O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Sergipe, João Alexandre Fernandes, rechaçou as declarações do presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil de Sergipe, o delegado Paulo Márcio, que, há duas semanas, denunciou aqui no Universo um desgaste existente, hoje, na relação delegados x agentes de polícia. “Na Polícia Civil de Sergipe, a situação tornou-se insustentável. Há inúmeros relatos de insubordinação e desrespeito denunciados pelos delegados, seja na capital ou no interior”, afirmou o delegado, salientado que a antiga cúpula da Secretaria de Segurança Pública foi omissa diante da grita dos delegados.
“Apenas para aclarar o assunto, a categoria policial civil é uma só, pelo menos até que a Constituição Federal do Brasil passe a tratar de maneira diferente. Neste sentido, integram a categoria policial civil em Sergipe os atuais ocupantes dos cargos de “policial civil agente”, “policial civil delegado” e “policial civil escrivão”. Ou seja, uma única categoria composta por mais de um cargo, onde o sucesso do trabalho desenvolvido em prol do cidadão (investigações criminais e prisão dos responsáveis), necessariamente, perpassa pelo envolvimento, comprometimento e bom desempenho de todos esses atores da segurança pública, em equipe”, pontuou João Alexandre Fernandes.
O presidente do Sinpol se diz espantado com a entrevista do delegado Paulo Márcio. Segundo ele, as palavras emergem no momento em que o Sinpol/SE procura estabelecer uma maior união da categoria em apoio ao novo secretário da Segurança, Mendonça Prado. “Ora! Com o devido respeito, se tal atitude não traduz ‘oposição política interna’ pelo cargo de chefia na Corregedoria, no mínimo, traduz-se num contra senso do senhor Paulo Márcio, pois a Corregedoria é chefiada por ocupante do cargo de delegado e não por ocupante de outros cargos da base, agentes ou escrivães”, diz.
Ainda segundo o presidente do Sinpol, o delegado Paulo Márcio não tem como base dados técnicos e científicos apurados em Sergipe, especialmente quando atribuiu o aumento da criminalidade à falta de respeito. À hierarquia pura e simples. “Dando margem ao leitor mais distraído acreditar que policiais civis agentes e escrivães contribuem para o aumento da criminalidade. Preferimos crer que se baseou apenas em dados empíricos adquiridos quando de sua permanência à frente da Superintendência da Polícia Civil”, disse João Fernandes. “Tamanha insensatez proferida por um representante de associação – e não sindicato – ao misturar alhos com bugalhos para falar sobre assuntos diferentes.”
“Tipo causa da criminalidade, pontualidade e assiduidade no local de trabalho, enseja perguntar o seguinte: em qual delegacia está lotado aquele servidor policial civil delegado? Faço a indagação porque excelentes policiais civis delegados suportam carga de trabalho contando com baixo efetivo da classe a que pertencem e, no mesmo sentido, não existe previsão na Constituição Estadual de Sergipe que permita disponibilidade de servidores para permanecerem à disposição de associação em detrimento de um serviço público de qualidade. Isto apenas é previsto para dirigentes sindicais (Art. 278 da Constituição Estadual de Sergipe)”.
Na visão do Sinpol, a maioria dos policiais civis agentes, delegados e escrivães, são profissionais abnegados e responsáveis. “Tenho certeza que outros tantos delegados não compactuam com a opinião da Adepol e jamais se permitiriam distorcer, inconsequentemente, as verdadeiras causas do aumento da criminalidade em Sergipe, no Brasil e no mundo, que nada tem a ver com suposto desrespeito à hierarquia na prática cotidiana da atividade investigativa e civil. Vale dizer, mesmo com extremo rigor hierárquico militar e não civil como em nosso caso, se a causa da criminalidade fosse combatida pelo respeito à hierarquia pura e simples, teríamos hoje a Venezuela como um belo exemplo de potência mundial na redução da violência urbana e na diminuição das desigualdades sociais”, acredita.