Por Joedson Telles
Leiam as palavras bíblicas que seguem. Depois entro em campo.
“E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão” (Mateus 7:2-5).
No gramado. O texto veio à mente, ao pescar, nesta segunda-feira 4, no programa Jornal da Ilha, ancorado pelo radialista Gilmar Carvalho, o ex-deputado federal Rogério Carvalho, presidente do PT, criticando a gestão João Alves Filho, na Prefeitura de Aracaju.
Evidente que nem o próprio João Alves deve estar satisfeito com sua gestão. Aliás, até aliado, como o vice-prefeito José Carlos Machado, demonstra certa impaciência porque a coisa não anda na velocidade que deveria. Entretanto, um político que criou as Fundações da Saúde Pública, que as urnas reprovaram, nas últimas eleições, e que foi ao programa dar satisfação sobre a perda dos seus direitos políticos, após ser condenado por improbidade administrativa se achar no direito de atirar pedras?
O problema de certos políticos é subestimar a inteligência alheia. Lógico que como cidadão Rogério tem direito à livre manifestação. Porém, não podemos sonegar que é preciso somar todos os erros da gestão João Alves aos das gestões Edvaldo Nogueira, Déda, Almeida Lima, Jackson Barreto e de outros ex-prefeitos de Aracaju para tentar chegar perto do estrago que a era Rogério Carvalho registrou na história da política de Sergipe com a “abençoada” Fundação da Saúde Pública.
O juízo de valor sobre a era Rogério Carvalho, note-se, não é exclusivo da oposição e de jornalistas sérios, que não vendem o pensamento. O Ministério Público Federal e ações do Ministério Público Estadual – sobretudo através da promotora Euza Missano – dão o veredito.
Por sua vez, o petista Rogério Carvalho opta por falar do seu trabalho na Saúde. Evidente que ele trabalhou. Sonegar isso seria cometer o mesmo pecado. Entretanto, é preciso ter em mente não apenas que trabalhar é uma obrigação de qualquer gestor pago com o suado imposto do contribuinte como também que as fundações tendem a ofuscar qualquer trabalho.
É útil à sociedade Rogério Carvalho fazer oposição a João Alves? Fiscalizar sua gestão? Apontar erros e cobrar soluções? Óbvio. O homem público não está imune à crítica. Mas seria útil também o ex-secretário de Saúde dar o exemplo. Ter pelo menos humildade e reconhecer o câncer FHS que promoveu.
Evidente que como um homem inteligente – um doutor como ele mesmo propaga – Rogério sabe disso. O problema é que neste joguinho conhecido como política é praxe o político, e não é apenas Rogério, faça-se justiça, apostar no embrutecimento da sociedade. Executar coisas reprováveis, e, posteriormente, usar a retórica como passaporte para as urnas, tranquilamente, à custa da ignorância alheia. Foi sempre assim, é assim e sempre será.