Por Joedson Telles
Aos desavisados – e em julgando pelas comemorações vistas pela TV e nas redes socais não são poucos –, o Brasil ganhou, ontem à noite, no Mineirão, de uma caótica Argentina porque vale bola na rede, mas continua sem jogar como o Brasil que o mundo outrora já respeitou nos gramados. A política CBF, um superado Tite, demonstrando está mais preocupado em sobreviver no cargo do que com a renovação imprescindível para chegarmos bem à próxima Copa do Mundo, e a falta de brilho em campo dão o tom do despojado futebol.
O Brasil precisa ser testado. Jogar contra adversários fortes para ratificar o óbvio: está longe de ser aquela seleção temida. Fez um caminhão de amistosos contra times insignificantes. Nesta Copa América, enfrentou as fracas Bolívia, Venezuela e Peru até pegar a Argentina em crise política, em renovação, desentrosada, mal convocada, bagunçada, apresentando falhas bisonhas, inclusive nos dois gols que sofreu do Brasil.
Aliás, é uma sacanagem jogar o melhor do mundo naquele bolo. Pior: ainda assim, os argentinos finalizaram 13 vezes – com direito a duas bolas batendo na trave – contra apenas quatro chutes no gol dados pelos brasileiros e, visivelmente, o árbitro deu uma mãozinha à camisa amarela. Cadê o VAR?
É nostálgico discernir que, em outros tempos, enfrentando uma Argentina forte, o Brasil ganhava jogando bola. Impondo-se. Convencendo… Hoje, preocupa enxergar que, ainda que ganhe a Copa América, no próximo domingo, pouca coisa foi construída visando à próxima Copa do Mundo. Temos, e a vitória sobre a Argentina, paradoxalmente, evidenciou, uma seleção mal convocada, mal treinada, sem criatividade no meio campo. Sem um jogador de área que lembre um Romáro, um Ronaldo…
A seleção de Tite pode até convencer o torcedor modinha, que veste o amarelo e paga caro por um ingresso para fazer um self no estádio. Aquele torcedor que não entende porque, por exemplo, Daniel Alves, mesmo sendo o melhor em campo, ontem, paradoxalmente, sequer deveria ser convocado, já que não terá idade para disputar a próxima Copa do Mundo – o que pesa, de fato.
A seleção de Tite contempla até político que só engana tolo. Jornalista sem independência para criticar absurdos. Mas preocupa aqueles torcedores apaixonados, que entendem, minimamente, de futebol. Os que acompanham, mesmo à distância, o trabalho de outras seleções, enxergam a disparidade e percebem que aqueles sete gols que a Alemanha enfiou no Brasil, ironicamente, no mesmo Mineirão, não serviram de lição.