Por Gentil de Melo
O Banco Mundial é uma Instituição Financeira criada entre 1944 e 45, para ajudar na reconstrução dos países devastados pela segunda guerra mundial, principalmente os países da Europa e o Japão. Além de emprestar dinheiro e reinvestir os lucros desses empréstimos, o Banco Mundial também atua no combate à pobreza extrema e colabora financeiramente com programas ambientais, educacionais e sociais, dentre outras atividades, em nível internacional.
Não é surpresa que em determinadas conjunturas econômicas e políticas alguns governos para ganhar a simpatia popular utiliza de suas fontes ou recomendações para implementar políticas públicas a partir de reformas que em seu escopo visa atender aos princípios democráticos.
O Governo Bolsonaro, através de sua equipe econômica comandada por Guedes, prepara uma Reforma Administrativa que tem como alvo “os servidores públicos”, uma vez que segundo o governo recebem salários acima da média em relação a outros países e um salário médio superior em quase 100% do empregado da iniciativa privada em atividades semelhantes.
Em momento algum o governo ressalta a qualidade dos serviços prestados à sociedade por esses servidores e nem discute mecanismos de ampliar e melhorar tais serviços, mas destacar remunerações de qualquer valor num país com 15 milhões de desempregados como certo estará jogando um desempregado contra um empregado no serviço público.
A reforma tem como eixo principal os seguintes pontos: limitar os salários dos servidores, reduzir as contratações e gerar uma economia aos cofres públicos até 2030 de 389 bilhões.
A classe trabalhadora brasileira já vem pagando uma conta muito alta desde o golpe de 2016, com as medidas restritivas de direito e de congelamento de investimentos nas áreas sociais aprovadas no governo Temer, e recentemente com a aprovação da Reforma da Previdência no atual governo, que trará sérias consequências ao conjunto dos trabalhadores do Brasil.
Primeiro é preciso fazer as seguintes perguntas ao governo: quem são esses servidores que se encontram nessa faixa de remuneração? Onde eles estão? No Judiciário? No Legislativo? No Executivo? Na carreira militar? Ou em outras carreiras classificadas como típicas de Estado?
A resposta não seria difícil: certamente no Executivo, pois há um maior contingente de servidores e que desenvolvem atividades em setores que sempre foram marginalizados e carentes de investimentos e de políticas por parte dos governos com esse perfil. Seria utópico achar que o governo vai congelar salários de membros dos poderes influentes e de servidores de carreiras que lhe dão sustentação política e jurídica.
Gentil de Melo é cientista político