Por Joedson Telles
Não costumo meter a colher no mingau alheio. Tampouco dar conselhos a quem não pede. Entretanto, arrisco sugerir aos petistas de verdade, aos que estão no partido pela sua ideologia, e não apenas atrás de um cargo comissionado, abrir um debate urgente sobre a sobrevivência da legenda em Sergipe. Ao menos como um partido grande.
De pequeno, mas barulhento e defensor das causas sociais, o PT acendeu nos últimos anos e chegou ao poder em Aracaju e, posteriormente, em Sergipe. Todavia há muito tempo emite sinais de que está a definhar. Agoniza politicamente. E 2014 pode ser a pá de cal. O desenho pelo menos é o mais cruel possível – sobretudo em se tratando de uma legenda que sonhou ficar anos e anos dando as cartas. Esqueceu (de propósito?) de preparar o sucessor do governador Marcelo Déda, e a colheita parece ser maldita.
Sem candidato ao governo do Estado, e duas eleições seguidas sem disputar a Prefeitura de Aracaju, o PT luta para tentar, pelo menos, emplacar um nome na chapa majoritária que tem o vice-governador Jackson Barreto (PMDB) como pré-candidato ao governo do Estado. Pleiteia indicar o candidato a senador ou a vice-governador. Mas pode ser descartado. Para isso, basta o DEM barganhar a exclusão petista pela sua presença no palanque do PMDB. Duvidam?
Evidente que se o critério a ser observado fosse unicamente a palavra gratidão, o PT já poderia comemorar. O fato de ter usado a sua maior liderança, o governador Marcelo Déda, para abrir o caminho do poder, e, posteriormente, todo o grupo participasse do seu governo, salvo exceções, tornou o PT proprietário de um crédito ímpar junto a todos os demais partidos do agrupamento.
Mas em política o vocábulo gratidão, dificilmente deixa de servir de moeda de troca para realizar interesses pessoais. E, sinceramente, não vejo no grupo, sobretudo no PMDB, um sentimento de reconhecimento pelo feito petista. Nada pessoal. E tudo pela sobrevivência do projeto JB 2014. Como disse neste espaço outro dia, jogar João Alves no palanque de Eduardo Amorim ou arriscar ele mesmo disputar a eleição, seria uma tragédia para os planos de JB. E o que o PT teria a oferecer, em se tratando de densidade eleitoral, para justificar Jackson não ir atrás de João, Maria, Machado? O que dizem as pesquisas?
O fato é que a opção pela aliança PMDB/DEM, tendo ainda, provavelmente o PSB e o PSDB, mesmo não sendo simpática aos olhos de todos os membros dos partidos envolvidos, não pode ser descartada. E em a tese vingando, o PT seria isolado. Restando-lhe, além do primo pobre PC do B, tentar juntar-se aos radicais PSTU, PCB e PSOL. O que também seria complicado, já que estes partidos passaram a enxergar no PT um partido não muito diferente dos direitistas. Reprovaram o modo petista de governar. E não poupam duras críticas – como pôde ser visto, ontem, por exemplo, no programa do PSTU na TV.
Evidente que já definiram a política como a arte do impossível. Em Sergipe então… E o PT pode até eleger o próximo governador. Mas neste momento soa impossível. Grita a necessidade de o PT abrir um debate interno em busca do oxigênio que pode lhe manter vivo como partido grande. O PT, quanta ironia, parece neste instante nas mãos, justamente, do maior adversário: João Alves Filho.
Em João Alves fazendo uma aliança com JB, certo mesmo, além da pronta humilhação, o Partido dos Trabalhadores teria, a partir de 2015, uma mísera vaga na Câmara Federal, e duas, no máximo três, na Assembleia Legislativa. Muito pouco. Pouquíssimo para quem nas últimas eleições estaduais elegeu, entre outros, até o governador do Estado, no primeiro turno. Como está na moda, o PT “salgou a Santa Ceia”.