Por Joedson Telles
Seria até engraçado se não fosse nefasto. A mesma serventia que velou o então candidato a prefeito de Aracaju, Valadares Filho, sob o argumento preconceituoso de ser “o novo”, tentando, sem sucesso, persuadir a sociedade que João Alves era o velho, o atraso ou coisa assim, prostra-se, agora, aos pés do vice-governador e pré-candidato ao Governo do Estado, Jackson Barreto, que, ironicamente, está na política há mais tempo que João Alves.
Uma vergonha que beira a desfaçatez. Em menos de dois anos, muda-se o discurso como se troca a marca do guardanapo comprado no supermercado da esquina. Aliás, a atuação da serventia pode ser vista também quando, covardemente, tenta incendiar os secretários do PT contra JB, na febre de afagar o ego de quem está governando o Estado. E, sem nexo algum, ainda tenta subestimar inteligências, jogando a oposição no bolo.
Aí eu pergunto: e o senhor internauta como fica? Vai aos arquivos da mídia dos cajueiros e papagaios conferir os discursos da eleição de prefeito de Aracaju, em 2012, para comparar com o que se está a soltar neste instante? Estará atento a quem, assumindo o eterno papel de vassalo, já começa a tentar desgastar a oposição, como sempre a serviço? Ou vai assumir o papel de mentecapto, ao se deixar levar por retórica do “Paraguai”?
Note-se que não se está aqui a ajuizar se Fulano ou Beltrano deve ou não ser candidato. Quem é melhor que quem. Por respeito à lógica, deixemos este papel para o eleitor no momento certo. Tampouco entramos no mérito se ‘A’ é melhor por ser novo ou velho. Particularmente, acho que, como diz o prefeito João Alves, existe aquela história de idade biológica e mental. Um homem público deve ser julgado pelo seu passado, presente e perspectiva de futuro. Todos sem exceção recebem uma folha em branco quando entram na vida pública onde o tempo passa a escrever fielmente as coisas positivas e negativas que ele pratica. Cabe ao eleitor, lógico, ler esta folha e decidir ou não pelo voto. O problema é quando se tenta subestimar a inteligência alheia com discursos paradoxos a espelhar a intenção de velar determinada candidatura em detrimento de outra.
O que acontece, hoje, e não é difícil perceber, é que o vice-governador Jackson Barreto vive uma angustia que não tem a ver com a oposição. Há uma crise interna no governo. Déda é o governador legitimo. Eleito democraticamente pelo povo. Está licenciado por problemas de saúde, mas tem esperanças de reassumir e terminar seu governo. Certo ou errado, é um direito dele. Ele foi eleito.
Do outro lado, existe a figura de Jackson Barreto. Importantíssimo no processo, sobretudo quando poderia manter a cultura de eleger os prefeitos de Aracaju, com a reeleição de João Gama, em 2000, mas optou por Marcelo Déda. Mais tarde pela sua reeleição. E dois anos depois, pela eleição para o Governo do Estado com direito a reeleição. Alguém tem dúvida da lealdade e importância de JB no processo? Do seu legítimo direito de ser o candidato do grupo a governador, em 2014?
Pois bem. Percebam, agora, a onde o caldo entrona. Déda sonha em terminar seu governo e JB em ser o próximo governador. Entretanto para JB ser um candidato forte precisa ter o governo em suas mãos de fato e direito. Não pode administrar o governo de Déda. Precisa tomar medidas por conta própria. Mudar auxiliares ao seu gosto, respeitando o governo de coalizão, evidente, mas ter o seu secretariado, e não governar com o secretariado de Déda.
Evidente que há secretários que não apenas têm importantes serviços prestados ao grupo e à sociedade como também a confiança do próprio JB. Lógico também que o governo é do PT e, em assumindo, JB do PMDB não pode esquecer isso um só segundo. A lealdade aos petistas é imprescindível. Mas que JB precisa dar a sua cara ao governo, se quer, de fato, entrar na disputa com chances, está claro.
O caso Roberto Bispo é clássico. Sergipe todo sabe que o senador Eduardo Amorim, apesar de não admitir, dificilmente deixará de disputar o governo do Estado. Qual mortal condenaria JB por buscar o apoio da liderança Luciano Bispo na terra barrista de Amorim, ao nomear seu irmão, Roberto, secretário? Mas o que isso gerou? Uma Tiwttada histórica de Déda, falando em decepção com JB. Ou seja, um governo só para dois governadores. E agora? Como resolver a equação se existe apenas uma máquina?
Legitimamente Déda termina seu governo – ou pelo menos JB não desfaz o que ele fez em consideração, mas para isso põe em xeque seu projeto para 2014 – ou, para usar uma gíria da política, Déda larga o osso, facilitando as coisas para JB? É isso que a serventia deveria perpassar à sociedade, ao invés de comer mosca, tentando jogar a conta no colo da oposição, que, aliás, não quer ou não está tendo competência para tirar proveito da crise governistas. Atribuir a crise do governo à oposição é tentar persuadir que Jackson Barreto não assume o governo definitivamente, não faz acordos, toma medidas ou muda auxiliares porque a oposição não permite. Alguém consegue acreditar que a oposição tem essa força no governo?