Presidente externa dificuldades para viabilizar pré-candidatura do DEM
Por Joedson Telles
“Já inicie as conversas com partidos, mas vamos esperar para reativar nossas conversas com aqueles partidos que não foram conquistados pelo prefeito ou por outros segmentos que tenham a oferecer. Temos perspectivas a oferecer. Os municípios sergipanos passam por extrema dificuldade. Não é só em Sergipe. O Brasil todo passa. Estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro são considerados quebrados. Há uma certa atração da classe política pelo poder. O prefeito que está no exercício do mandato exerce sobre os quadros de todos os partidos uma certa atração. Quem não é governo tem que ter disposição e paciência. Sentar para conversar. O que alguém vai ter do Democratas? Eu não sei. Pelo menos meu incentivo, minha dedicação e meu apoio vai ter. Temos uma senadora. Ela é senadora até 2022. Maria tem muita disposição para ajudar”, afirma o presidente do DEM em Sergipe, o ex-deputado federal José Carlos Machado, sobre a pré-candidatura da delegada Georlize Teles à Prefeitura de Aracaju.
Como está o DEM nesse processo pré-eleitoral?
A missão de tentar reorganizar o partido começou há, mais ou menos, seis ou sete meses. Eu resisti a princípio, mas depois conversei com a cúpula do partido e foi uma excelente conversa com a senadora Maria do Carmo, que tem tido um papel fundamental nisso tudo. Eu resolvi aceitar. Quando me debrucei diante da realidade, eu vi que não estava começando do zero: mas do -15. O partido era para ter feito convenção, no ano passado, mas não fez. Por conta disso foi dissolvido em todo estado. Para retomar isso, diante de uma burocracia excessiva, diante de uma série de descumprimentos de exigência da legislação eleitoral, foi difícil. Mas estamos superando. Se não tínhamos nenhuma Comissão Provisória organizada, a expectativa é que chegue agora, ao mês de março, com aproximadamente 50 municípios com o partido organizado. Nas conversas iniciais, me disseram que todos os municípios de Sergipe são importantes, mas teríamos que priorizar aqueles que têm mais de 50 mil habitantes. Isso que fizemos. Entre os 50 estão Aracaju, São Cristóvão, Socorro, Estância, Lagarto e Itabaiana. Vamos ter candidatos a prefeito em pelo menos 25 municípios. Nos outros 25, pretendemos ter os candidatos a vice-prefeito. De todos esses municípios, vamos fazer uma pequena referência a Aracaju. Desde o início que eu penso em candidatura própria. Eu tinha um nome, que era o de Maria do Carmo, por conta de pesquisas qualitativas, que demonstram claramente que ela ainda tem uma grande preferência de parte do eleitorado em Aracaju.
Tentou convencê-la a disputar a eleição?
Tentei, mas ela me apresentou as razões e uma é fundamental: ela tem que cuidar de João. Não se faz uma campanha de forma terceirizada. É preciso estar presente, viver os problemas e conviver com a comunidade. Também pensei no nome de Georlize Teles como pré-candidata. Ela, a princípio, reagiu, mas depois de uma conversa que tivemos, com Maria participando, ela aceitou o desafio. Eu sou uma pessoa que nos meus acertos não gosto que fiquem dúvidas. Eu disse a ela que para viabilizar uma candidatura seria preciso construir uma aliança. Para isso, comecei a conversar com alguns partidos como o Patriotas, o Podemos, o PMN, o PV. Estou buscando alternativas. Isso resolvido, precisamos convencer a cúpula do DEM que a candidatura é viável, para que possam fazer aporte de recursos, para que ela possa conduzir a campanha. Sem recursos, ninguém faz campanha. Ela está consciente disso. Só o tempo vai dizer. Estamos buscando formar uma boa chapa de pré-candidatos a vereador. Eu conversei com o vereador Vinicius Porto e chegamos a um entendimento de que era melhor pra ele deixar o partido. Isso sem sequela nenhuma. Ele estava filiado ao partido, há mais de 20 anos, e entendeu perfeitamente que a saída dele foi bom para ele e para o partido. Com a saída dele a chapa de vereadores não terá nenhum candidato com mandato. Isso facilita. O também vereador Juvêncio Oliveira já me disse que não será candidato. Eu devo estar fechando em São Cristóvão, depois da festa de Senhor dos Passos. Em Socorro, as coisas estão andando bem. Em Itabaiana também e em Lagarto. Estou otimista. Hoje, só temos quatro prefeitos com mandato. Eu espero que até o final de março tenhamos, pelo menos, 10.
