Robson: incomodando por pensar
Por Joedson Telles
O governador Jackson Barreto declarou, ao ser entrevistado pelos jornalistas Paulo Sousa e Rosalvo Nogueira, na Jovem Pan, que se sentiu enganado pelo deputado estadual Robson Viana. Em outra emissora, salvo engano a 103 FM, já havia falado em traição. Tudo na conta da permuta feita por Robson, que, legal e democraticamente, pulou do PMDB para o PEN.
Robson demonstra mágoa do governador pelas declarações, mas ainda assim se sente no bloco governista. Diz que nada do que tem feito é às escuras. Nega acordo com João Alves e assegura que continuará votando em sintonia com o líder do governo Jackson na Assembleia Legislativa. Todavia não convenceu o governador, que, paradoxalmente, ajuizou que, apesar de ser um jovem, Robson tem a cabeça atrasada.
Não surpreende a intransigência, a arrogância, o radicalismo do governador. Com ele não existe meio termo: não rezou em sua cartilha é alvo da sua língua, de chacotas e coisas piores. Visivelmente, incomoda a Jackson Barreto o aliado que se permite pensar e tomar decisões à revelia.
Entretanto, é inegável que o governador já tem idade e tempo na política além da conta para saber que a amizade de Robson é sincera. Ele fala o que pensa, age com a própria cabeça, toma posições que contrariam. Tudo isso é fato. Mas é amigo. Aliás, é mais útil com sua franqueza, sinceridade, e não apenas pelo voto de deputado, frise-se, que certos auxiliares que discordam do governador nos bastidores, mas, olho no olho, se limitam a balançar a cabeça até diante de equívocos inegáveis, temendo perder o emprego.
O governador falar que Robson tem a cabeça atrasada é um direito dele. Não se discute isso. Num regime democrático, é salutar cada um expressar mesmo o que pensa, desde que não se atinja a honra alheia, é óbvio. Mas não creio que a cabeça atrasada seja a de Robson Viana.
Atrasado, ultrapassado, o que deve ser descartado é político que nutre sentimentos negativos perante adversários, que não precisam ser inimigos. É atrasado quem age de forma ranzinza. Às vezes beirando o ódio sem a menor necessidade. É o político que não respeita o fato de um aliado fazer política em harmonia com os demais políticos. Sem brigas tolas, pensando não apenas no seu crescimento político, mas também em servir à população.
Talvez quando descer do palanque, quando deixar o político articulador no armário e permitir que o governador entre em cena – aliás Sergipe está precisando de gestor -, Jackson Barreto passe a enxergar melhor equívocos que estão à sua frente, e sem a devida correção o seu governo continuará pífio, patético, muito pior que os governos que ele mesmo tanto criticou, ao longo dos anos. Menos política e mais gestão seria bom para todos. Sobretudo para o povo mais pobre. Mas parece coisa de cabeça atrasada querer isso do nobre governador de Sergipe.
P.S. O problema soa bem mais ódio ao prefeito João Alves que amor a Robson Viana.
