A ideia foi construir uma metodologia onde arte, ciência e tecnologia trabalhem associadas para estimular o interesse de estudantes pelas ciências.
Para isso, foi elaborado um projeto, onde a consolidação de uma metodologia reaplicável de aprimoramento do ensino e da aprendizagem das ciências pudesse ser alcançada por meio de produção colaborativa e compartilhamento de objetos educacionais, em formato multimídia.
O resultado é o projeto ‘Educação e Cultura Digital’, apresentado pela Secretaria de Estado da Educação (Seed) nesta quarta-feira, 05, em reunião com representantes das escolas envolvidas, das Diretorias Regionais de Educação, técnicos do Departamento de Educação (DED), professores e alunos.
De acordo com Gabriela Zelice, diretora do DED, a partir dessa iniciativa “professores e alunos contribuirão para o fortalecimento das práticas pedagógicas e da garantia dos direitos da aprendizagem, tendo em vista à melhoria da qualidade do ensino”, afirmou a diretora.
Inicialmente, o Projeto será aplicado em 10 escolas estaduais de nível médio, e terá como executor o Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI), em parceria com a Seed e com secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec), tendo financiamento do Ministério da Ciência Tecnologia e Informação (MCTI).
“A proposta do ‘Educação e Cultura Digital’ consiste em capacitar e qualificar os alunos e professores das escolas estaduais a produzirem conhecimento em formato multimídia, ou seja, objetos educacionais”, afirma Saulo Barretto, responsável pelo Relacionamento Institucional e Novos Negócios do IPTI.
Ele explica que, alunos e professores em grupo, constroem uma explicação criativa sobre um tema de ensino médio. “Este é o nosso conceito de objeto educacional, e a partir disso desenvolvemos o Projeto”.
Iniciado em 2011 com o nome Arte com Ciência, o projeto começou em Santa Luzia do Itanhy, e já estava presente em outros três municípios sergipanos, e também no SESI Taguatinga, no Distrito Federal, e no Liceu Edouard Herriot, em Lyon, na França.
Expansão
Aqui em Sergipe, o ‘Arte com Ciência’ ganhou impulso maior com o apoio do Governo do Estado e se transformou no Projeto Educação e Cultura Digital.
Por meio de uma parceria com a Sedetec, que tornou possível a captação de recursos junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia Inovação, o Projeto foi ampliado para outras 10 escolas da rede estadual, além das quatro já participantes.
“Provavelmente em meados de 2016 estaremos trabalhando o Educação e Cultura Digital com esses 14 colégios”, acrescentou Barretto, após a elaboração conjunta com as equipes diretivas das escolas participantes, de um cronograma de ações a ser iniciado já agora em Agosto.
Após um processo de visitação às 25 escolas estaduais participantes do programa Ensino Médio Inovador, 10 delas foram selecionadas para o Projeto Educação e Cultura Digital.
“Observamos o interesse da escola em aderir ao projeto, porque esta deve ser voluntária; a infraestrutura que eles têm também é importante, porque deve haver o mínimo de equipamentos necessários para o projeto funcionar, além de levar em conta a descentralização, estendendo a iniciativa para todas as regiões do Estado”, explica Marcel Magalhães, oficineiro do Educação e Cultura Digital e responsável pela área de Audiovisual do IPTI.
Marcel acrescenta ainda que a estrutura que buscaram foi a de um laboratório de informática, com computadores que atendam algumas especificações, para edição de vídeo, por exemplo, “mas o principal fator é aceitação da escola, e havendo essa estrutura mínima isso já nos ajuda bastante”, ressalta Magalhães.
Resultados
“É um projeto grandioso e só temos a agradecer a escolha do Colégio Estadual Prof. Gonçalo Rollemberg Leite para participar dessa iniciativa, que faz com que nós possamos despertar o interesse do aluno pela escola”, afirmou a diretora do Gonçalo, Jussara Melo.
