Por Joedson Telles
Matuto com os intrínsecos botões sobre a frase do governador Belivaldo Chagas (reproduzo no terceiro parágrafo) e o que fez e pode fazer por Sergipe o secretário de Estado da Saúde José Almeida Lima, que assumiu a pasta, lembremos, num momento tão crítico que se falava até em intervenção. Evidente que não fui constituído advogado de Almeida. Todavia, a contramão no dia a dia do ofício é pista familiar deste espaço. Dou de ombros. Não gosto é de injustiça. Comercializar juízos de valor. Tampouco ludibriar o internauta. E rechaço de pronto a cantilena modinha da mídia genuína.
Assim como outras áreas, a saúde pública em Sergipe precisa melhorar? Óbvio. Mas Almeida trabalhou e quer trabalhar. A sua cabeça a prêmio é muito mais uma questão política – com p minúsculo, registre-se. Belivaldo precisa, evidente, enquadrar, não só Almeida, mas todos os seus auxiliares ao seu perfil. Isso não se discute. Porta a caneta e será cobrado pela população. Todavia precisa também estar vacinado para não cair na casca de banana atirada ao chão pela oposição como parte da estratégia política e, digamos, melhor posicionada pelo fogo “amigo” para a queda.
Lembremos a frase dita pelo governador, nesta sexta-feira 13, e postada aqui no Universo: “Aquele que eu perceber que não está dando resultado, vou chamar o feito à ordem, independente de qualquer ação política. Ninguém é dono do cargo. Eu não tenho é pressa. Só tenho pressa para fazer acontecer. Se o cara for bom fica. Se não cumprir com as determinações levanta voo”, avisou Belivaldo.
Evidente que Belivaldo está coberto de razão quando não abre mão de que seu secretariado cumpra suas determinações. Quem ocupa um cargo importante como chefe do Poder Executivo precisa ter comando. Saber mandar. Também está corretíssimo quando imprime seu estilo e não aceita dissidências. Mas ele mesmo disse que chamará o feito a ordem na condição de perceber que não há resultados. Não parece ser o caso de Almeida. Quem é minimamente informado sabe que existem problemas, mas muita coisa já foi feita na gestão Almeida.
Na fracassada tentativa de convencer o secretário a comentar o assunto, neste momento, ele prefere o silêncio prontamente respeitado, busco as fontes mais próximas possíveis. E o que pesco sobre a polêmica do Centro de Nefrologia?
Pra começar, na próxima terça-feira, dia 17, se tudo correr bem, abrirá suas portas aos pacientes. E o que fez Almeida Lima antes deste dia chegar? Pegou um depósito lá no Hospital de Urgência de Sergipe, limpou-o, fez adequações necessárias, aparelhou-o e está levando um serviço que funcionava numa área de 131 m² para um espaço de 687m², aumentando consideravelmente o número de leitos e máquinas. O custo? Pouco mais que R$ 200 mil. Quase quebra o Estado, suponho… Eis o pecado de Almeida.
A mesma fonte jura na cruz que Almeida, inclusive, fez a devida ressalva que, naquele momento, a obra não estava sendo inaugurada por completo.
E se não estava 100% pronta que diabo levou Almeida ao açodamento a virar inferno rapidinho? Boa pergunta. Mas tem que ser feita ao próprio Almeida, quando ele resolver abrir a boca.
Porém, é possível imaginar que ele pensou que iria deixar a pasta tão logo Jackson deixasse o governo e quis assinar a obra antes? Claro. Também é possível imaginar que quis ser grato ao governador que o nomeou secretário e que estava se despedindo? Sem dúvida. Estilo? Pressa? É possível imaginar várias situações, mas só Almeida pode assegurar o que de fato houve.
Agora, de concreto, os que já não gostam de Almeida de velhos carnavais, os que põem fogo no governo por interesse político, os que sonham em ocupar a pasta ou, no mínimo, ter um amigo comandando o que se transformou na “galinha dos ovos de ouro” de determinadas eleições se somam, neste momento, e pedem a cabeça de Almeida Lima com o auxílio luxuoso de setores da mídia. Cabe, contudo, somente a Belivaldo decidir. Se o governador for coerente com a própria fala já reproduzida neste texto, Almeida só deixará a saúde se quiser – pra frustração de alguns.