem pode fazer dar certo. Não é matemática, mas é tão preciso quanto…
O desengavetamento da PEC, depois de anos, no entanto, serve como mais um elemento a reforçar a razoabilidade que repousa na ideia que o presidente Jair Bolsonaro é igualzinho ao ex-presidente Lula, que, por sua vez, é semelhante ao ex-ocupante do Palácio do Planalto, Michel Temer, que não difere da ex-presidenta Dilma, quando algo é bom para o coletivo, mas contraria os seus próprios interesses. Descartar é o verbo. À luz deste juízo, são todos gêmeos siameses. Vacinados e dados à cultura de assegurar logo o prato de pirão, temendo a pouca farinha.