Por Joedson Telles
A euforia dos governistas e o bem-estar da oposição com a aprovação do Proinveste, por unanimidade, nesta terça-feira 7, na Assembleia Legislativa, depois de meses de farpas, frustrações, apelos, conversas e outras formas de expor jogadores e jogadas não podem ofuscar pontos que merecem entrar para a história desta que foi uma das maiores polêmicas da política de Sergipe, nos últimos anos.
Começa pelo fato de ensinar que oposição e situação devem, e precisam, beber sempre no mesmo copo quando os interesses de Sergipe estiverem em xeque. Evidente que é válido o argumento de não dar cheque em branco ao governo. O parlamentar que aprova uma matéria sem ter segurança do que está fazendo não merece a cadeira que ocupa. Contudo, cartas na mesa, é hora de a oposição calçar a sandálias da humildade: conversar e aprovar os projetos – como foi feito.
Aliás, do outro lado da moeda, um governo maduro e atento aos interesses da sociedade, uma gestão que não se permite levar pela vaidade, descarta a política fracassada da arrogância frente aos donos dos votos. Respeita o Poder Legislativo. Não se vale, equivocadamente, da tática suicida de tentar passar o trator sem ter maioria. Neste quesito, o governo usou um velho lugar comum: “antes tarde, que nunca”.
Apesar de a mídia glorificar o governador Marcelo Déda, que, evidentemente, teve importante papel na aprovação do Proinvete, vejo como uma grande injustiça não atribuir méritos também ao secretário de Estado da Casa Civil – Silvio Santos. Chegou para decidir. Como um jogador que entra no segundo tempo, faz dois gols e vira o jogo para 2×1. Silvio, quando o Proinveste foi rejeitado pela primeira vez pela Assembleia, não estava em campo. O governo levou uma goleada. E só tinha uma jogada: bater na canela de Eduardo Amorim. Silvio mudou isso, e o resultado foi visto, hoje, na casa do adversário. O petista só não teve mídia, mas foi o grande articulador do Proinveste. Ver por outro ângulo é alimentar a injustiça.
Outro ponto que destaco aqui é que, ao contrário de Silvio Santos, alguns governistas atrapalharam o processo. Felizmente, não mudaram o resultado almejado pelos sergipanos em sua maioria, mas, se não houvesse um entendimento lúcido governo x Assembleia, a situação seria outra. Refiro-me, por exemplo, às tais forças ocultas citadas pelo deputado do PMDB, Zezinho Guimarães. Não apareceram, e creio que nunca vão aparecer. Os projetos foram aprovados em tempo hábil e por unanimidade. Acredito até que Zezinho teve a melhor das intenções, mas pecou pelo açodamento. E deixou a lição para todos que fazem política: quando não se pode ajudar falando, é melhor ficar de boca fechada.
Por fim, registro que o governo deve ter aprendido que ter a mídia como parceira é sempre bom. Assim como o trabalho de bastidores feito por Silvio Santos foi imprescindível, as entrevistas concedidas, sobretudo, por ele mesmo e pelo governador Marcelo Déda, foram decisivas. No vestibular para trazer a sociedade para o lado do governo, estar positivamente na mídia é prova eliminatória. Tirou nota baixa, está fora. O apelo feito pelo governador Marcelo Déda aos irmãos Amorim, no evento do Instituto Luciano Barreto Jr, pra citar só um caso, certamente, não teria a mesma importância, se não fosse ecoado pela mídia. Quantos romances se passaram pela imagem de Déda na televisão, surrado pela doença, quebrando o protocolo para apelar aos Amorim pelo Proinveste?
Hoje, o sacrifício de Déda, Silvio e outros governistas se mostrou válido. Agora o governo precisa dar os passos além Sergipe para, enfim, ter os recursos em seus cofres e ratificar para a sociedade que a defesa velada, suada, quase que sangrada, que fez do Proinveste não foi em vão. Sergipe, em sua maioria, apoiou o empréstimo e passa a esperar pelos seus frutos – com a mesma sofreguidão que o governo esperou para ver os projetos aprovados na Assembleia Legislativa.