Por Joedson Telles
Tomo como base pesquisas (ainda que açodadas), redes sociais e as ruas e chego à conclusão: a posição “mais delicada” – chamemos assim -, entre os partidos grandes que apresentam pré-candidatos à Prefeitura de Aracaju, nas eleições deste ano, é a do PT. O projeto parece não empolgar externamente. Não decola.
É evidente que sequer há registros de candidaturas, imagine campanha pra valer. “Há tempo” para o PT reverter o quadro desfavorável. Todavia, os sinais não são animadores. Ao menos na teoria, uma pré-candidatura do PT em Aracaju teria a obrigação de estar – como diz Bruno Henrique – “em outro patamar”.
Vejamos: é um partido grande, tem um senador da República, a vice-governadora do Estado, que, até outro dia, era vice-prefeita da capital, um deputado federal e dois estaduais, uma militância, sindicatos e a CUT a favor, o nome apresentado é o de um ex-deputado federal ficha limpa com projeção no PT Nacional, é a única legenda que carrega o legado de Marcelo Déda e, obviamente, é o partido do ex-presidente Lula – o maior líder político do Brasil. Mas, ironicamente, a sociedade está dando de ombros para tudo isso que ela mesma ajudou a construir.
O PT – ou parte do PT – já fez essa reflexão, óbvio, antes que eu e você, internauta. Pode apostar. Se ainda não fez algo impactante para mudar a situação não é por vocação suicida. Não conseguiu mesmo. Mas deve ter uma carta na manga. O partido não romperia com Edvaldo Nogueira, se não acreditasse na sua força.
Se tivesse que apostar, eu diria que o PT pode estar acreditando que repetirá o fenômeno de 2000, quando saiu das últimas posições para ganhar a eleição, em Aracaju, no primeiro turno. A possibilidade de ter a presença de Lula na campanha estaria a turbinar tais esperanças.
É, contudo, um caminho perigoso. Começa pelo fato de Márcio Macedo (e nenhum outro petista) ser o saudoso Marcelo Déda. O momento político também é muito diferente. Vale lembrar que Valadares não tinha um trabalho à frente da PMA para mostrar. Outra coisa é que, dificilmente, o compadre Lula terá agenda para fazer campanha em Aracaju constantemente.
Certamente, até pela sua amizade com Márcio, Lula deverá olhar para Aracaju com carinho. Dará uma força. Entretanto, é bom lembrar que o PT estará em outras disputas pelo Brasil que, de igual modo, exigirão a presença da sua maior estrela. A solução, portanto, precisa ser encontrada bem mais em Sergipe. O PT sabe como crescer a sua pré-candidatura?
O PT decidiu ter candidato próprio e precisa pagar o alto preço de saber construir um projeto que, pelo menos, lhe assegure a mínima chance de vencer. E num país onde uma considerável fatia do eleitor só vota em candidato que aparece bem nas pesquisas, a parte de baixo da lista jamais será uma zona de conforto – mesmo que estejamos a oito meses da eleição.