Existe uma dificuldade grande quando o partido não está ocupando nem no Governo do Estado e nem na Prefeitura de Aracaju para atrair quadros com densidade eleitoral. Como o DEM lida com isso?
Eu tive uma conversa com Georlize e pedi para que a gente se dedicasse, nesses próximos 20 dias, em compor a nossa chapa de pré-candidatos a vereador. Já inicie as conversas com partidos, mas vamos esperar para reativar nossas conversas com aqueles partidos que não foram conquistados pelo prefeito ou por outros segmentos que tenham a oferecer. Temos perspectivas a oferecer. Os municípios sergipanos passam por extrema dificuldade. Não é só em Sergipe. O Brasil todo passa. Estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro são considerados quebrados. Há uma certa atração da classe política pelo poder. O prefeito que está no exercício do mandato exerce sobre os quadros de todos os partidos uma certa atração. Quem não é governo tem que ter disposição e paciência. Sentar para conversar. O que alguém vai ter do Democratas? Eu não sei. Pelo menos meu incentivo, minha dedicação e meu apoio vai ter. Temos uma senadora. Ela é senadora até 2022. Maria tem muita disposição para ajudar.
Antes de definir pela pré-candidatura de Georlize, o DEM tentou se aproximar de Edvaldo ou foi um sentimento isolado de Vinícius Porto?
Vinícius Porto não fez isso de forma escondida. Numa reunião que fizemos, que estavam os deputados Garibalde Mendonça e Zezinho Guimarães, ele disse que nem sempre candidatura própria eleva o partido. Deu o exemplo da candidatura de Mendonça Prado ao governo, cujo resultado não foi bom. Cada cabeça anda de uma forma. Ele pode pensar dessa forma, mas a decisão do partido tinha que ser tomada por maioria. Muito antes de pensar no nome, a maioria pensava em candidatura própria. Só Vinicius pensava nessa possibilidade. Ele, hoje, é um dos vereadores mais ligados ao prefeito. Ele é o líder do prefeito. Conversei com ele, entendemos que a melhor alternativa para ele e para o partido seria sua saída.
Aumenta a responsabilidade do DEM, nesta eleição, já que o último mandato de João Alves como prefeito de Aracaju não foi o que a sociedade esperava?
É difícil fazer uma análise sobre isso porque eu estava envolvido. As coisas acontecem, e no momento que acontecem você não consegue ter uma percepção. Mas uma das coisas que mais me entusiasmou na conversa com Georlize é a defesa que ela faz do legado de João Alves. Não vamos abrir mão em hipótese nenhuma. Quem julgou João no segundo mandato foi a população. Ele tentou a reeleição e não conseguiu. Se ele não conseguiu foi porque a população não aprovou a administração dele, mas, sem sombra de dúvidas, foi o homem que mais fez por Aracaju. Hoje, se deu conhecimento à população que João tinha problema de saúde, no seu último mandato. Esse problema, sem sombra de dúvida, afetava seu desempenho à frente da prefeitura. Se você tirar do mapa de Aracaju as obras de João vão fazer muita falta. Foi em 1975. Eu me lembro que faltava um ano para ele terminar o mandato, e eu era secretário de obras. Ele disse que iria construir a avenida Maranhão. Ainda hoje é um projeto arrojado. Imagine isso há 50 anos atrás? A avenida Desembargador Maynard só ia até a rua Acre. Ele decidiu levar até a avenida Contorno. Faltavam seis meses para terminar o governo. Ele tinha essa capacidade de convencer e de envolver aqueles que estavam ao seu redor em torno de um objetivo. Aquela ponte que dá acesso à Coroa do Meio, ele fez em sete meses. Ele contagiava nós todos. Ninguém colocava dificuldade. As coisas mudaram muito. O conjunto Augusto Franco construímos em três anos e meio. São 4.510 unidades. Se você for topar um desafio desse hoje, constrói em 10 anos. As coisas aconteciam graças, sobretudo, a visão de quem administrava, o desejo de fazer, mas também tinha mais comprometimento dos envolvidos com aquele empreendimento. Lamentavelmente, hoje as coisas não andam. Georlize faz a defesa do legado de João Alves com emoção. Isso é bom. Quando se refere faz de forma emotiva, tanto é que na conversa que ela teve com Maria, conquistou. Maria está muito entusiasmada. Estamos começando da melhor forma possível, mas temos que viabilizar a campanha e recursos.
