A Central de Transplantes de Sergipe é uma unidade da Secretaria de Estado da Saúde (SES) que funciona de forma conjunta com a Organização de Procura de Órgãos (OPO), ambas localizadas no Hospital de Urgências de Sergipe (Huse). O serviço é ligado à Central Nacional de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos para agilizar o procedimento e evitar a perda de órgãos.
Somente este ano, já foram realizados em Sergipe 87 transplantes de córnea. A fila que chegou a ter 400 pacientes, hoje tem 79. Esses transplantes são feitos em unidades habilitadas pelo Ministério da Saúde em Sergipe. Os demais tipos de transplantes são feitos fora do Estado através do Tratamento Fora do Domicílio (TFD). Aliado a isso, é realizado um trabalho permanente de sensibilização das famílias no sentido de autorizar a doação. Em 2013 e 2014, foi enviado um total de 27 órgãos para outros Estados, sendo que só em 2014 já foram 18.
“Como no momento estamos realizando somente transplante de córneas, os demais órgãos doados aqui são captados e encaminhados através de equipes especializadas para outros estados para serem transplantados, mediante fila de espera nacional e que contempla também os sergipanos. Entre os órgãos doados este ano, em Sergipe, estão: 02 corações, 05 fígados, 10 rins e 01 pâncreas”, afirma Benito Fernandez, coordenador da Central de Transplantes de Sergipe.
“À exceção de Fortaleza, São Paulo, Florianópolis e Porto Alegre, que realizam todos os transplantes, há sempre um local de referência para algum tipo de procedimento. O transplante de fígado, por exemplo, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, é realizado em 22 cidades brasileiras: Belo Horizonte, Blumenau, Botucatu, Brasília, Campina Grande do Sul, Campinas, Cariacica, Caxias do Sul, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Itaperuna, João Pessoa, Joinville, Montes Claros, Natal, Passo Fundo, Porto Alegre, Recife, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro e Salvador. Ou seja, qualquer pessoa que necessitar de transplante de fígado no país vai realizar nesses locais”, esclarece o coordenador.
Para o coordenador, ainda é preciso conscientizar as famílias de potenciais doadores e também profissionais da saúde, para que notifiquem sobre o surgimento de um doador. “O profissional de saúde é quem inicia todo o processo que torna a doação possível através do diagnóstico de morte encefálica. Cabe à família autorizar a doação, que pode salvar a vida de outras pessoas. Quando temos um órgão disponível para captação, entramos em contato com a Central Nacional de Transplantes, que envia uma equipe até o Estado para realizar essa captação. Porém, ainda há um medo muito grande das pessoas e, por isso, é preciso incentivar que as famílias autorizem essa doação”, apontou.
A Central de Transplantes desenvolve diversos projetos educativos a respeito da doação de órgãos. Para obter esclarecimentos, o contato pode ser feito pelos telefones 0800 284 3216 e (79) 3259-3491.
Capacitação
Enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistentes sociais, psicólogos, médicos, entre outros profissionais que atuam nas Comissões Intra-Hospitalares para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) de hospitais públicos e privados de Sergipe, participaram no último mês de agosto de uma capacitação sobre “Entrevista e acolhimento das famílias após a confirmação da morte encefálica do paciente”. A iniciativa foi coordenada pelo Ministério da Saúde, através do Hospital Sírio Libanês.
O objetivo do treinamento foi orientar os profissionais a fim de aumentar a captação de órgãos a partir da autorização da família, fazendo com que o paciente com morte encefálica se torne um doador.
“Em Sergipe, a negativa das famílias para retirada dos órgãos dos pacientes com morte encefálica chega a 85%. Com os profissionais das Comissões atuando com mais segurança e eficiência é possível diminuir essa negativa da família e aumentar o número de doações”, disse Benito Fernandez.
“O acolhimento dos pacientes e das famílias começa na hora em que o paciente entra no hospital, independente se ele é ou não um potencial doador. Assim que é diagnosticada a morte encefálica, os profissionais das Comissões Intra-Hospitalares para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante entram em ação, criando uma relação de ajuda e fazendo a escuta ativa da família. É necessário que eles se envolvam com o luto dos familiares para apoiá-los nesse momento difícil”, reforçou o coordenador.
