Conscientizar as pessoas sobre a importância da doação de órgãos e tecidos contribui para salvar vidas e melhorar a saúde de muitas pessoas. Para isso, a campanha “Setembro Verde”, alusiva ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro, incentiva o debate sobre a doação e o transplante de órgãos. Dentro dessa perspectiva, a Prefeitura de Aracaju dispõe, atualmente, de duas unidades hospitalares aptas a fazer o procedimento de captação de córneas: os Hospitais Municipais Nestor Piva e Fernando Franco.
Para que a doação seja feita, é preciso seguir uma série de procedimentos. De acordo com a gestora hospitalar do Hospital Municipal Doutor Nestor Piva, Jória Dias, o doador tem que ter até 60 anos de idade, não pode ter tido doenças crônicas e nem ter sido paciente paliativo. Ela explica que o hospital trabalha em parceria com o Banco de Olhos de Sergipe, que tem intensificado a realização de palestras dentro da própria unidade para os pacientes que estão aguardando atendimento médico, de modo a conscientizá-los sobre a importância da doação de órgãos e tecidos.
A captação das córneas é feita pela equipe do Banco de Olhos, até seis horas após a declaração de óbito do paciente. “Quando o paciente falece, a gente comunica à equipe do Banco de Olhos, que vem até a unidade. É feito todo um trabalho de humanização. Junto com os profissionais de assistência social do Nestor Piva, o Banco de Olhos faz a abordagem familiar, com acolhimento, explicações e uma conversa com a família, na qual pergunta se aceita fazer a doação, pois existem pessoas na fila precisando desse tecido. A família concordando, é feita a retirada da córnea, ainda na unidade, e o procedimento estético para liberar o corpo e seguir para velório”, explica.
As córneas captadas são levadas para o Banco de Olhos, localizado no Hospital de Urgências de Sergipe. Jória Dias ressalta que, para cada doador de córneas, duas outras pessoas têm a sua visão reabilitada. E que, diferentemente dos órgãos, que entram em uma fila de doação nacional, as córneas extraídas em Sergipe vão para pacientes do próprio estado que se encontram na fila de espera. As córneas, por se tratarem de tecido, também não dependem de compatibilidade, qualquer paciente pode receber.
“A doação de córneas, além de ajudar na saúde de quem precisa, é um ato de amor, um ato cristão, de solidariedade. A morte é muito dolorosa, e a gente, de uma certa forma, mantém viva a lembrança daquela pessoa, pois alguém passa a enxergar pelos olhos dela. Isso é um ato muito lindo. A gente que trabalha com saúde vê muito isso”, conta a gerente hospitalar do Nestor Piva.
Captação e doação
Segundo a enfermeira responsável pelo Banco de Olhos de Sergipe, Andrea Karla Lemos de Souza, o estado possui cerca de 323 pessoas na fila esperando por uma córnea, sendo o tempo médio de espera de dois anos. Ela explica que o Banco de Olhos de Sergipe possui uma equipe formada por médicos, biomédicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, capacitada para fazer a entrevista, análise do prontuário e captação das córneas dos pacientes cujas famílias autorizaram.
A captação é feita no próprio local do óbito, e depois os glóbulos oculares são enviados para o laboratório do Banco de Olhos, onde médicos fazem a análise e a separação das córneas, que são preservadas. “A partir daí, enviamos o prontuário das córneas para a Central Estadual de Transplantes, onde é feito o ranking para a aceitação das córneas”, detalha a enfermeira, ao ressaltar a necessidade de ampliar a conscientização sobre a importância da doação.
“O Setembro Verde é uma campanha alusiva à doação de órgãos e tecidos. Mas essa divulgação precisa ser feita diuturnamente, mês a mês, em todos os hospitais, com todos os profissionais, nas igrejas, em todos os locais em que possamos tirar dúvidas, levar conhecimento acerca da doação. Ainda é um assunto que as pessoas evitam falar, porém é de suma importância. Por falta de conhecimento, geralmente as famílias negam a doação. Então é muito importante deixarmos bem claro para nossos familiares que somos doadores, pois eles é que irão autorizar a doação”, destaca.