Porque nenhum prefeito consegue resolver definitivamente os prolemas causados pelas chuvas em Aracaju?
Aracaju tem vários problemas, mas eu acho que o principal de todos é essa questão da macrodrenagem. Quando João era prefeito contratou o maior especialista de macrodrenagem do Brasil. Ele se apegou tanto a Aracaju que trouxe parte de sua família para cá. Ele deixou esse projeto. João já estava no final da administração e realizou uma parte. O que João fez não deram continuidade. O que tem que ser feito é se debruçar sobre essa questão. Surgiram problemas de inundação em áreas recentemente implantadas. O bairro Jardins ficou quase todo embaixo d’água. O que faltou foi planejamento. O que sobrou no Augusto Franco foi planejamento. Quando implantamos o conjunto prevaleceu o interesse público. Teve enchente no Augusto Franco? Teve enchente no Orlando Dantas? Eu acho que o desafio do próximo prefeito de Aracaju é sentar e solucionar essa questão de micro e macrodrenagem… A questão do transporte coletivo em Aracaju é grave porque todo prefeito diz que vai fazer a licitação do transporte e não faz. A licitação não vai resolver, mas melhora. Hoje, a relação entre as empresas com o município é precária. Se você apertar ele pega a mala dele e vai embora. É como se o concessionário não tivesse obrigação nenhuma. Claro que com licitação, contrato assinado, ele passa a ter obrigações e deveres. Aí vem a questão da mobilidade. O governo não pode proibir ninguém de comprar carro – nem pode proibir que as pessoas andem com o carro. Mas pode pensar num sistema de transporte coletivo moderno, eficiente, confortável, mas confiável. Mas tem um problema que afeta Aracaju e Sergipe de uma forma arrasadora e ninguém fala sobre isso: estão esquecendo dos 170 mil sergipanos que estão desempregados e alguns deles têm mais de um ano que não recebem salário nenhum. Esse é, sem sombra de dúvida, o maior desafio do governador e de todos os prefeitos. Você pode esperar uma atividade digna de um homem desempregado? Se eu tenho uma família solidária, eu posso procurar. Se eu não contar com família ou amigo, eu vou delinquir. Eu vou tentar sobreviver. Esse é o maior problema do Brasil. São 13 milhões de brasileiros desempregados. Além da figura do desempregado surgiu a figura dos desalentados, que são aqueles que já desistiram de tudo e nem procuram mais emprego. É grave.
Em 2022 Machado será candidato?
Vamos aguardar (risos). O futuro a Deus pertence. Vamos esperar se vão manter a proibição de coligação ou não. Cada partido vai ter que ir com seu cabedal. Temos quer ter quadros. Vamos ver qual a performance do partido… Mas, antes de terminar, eu quero fazer um apelo: eu sei do elevado espírito público do governador e do compromisso dele com Sergipe: que ele mande o presidente do Banese encerrar esse assunto. O maior cabedal que o Banese tem é uma história de serviços prestados a grande parte da população. O que diferencia o Banese do Bradesco, da Caixa e do Itaú é a capilaridade que o banco tem. O Banese não pode tratar o sergipano da mesma forma que o Bradesco trata.