Após a produção de objetos educacionais, os trabalhos ficam disponíveis em uma plataforma desenvolvida pelo IPTI para compartilhamento destes objetos.
“A plataforma Guigoh, plataforma livre que criamos, onde os estudantes sobem o arquivo que criaram, e lá o arquivo já sai licenciado em Creative Commons (licença de compartilhamento livre), fato que já garante a autoria de quem os construiu, no caso professores e alunos”, esclarece Barretto.
Segundo ele, após isso um professor edita esse material para que não ocorram erros conceituais, e esse material fica disponível para todas as escolas que participam da rede.
“Então a ideia é criar uma rede de conhecimento de ensino médio, para que as pessoas produzam e compartilhem conhecimento em formato digital”, pontua, ao ressaltar que já estão disponíveis na Guigoh mais de 70 objetos educacionais.
Alunos em Brasília
Outro resultado prático desse Projeto é o estimulo criado nos alunos que ainda não participam. Saulo Barretto ilustra isso com o exemplo de um grupo de alunos participantes do Projeto que produziu um documentário posteriormente projetado em Cuba.
“Após isso alguns outros alunos da escola manifestaram interesse em trabalhar também com ferramentas audiovisuais, ideia que nem sequer passava pela cabeça de um aluno que mora em Indiaroba; isso é um despertar”, afirma Barretto.
Ainda como exemplo para os demais estudantes dos colégios estaduais, alunos de Indiaroba e Santa Luzia foram à Brasília reaplicar a experiência deles em uma unidade educacional do SESI que aderiu ao Projeto. Ou seja, os alunos que mais se destacam nas escolas tornam-se reaplicadores do Educação e Cultura Digital, sendo isto um modo de criar uma plataforma de engajamento.
Nas escolas estaduais, onde o Projeto é executado, membros do IPTI montam um Centro de Produção Digital (CPD) para produção de conhecimento por meio da criação de objetos educacionais.
“A estruturação do CPD é alma do Projeto, pois a partir disso fica o modelo de produção de conhecimento para futuros participantes da iniciativa”, diz Barreto.
Intercâmbio
Ainda em parceria com a SEED, o Projeto recebeu em Julho deste ano um grupo de professores e estudantes franceses para um intercâmbio, onde houve produção de cinco objetos educacionais realizados por alunos dos dois países.
O Projeto já recebeu anteriormente um pequeno grupo de estudantes do Liceu Edouard Herriot, e o resultado foi a produção do objeto educacional “Expedição Artística Francesa ao Brasil – 1816”, elaborado como parte desta experiência de intercâmbio. O vídeo pode ser acessado neste link: http://www.youtube.com/watch?
“A embaixada francesa por sua parte aprovou um intercâmbio para alunos brasileiros multiplicarem sua experiência em alguns liceus da França”, finaliza Saulo Barretto.
Escolas participantes
As seguintes unidades escolares da rede estadual foram contempladas para participarem do ‘Educação e Cultura Digital’, já a partir de agosto:
C. E. Manoel Messias Feitosa – Nossa Senhora da Glória
C. E. Professora Maria das Graças M. Moura – Itabi
C. E. Leandro Maciel – Pacatuba
C. E. João Salônio – Nossa Senhora Aparecida
C. E. Djenal Tavares Queiroz – Moita Bonita
C. E. Murilo Braga – Itabaiana
C. E. João de Oliveira – Poço Verde
C. E. Milton Dortas – Simão Dias
C. E. Gonçalo Rollemberg Leite – Aracaju
C. E. Presidente Costa e Silva – Aracaju
Já faziam parte do projeto Arte com Ciência, atual Educação e Cultura Digital, o Colégio Estadual Comendador Calazans, em Santa Luzia do Itanhy; o Colégio Estadual Prof. Raimundo Mendonça de Araújo, em Indiaroba; o Colégio Estadual Arabela Ribeiro, em Estância e o Colégio Estadual Dr. Antônio Garcia Filho, em Umbaúba.