TFD
Sempre que um transplante necessita ser realizado fora do estado, é a Central de Regulação de Tratamento Fora do Domicílio (TFD) que articula e viabiliza o procedimento, inclusive, com a inscrição dos pacientes na Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC) e, após a confirmação do agendamento das consultas, exames ou procedimentos solicitados, envia pacientes para o serviço que teve a capacidade de atender às solicitações.
Sobre transplantes realizados fora de Sergipe, a Diretoria de Gestão de Sistemas informa que a parte ambulatorial, responsável por realizar os exames pré e pós-transplantes e o acompanhamento pré-transplante, é de responsabilidade dos municípios. “Já o acompanhamento do pós-transplante deve ser feito no centro transplantador, mas como este não é disponibilizado, o Estado, com recursos próprios, contratou um médico para atender aos transplantados na Central de Transplantes. Já os que são transplantados fora do Estado, fazem o acompanhamento pelo TFD”, afirma Hélio Farias, diretor de Gestão de Sistemas da SES.
Em 2013, a Central de Regulação de TFD da SES investiu mais de R$ 8 milhões no encaminhamento de pacientes a outros Estados, para a realização de algum tipo de procedimento, incluindo transplante de órgãos. Desse valor mais de 50% foi custeado com recursos próprios do Governo do Estado. Este ano, até o mês de agosto, já foram investidos mais de R$ 6 milhões. Somente nos oito primeiros meses deste ano, apenas para procedimentos relacionados a transplantes, 459 usuários sergipanos já foram beneficiados pelo serviço.
“O TFD é considerado um alto nível de assistência prestada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Depois que o usuário passa pelos serviços ofertados pelo município de origem, pela região onde mora e pelo pólo estadual e não pode ter o problema resolvido, ele será encaminhado para algum serviço no país para que possa fazer o tratamento de saúde, seja transplante ou não”, destaca Hélio Farias.
O TFD está estruturado em quatro eixos: médicos peritos, assistentes sociais, serviço de emissão de passagens e ajuda de custo. O setor administrativo dá suporte para o pleno funcionamento e está localizado na avenida Tancredo Neves, s/n, bairro Capucho, no Complexo de Saúde, onde está o Case, que fica próximo ao Centro de Hemoterapia de Sergipe (Hemose), do Hospital de Urgências de Sergipe (HUSE) e da rodoviária nova, o que facilita o acesso dos usuários do serviço que vêm do interior”. O telefone do TFD é (79) 3234-9735.
Semana do Doador
Desde o dia 22 de setembro, última segunda-feira, a Central de Transplantes de Sergipe vem realizando uma série de atividades para marcar o Dia Nacional do Doador de Órgãos que é celebrado, amanhã, 27 de setembro, quando às 8 horas, a equipe da Central de Transplantes e os familiares de doadores vão inaugurar o “Cantinho do Doador”, um espaço no Parque da Sementeira para lembrar a importância do ato de doar e homenagear todos os doadores do Estado.
O lugar escolhido para ser o “Cantinho do Doador” fica próximo ao lago do Parque Augusto Franco. Nesse local, familiares e profissionais da equipe da Central de Transplantes vão plantar mudas de árvores. Em seguida, será afixada uma placa com o nome do primeiro doador de órgão de Sergipe. “Posteriormente, todos os doadores serão homenageados com identificação no local”, pontou Benito Fernandez.
Várias outras atividades marcaram a semana. Uma missa foi realizada na Paróquia Santa Lúcia, em Aracaju, em alusão à Semana do Doador. As ações integraram as palestras “Desmistificando a morte encefálica” e “Zerando a fila de córnea em Sergipe” para acadêmicos dos cursos de Medicina e de Enfermagem e profissionais de Saúde, no sentido de sensibilizar para a importância da doação.
Enviado pela assessoria