Por Joedson Telles
O deputado estadual Robson Viana comenta, nesta entrevista que concedeu ao Universo, o recente episódio que envolveu o nome da sua esposa, Mércia Viana, e não apenas o classifica como político, mas também acredita que o chamado “fogo amigo” fez parte do contexto. “Saíram várias nomeações e quando saiu a de Mércia ficou estampada. Temos que conviver com isso, infelizmente. Às vezes, não é nem o adversário, mas as pessoas que estão perto de você que fazem com que essas coisas aconteçam. A gente fica triste”, disse o parlamentar. “Eu acho que não foi a nomeação em si: foi pra me atingir. Isso já é do jogo político. Mas estou tranquilo porque Mércia trabalha e não foi nomeada sem trabalhar. Qualquer pessoa que for à Cultura a verá trabalhando. As pessoas acabam envolvendo a família na política”, diz, avaliando ainda o momento político e assegurando que Jackson se prejudica porque é “muito amizade. Muito coração”. A entrevista:
O deputado Robson Viana foi surpreendido com notícias que circularam em Sergipe envolvendo sua família, recentemente?
Eu imaginava que este tipo de coisa fosse acontecer mais próximo da eleição, mas foi muito rápido. Passou o carnaval e a gente já foi sendo bombardeado. Mas quem nomeou minha esposa, Mércia, foi o governador. Todo mundo conhece o trabalho dela na área cultural. Ela já estava nomeada e foi renomeada, foi lotada na Cultura. Foi uma decisão do governador tornar sem efeito a nomeação dela. Estou tranquilo. Acho que Mércia, nomeada ou não, contribui. Ela contribuiu muito para o São João de Sergipe, ano passado, lá na orla. Ela gosta disso.
Foi um episódio político, então?
Eu acho que não foi a nomeação em si: foi pra me atingir. Isso já é do jogo político. Estou tranquilo porque Mércia trabalha e não foi nomeada sem trabalhar. Qualquer pessoa que for à Cultura a verá trabalhando. As pessoas acabam envolvendo a família na política. Se o governador resolveu exonerar é uma prerrogativa dele e a gente tem que entender. Quem está na vida pública tem que passar por isso, infelizmente. Mércia não tem nada a ver com isso, vai continuar ajudando a cultura porque gosta disso e agora vai procurar outros caminhos. Ela tem outras atividades. Trabalha no Projeto Tamar. Ela tem o caminho dela e vida que segue.
A maior surpresa é saber que tem fogo amigo?
Isso é verdade. Saíram várias nomeações e quando saiu a de Mércia ficou estampada. Temos que conviver com isso, infelizmente. Às vezes, não é nem o adversário, mas as pessoas que estão perto de você que fazem com que essas coisas aconteçam. A gente fica triste.
Qual seria, hoje, a chapa majoritária ideal para disputar a eleição com chance de vitória?
Eu acho que nosso vice-governador, o pré-candidato Belivaldo Chagas, tem grandes chances. Sabemos que será uma eleição difícil para todos nós. É um momento difícil no país de desemprego, recessão, muita coisa envolvendo política e a gente vai ter que enfrentar isso na eleição. Sabemos da dificuldade do governo, mas o governo tem muita coisa para mostrar. Outros estados também estão passando por dificuldades, mas não tenha dúvida que tanto Jackson quanto Belivaldo têm se colocado à disposição e procurado caminhos, mas a dificuldade é grande. A economia não cresce, o repasse federal diminuiu também. Foram quatro anos muito difíceis para Jackson, mas tenho certeza que o governo tem o que mostrar de muita coisa que fez em obras, em relação à saúde e à educação. A gente tem tentado, mas, infelizmente, os recursos são poucos e a gente está tentando vendo a melhor forma de sair dessa situação difícil no governo. Belivaldo é um grande nome, um companheiro, e já mostrou isso quando foi vice de Marcelo Déda. Tem lealdade, já foi deputado estadual, tem um bom convívio tanto na oposição quanto já situação.
