Foi pela brutalidade do crime cometido principalmente contra crianças indígenas no Brasil que o vereador pastor Roberto Morais (PR) usou a tribuna da Câmara Municipal de Aracaju (CMA) durante o Grande Expediente da sessão dessa terça-feira, 13 de agosto.
Usado para classificar o assassinato de crianças “indesejadas”, o termo infanticídio traz consigo um peso de violência e agressão à vida inarrável. Para mostrar a gravidade desse tema, Roberto Morais expôs um vídeo de uma criança sendo enterrada viva pelo pai em uma tribo indígena da Amazônia.
“A cada ano centenas de crianças são enterradas vivas. Isso acontece em nome de uma cultura. Mas nenhuma cultura pode interferir na vida”, exclamou o vereador Roberto. O parlamentar explicou que só foi possível conseguir essas imagens devido ao trabalho missionário desenvolvido pelo Fórum Evangélico Nacional de Ação Social (Fenasp), representada, na ocasião, pelo presidente Regional, pastor José Carlos, que ocupou, juntamente com demais pastores, a galeria da Casa Legislativa.
Roberto Morais disse ainda que a Fundação Nacional do Índio (Funai) tenta, inclusive, impedir a ação missionária nas tribos indígenas que praticam o infanticídio e isso não pode ser aceito. “Temos que acabar com essa prática criminosa. A Funai alega que é preciso preservar a cultura. Mas é a vida que deve ser preservada”, clamou o parlamentar.
“Como podemos ver essas imagens e ficarmos calados? Faço um apelo aos vereadores para que possamos gritar e sermos ouvidos. Temos que criar uma comissão e levar para Brasília um documento solicitando às autoridades federais a mudança da visão criminosa da Funai”, continuou Roberto Morais.
APARTES
As cenas do infanticídio exposta pelo pastor Roberto deixaram os colegas parlamentares perplexos. Em aparte, o vereador Valdir Santos (PTdoB) disse que isso acontece, infelizmente, em um País que se diz democrático e que prega o amor ao próximo. “É preciso tomar providências para acabar com culturas dessa natureza”, alegou Valdir.
Para a vereadora Daniela Fortes (PR) essa prática é um atentado contra a vida e é preciso que todos se somem para acabar com ela. “Me coloco à disposição para que crianças inocentes, que têm direito à vida, tenham a chance de viver”, somou-se Daniela.
Ainda em aparte, a vereadora Emília Corrêa, chocada com as cenas, afirmou que medidas têm que ser tomadas urgentemente. “Eu não tinha conhecimento disso. Alguma coisa tem que ser feita. Se ficarmos omissos estaremos sendo coniventes. Parabéns, Roberto Morais, pela iniciativa e pela atitude”, declarou Emília.
Ivaldo José (PSD) disse que ficou muito triste com as cenas que viu. “Precisamos cobrar providências imediatas das autoridades de Brasília porque se tratam de crianças e crianças com deficiência física”, argumentou Ivaldo.
Indignado, o vereador Dr. Manoel Marcos (DEM) disse que não quer acreditar que as imagens são feitas na Amazônia brasileira. “É um absurdo. Isso é vida. As crianças são indefesas. Parabéns por ter trazido à tona um assunto tão chocante, mas tão importante para a Justiça brasileira”, disse o líder da bancada da situação na CMA.
Também em aparte, o vereador Dr. Agnaldo (PR) agradeceu pela coragem que Roberto Morais teve em expor um tema como o infanticídio. “É preciso haver uma intervenção urgente. Salvar vida independe de cultura. Isso é a mais fria e cruel das ações que já vi em minha vida”, declarou Agnaldo.
Além de parabenizar o pastor Roberto Morais pela exposição do tema, o vereador Max Prejuízo (PSB) disse que a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal precisa tomar providências porque o infanticídio é inadmissível. “Esse debate é assustador”, opinou Max.
O vereador Dr. Gonzaga (PMDB) também aparteou o pastor Roberto Morais e reafirmou a seriedade do problema que, segundo ele, muitas autoridades não devem, sequer, ter conhecimento do problema. “Isso é muito triste. Temos que fazer uma moção de Repúdio o mais rápido possível”, afirmou.
Para o vereador Lucas Aribé (PSB) é inadmissível que o Brasil ainda tenha uma situação como a do infanticídio nas tribos indígenas. “É vergonhoso e é preciso uma resposta urgente para que isso não continue acontecendo”, lamentou Aribé.
Assim como os demais vereadores que apartearam o pastor Roberto Morais, o vereador Renilson Félix (DEM) disse que nunca viu algo tão cruel como o exposto. “Imagens que estarrecem e nós não podemos, de maneira alguma, compactuar com esse assassinato brutal. Nós temos que interceder em Brasília”, estarreceu-se Renilson.
O vereador pastor Roberto Morais dedicou o pronunciamento ao vereador Lucas Aribé que, de acordo com o parlamentar, é um defensor dos direitos humanos.
Por Gilmara Moura, da assessoria do parlamentar