Por Joedson Telles
Recentemente, fiz um comentário no Facebook sobre os desdobramentos do crime bárbaro praticado por um cidadão drogado, que matou sua ex-esposa e os dois filhos pequenos dela, no conjunto Marcos Freire, em Nossa Senhora do Socorro. Nomes e detalhes do caso opto por dispensar, por serem de amplo conhecimento.
O fato é que, após sua merecida prisão, não faltou quem “se igualasse” sem sentir, ao achar pouco a cassação da liberdade e o sofrimento físico inevitável nestes casos e passasse a abusar do sensacionalismo. Vale lembrar que se ventilou, dias depois de prisão, que o cidadão baixou hospital de tanta porrada que levou.
Evidente que quando falo em “se igualar” não falo à luz do código penal, cometendo o crime e o pecado de transformar pessoas idôneas em criminosas. Longe disso, refiro-me ao ponto de vista espiritual.
Escrevi que pessoas do bem estavam se deixando levar pelas emoções, e esquecendo o ensinamento do mestre Jesus Cristo. E citei o caso da prostituta pega em adultério, que, pela lei da época, deveria ser morta a pedradas: “… e disse-lhes: aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela” (João 8:7).
Ou seja, chamava a atenção para o fato de todos nós cometermos erros. Jamais diria que o criminoso réu confesso deveria ser posto em liberdade. Pelo contrário: deve pagar na dureza da lei. Mas pessoas de bem não podem cometer o pecado de julgá-lo usando do sensacionalismo barato. O julgamento pertence a Deus.
Não tardou e um dos amigos do Face observou o que enxergou como incoerência da minha parte, já que tratei as pessoas como do bem, mas adverti com a palavra da Bíblia que fala que todos pecamos e, logo, não podemos atirar a primeira pedra…
Senti a necessidade de trazer o assunto para este espaço. Percebi que há confusão na cabeça deste amigo, na verdade, desta amiga, que, aliás, não tem culpa de achar que pelo fato de uma pessoa ser do bem não peca. Acho que há muita gente pensando o mesmo.
Desde já: santo só o Senhor. Até quando a Bíblia fala para sermos santos pelo fato de o nosso Pai ser santo o faz no sentido da separação das coisas bíblicas das mundanas. Do comportamento que leva ao testemunho positivo de as outras pessoas verem Deus em nossas ações. Mas pagar as nossas contas, não andar à margem da lei e outras coisas de praxe nas pessoas honestas, não garante santidade a ninguém. São apenas regras de uma sociedade para o bem comum.
Todos nós pecamos. Evidentemente, uns mais que outros. Há quem, inclusive, peque consciente. Sinta prazer em fazer o mal. Mas todos nós pecamos. E Deus sabe tanto disso, sempre teve tanta consciência do caráter pecaminoso de todos nós, das nossas fraquezas que decidiu que o galardão dos galardões – a salvação – não seria obtido por méritos próprios dos homens.
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas (Efésios 2:8-10).
Todavia, é preciso atenção às palavras. O diabo é nojento. Percebam que a Bíblia não diz saia por aí cuidando de obras más, descartando as boas, que mesmo assim, pela graça, a salvação estará garantida. Ao contrário: observa que praticar as boas obras é uma obrigação de todos. Mas, como Deus é misericordioso, e sabe que não conseguimos viver sem pecar, optou por salvar pela graça.
Evidente que os critérios e, sobretudo, quem será salvo é algo peculiar ao próprio Deus. Quem disser que sabe é um mentiroso. Deus dá a pista na Bíblia que conhece o coração do homem, cobra amor a Ele e ao próximo e partirá daí para o Seu julgamento sobre cada um de nós. Mas ninguém é Deus para saber precisar os detalhes. Melhor vigiar.
Deus no comando.