Quem larga com vantagem?
Cada um vai colocar sua chapa à disposição e o povo de Sergipe vai escolher qual o melhor para 2019. Tenho certeza absoluta que nosso grupo vai sair forte. Vai ser uma eleição difícil tanto pra gente quanto pra eles também. Até a oposição está com dificuldades de montar sua chapa. A melhor chapa pra gente é Belivaldo pré-candidato a governador, Jackson pré-candidato a senador e vamos ver a outra vaga de Senado, que está se resolvendo entre pastor Heleno e Rogério Carvalho, como também a questão do vice. Isso vai ser discutido lá na frente.
O senhor acredita que Jackson Barreto pode recuar da pré-candidatura ao Senado?
Ele tem confirmado nas entrevistas que está à disposição do agrupamento político. Vamos aguardar o relógio dele, mas tenho certeza que, no meio de março, já temos a resposta do governador, até para Belivaldo ter oportunidade para dar uma arrumada na casa porque já é outro governador, outro estilo de fazer política. Eu tenho certeza que Belivaldo com sua capacidade e criatividade vai saber trabalhar essa questão política do grupo.
Todos os secretários de Jackson precisam colocar seus cargos à disposição quando Belivaldo assumir o governo?
Eu acho que é importante. Belivaldo está chegando. Eu acho que cada secretário deve colocar à disposição por ser um cargo de confiança. Alguns vão se afastar mesmo porque serão candidatos. Outros que continuarão é importante que entreguem os cargos para Belivaldo mexer em quem tem que mexer. Eu concordo que cada um se coloque à disposição.
O senhor disse, lá atrás, que se o governador não tomasse cuidado poderia sair como o pior da história de Sergipe. Esse cuidado foi tomado?
No início do governo, eu disse isso. O governador devia dar um choque de gestão porque tinha muita gente que já tinha colocado seu legado. Tem muita gente que está no governo que precisa entender que a vida continua e a gente tem que mudar as pessoas. Às vezes, as pessoas pensam que é uma coisa vitalícia. Se já deu sua contribuição é importante que outros venham dar sua contribuição também. Muita gente não entendeu, achou que eu estava criticando o governo, mas a gente está vendo a situação. Eu acho que se a gente tivesse pontuado algumas questões teríamos melhorado. Mas é uma visão do governador e ali foi a minha visão. Às vezes, quando a gente está de fora vê melhor que o próprio governo, mas o governo achou melhor continuar do jeito que estava. Quem tem que fazer a avaliação é o governador, se realmente deu certo deixar as pessoas no governo. Às vezes, a pessoa não tem mais aquele mesmo tesão de estar no governo e tem pessoas novas que querem ajudar. A gente agora tem que terminar o governo, reunir todo agrupamento político e é o povo sergipano quem vai fazer avaliação do governo e de nossa atuação na Assembleia Legislativa.
O político Jackson Barreto, muitas vezes, prejudica ele próprio, por ter “o coração grande”, digamos assim?
Jackson é muito amizade. Muito coração. Às vezes pode atrapalhar a gestão porque é amigo de muita gente há muito tempo, mas a gente tem que ver que é o Governo do Estado. Agora não temos mais o que falar. Não tem como olhar para trás. É o momento de seguir em frente e ajudar o governo mais ainda na Assembleia. Agora o povo vai fazer a avaliação. Agora é continuar seguindo em frente e torcer para que a gente possa, nesses oito meses que ainda tem de governo, melhorar a qualidade de vida do povo sergipano, trazendo recursos do Governo Federal. Tenho certeza que, mesmo no processo eleitoral, Belivaldo vai estar focado no Governo do Estado.
O grande trunfo da oposição são os recursos que o deputado André Moura anuncia para Sergipe. Isso torna a oposição favorita?
