Por Joedson Telles
Leio no Estadão que os presidentes nacionais do PT, PDT, PCdoB e PSB negociam, em Brasília, o que definem como uma “agenda mínima”, visando à reconstrução da aliança política envolvendo as legendas tidas como de esquerda. O PSOL é aguardado também. Já houve a primeira conversa e, na próxima terça-feira, dia 28, os caciques marcaram na agenda para dar sequência ao que seria uma engenharia contra o projeto das direitas no segundo turno das eleições presidenciais.
Chama a atenção, entre outros detalhes, a ideia de, com isso posto em prática, os presidentes almejarem também estender os acordos aos estados – sobretudo porque, por sua vez, o presidente Michel Temer e sua turma também articulam visando 2018.
O PMDB estaria, assim, construindo uma aliança com o objetivo de eleger o próximo presidente. Pelo que se percebe, de preferência de braços dados com o PSDB. Entretanto, se os tucanos não estiverem dispostos a encarar o pleito dando carona à rejeição de Temer, o PMDB marcharia sem eles.
Pego os dois lados da moeda, importo-os para Sergipe e esbarro no óbvio: que desordem desenhada, não? Começa pelo fato de o governador Jackson Barreto ser obrigado a arrumar as malas e deixar o PMDB sergipano às pressas, que, a esta altura, seria bem mais coerente sob a batuta do líder de Temer no Congresso, o deputado André Moura.
Mas qual o destino de Jackson e amigos que estão hoje no PMDB? O caminho natural seria pedir abrigo em um dos partidos da aliança recém construída no campo das esquerdas. Certo? Nem tanto. Esqueceu, o internauta, que falou PSB em Sergipe mencionou o nome senador Valadares? E como unificar Jackson, Valadares e a animosidade chata que contamina os dois experientes políticos?
O que pode resolver a vida de JB e demais ex-PMDB é o fato de Valadares também ter hoje como ferrenhos adversários políticos (inimigos?) o PT e o PC do B do prefeito Edvaldo Nogueira. Os motivos são do conhecimento de todos.
Valadares pode, assim, contrariando a Executiva Nacional do PSB, refutar a aliança esquerdista e permanecer ao lado do senador tucano Eduardo Amorim e do líder de Temer, André Moura. O isolamento nunca pode ser descartado, evidente. Mas, em tais circunstâncias, pode soar desespero.
Como coube ao próprio Valadares cunhar que “política é a arte do cão”, talvez a frase não torne a missão impossível. Todavia que hoje é insonhável Valadares e Jackson na mesma mesa trocando ideias sobre um projeto comum aos dois isso é. O mesmo pode ser dito de um Valadares harmônico colado em Edvaldo e no PT. De um Jackson permanecendo no PMDB e agindo como um soldado de Temer.
Ou não. Tais limitações só teriam sentido no mundo normal. A política, a boa e velha política continua a mesma. Segue sendo um território ímpar e minado onde nem tudo faz sentido ou faz sentido além da conta. Surpreende desavisado, e provoca náusea ou gargalhada em quem saca o jogo.