Eu acho que quanto mais recurso para Sergipe é bem vindo. Acho que André está fazendo um papel importantíssimo nessa interlocução do Governo Federal com o Governo do Estado e isso é importante, independente de sua posição. Sabemos que ele vai ter o grupo político dele e nós teremos o nosso. Se ele pode e tem condições de ajudar Sergipe, eu tenho certeza que ele fará isso, e está fazendo. A gente tem que entender o momento de fazer política. Cada um vai procurar o seu caminho e quem vai ganhar é o estado de Sergipe. Ele tem ajudado Edvaldo Nogueira, que está certíssimo. Desceu do palanque e está indo buscar recursos. Se André é a pessoa, cole em André. A gente tem que aproveitar o momento que André está lá. O momento político vai chegar, e cada um vai pegar seu grupo político e seguir. Estou procurando André com outros deputados para a gente organizar nosso são João. Do mesmo jeito que eu fui buscar recursos para ajudar o Carnaval de Aracaju. Eu me comprometi com o governador e já fiz quase R$ 1 milhão para o São João de Aracaju, que eu realoquei a emenda do turismo, vou buscar mais ainda para que a gente possa ter um São João porque é importante para a cidade. O Carnaval de rua tem trazido muitas coisas boas através de serviços de hotelaria, taxista, restaurantes. Movimenta a cidade num momento muito difícil que estamos passando. Do mesmo jeito, temos um São João fortíssimo com 30 dias de forró.
A cada ano, percebe-se que o Rasgadinho está mais consolidado como o Carnaval de Sergipe. A meta, agora, é torná-lo mais conhecido em âmbito nacional?
Essa é a nossa intenção. Eu tenho dito que quando resgatamos o Rasgadinho, em 2003, a gente tinha estimulado o carnaval de rua de Aracaju. Hoje, ele foi acompanhado, estimulado e está quase num patamar de roteiro turístico do Carnaval no Brasil. A gente está vendo o carnaval de rua crescendo em todo Brasil, um carnaval democrático onde as pessoas colocam suas fantasias, rua irreverência, seu desabafo, sua mensagem, como a gente viu no Rio de Janeiro e em São Paulo. São 15 anos no carnaval de Aracaju – e eu tenho certeza que, no próximo ano, será um modelo diferente. Mudamos o trajeto do cortejo do Rasgadinho e foi bem aceito pela população. A cada ano que passa a gente consegue ampliar mais ainda e colocar palco para os artistas sergipanos. Esse ano, tivemos três trios, com forró, samba e frevo, para que os artistas sergipanos também se apresentem nos trios e não só atrações nacionais. A cada ano que passa, a gente tem crescido e tenho certeza absoluta que, no próximo ano, vamos atrair mais turistas para o estado de Sergipe.
O grande desafio do Rasgadinho é crescer sem perder a essência?
A gente sempre visa o pilar do Rasgadinho, que é a segurança e um carnaval de família. Você vê a quantidade de pessoas e crianças. Uma coisa incrível. As pessoas sabem que é um carnaval de segurança e de família. A cada ano que passa, a gente investe mais ainda nesse viés para que a pessoa vá brincar seu carnaval, que leve sua irreverência, mas com responsabilidade. Esse ano, eu vi mais crianças ainda brincando. É isso que a gente quer. Esse ano foi um investimento de quase R$ 300 mil em relação à segurança, fora a Polícia Militar que fez a segurança muito bem. Isso é o que a gente tem preservado no nosso carnaval. Colocamos o nome de Festival Brasileiro de Ritmos, mas sempre preservando com as marchinhas, tocando a nossa cultura que é nosso forró, o samba que foi muito aceito, e tem muita gente boa em Aracaju no samba. Tudo isso a gente preservou, e, esse ano, levamos para o cortejo. A gente só tinha nos palcos que era essa diversidade musical nos palcos e esse ano colocamos também nos trios o samba e o forró.