Apesar de a capital sergipana não estar passando por uma epidemia de dengue, conforme o primeiro Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) de 2024, ainda assim, a Prefeitura de Aracaju segue constantemente promovendo ações visando combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como a dengue, chikungunya, zika e a febre amarela.
Iniciativas essas realizadas por órgãos da gestão municipal, como a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Secretaria Municipal de Educação (Semed), Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), entre outros, que têm garantido um efetivo controle e combate da proliferação do Aedes na capital.
A secretária municipal de Saúde, Waneska Barboza, ressalta que a pasta tem feito, principalmente, ações de prevenção, por meio do trabalho dos agentes de endemia que percorrem, diariamente, os bairros, adentrando as casas, orientando à população sobre como identificar focos. A gestora destaca ainda que o momento atual – período de sazonalidade, com altas temperaturas e índices de chuvas – exige um cuidado maior.
“Estamos em um momento de alerta, que é o verão, e o mês março. A partir de agora, começamos a ter uma intensificação das chuvas e, com isso, a gente aumenta ainda mais o risco de oportunizar o desenvolvimento dos mosquitos em poucos dias. Então, nós vamos intensificar ainda mais essa orientação à sociedade, a orientação nas escolas, a orientação da comunidade para que cada um seja fiscal do seu ambiente de trabalho, do seu ambiente de residência e, com isso, a gente consiga fazer a prevenção”, disse.
Os agentes de endemias da SMS são profissionais capacitados que realizam o importante trabalho de combate ao mosquito vetor, com visitas diárias para vistoriar depósitos, terrenos baldios e estabelecimentos comerciais, em busca de focos ou criadouros do mosquito em caixas d’água, calhas, telhados e outros locais. As visitas são realizadas em diversos bairros da capital, tanto em residências, quanto em comércio e outros tipos de imóveis, e estão sendo intensificadas, a partir do trabalho da campanha Aracaju contra a Dengue, lançada pela Prefeitura de Aracaju no final do mês passado.
A ação acontece de segunda à sexta-feira e, durante os sábados, são realizados mutirões com os agentes de endemias e de limpeza, em uma parceria com a Emsurb. Em alguns dias da semana também está sendo aplicado o fumacê, em bairros onde circula um grande volume de pessoas, com o objetivo de bloquear a transmissão.
A participação da população também é de grande importância. De acordo com o gerente do Programa Municipal de Combate ao Aedes (PMCA), Jeferson Santana, é preciso que “as pessoas observem suas casas, seus quintais e que, se tiver a necessidade de armazenar água em lavanderias, caixas d’água e tonéis, que os recipientes sejam muito bem tampados e que seja mantida uma rotina de limpeza pelo menos uma vez por semana”.
Educação
Ainda com o objetivo de combater possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), está realizando a coleta de itens inservíveis nas 79 escolas da rede municipal. São objetos como carteiras, armários, entre outros, que estão sendo retirados das escolas para evitar que focos dos mosquitos se instalem. A ação foi iniciada no dia 21 de fevereiro e o recolhimento começou pelas unidades de ensino em que há mais quantidade de itens que não mais são utilizados.
De acordo com o secretário municipal de Educação, Ricardo Abreu, esta ação é realizada durante todo o ano civil, mas que, por conta do alerta de saúde pública sobre os possíveis surtos de dengue, a Semed se antecipou e determinou o recolhimento dos inservíveis junto com a Secretaria Municipal de Planejamento Orçamento e Gestão (Seplog), para que sejam acondicionados em uma instalação na qual não exista risco de acúmulo de água e proliferação de focos de mosquito da dengue.
“Também estamos realizando formação com gestores escolares para que, dessa forma, nós tenhamos condições de realizar ações pedagógicas no âmbito das escolas, tanto no que diz respeito à produção do material e para que os próprios estudantes se informem sobre o que é a dengue e como ela pode ser transmitida. Também, em parceria com a Saúde, nós vamos formar a Brigada Mirim contra a Dengue, em que os nossos próprios estudantes da rede serão os fiscais de Aracaju, para que a gente possa identificar com maior velocidade os possíveis focos de dengue na cidade e que possamos, em última análise, permitir que a Prefeitura possa eliminar esses focos”, afirmou.
Canais de denúncia
A participação da população é de extrema importância para o combate ao inseto. Diante disso, a Prefeitura colocou à disposição alguns canais para fazer registros e denúncias, como este formulário. O usuário deve preenchê-lo com os dados necessários, além de disponibilizar fotos ou vídeos e o endereço da localização denunciada.
Há ainda outro canal de denúncia para informar à Saúde de Aracaju locais com a presença de criadouros. Através do número 0800 729 3534 na opção 1 (MonitorAju) e na opção 2 (Ouvidoria), as pessoas podem fazer a denúncia da localidade com foco do mosquito e solicitar os serviços dos agentes de endemias.
Monitoramento
Através do MonitorAju, a gestão municipal tem dado suporte aos usuários com sintomas de doenças causadas pelas arboviroses. O monitoramento é feito por telefone, através do número 3304 3534, que realiza ligações para avaliação das queixas de sinais e sintomas da dengue, zika e chikungunya. O contato mantido entre a equipe de enfermeiros, médicos e técnicos de enfermagem inicia quando o paciente informa a suspeita da doença para uma Unidade de Saúde da Família (USF) e já aguarda pelo resultado do exame enviado para análise do Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe (Lacen).
A coordenadora do MonitorAju, Elaine Arcanjo, explica que o acompanhamento se dá pela análise dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente durante os sete primeiros dias da doença. “Este é o tempo crítico onde as arboviroses podem evoluir e, caso não haja medidas rápidas para identificação dos sinais de alarme, pode levar ao óbito. Considerando isso, o MonitorAju recebe da área técnica os dados desse paciente suspeito [nome completo, idade, telefone para contato, dentre outras informações necessárias] para que seja iniciado o monitoramento. O serviço acompanha diariamente o estado de saúde desses usuários por contato telefônico, por isso é tão importante manter os dados cadastrais nas unidades de saúde sempre atualizados, avaliando as queixas de sinais e sintomas, assim como também a presença de comorbidades”, relata.
Entre as diversas orientações sugeridas pelo MonitorAju, umas das mais importantes é a hidratação, por ser um fator crucial para a melhora do quadro clínico, bem como a alimentação. O serviço também investiga a presença de mais pessoas adoecidas na residência do usuário e que estejam com sintomas suspeitos de arboviroses, além de informar a necessidade de procurar atendimento médico o quanto antes para avaliação. Em Aracaju, todas as 45 Unidades de Saúde da Família (USFs) estão aptas para o acolhimento das pessoas com sinais e sintomas leves das arboviroses.
Sintomas
A população deve se manter atenta aos principais sintomas, sendo eles: febre alta, dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. Já as pessoas que apresentam os sinais de alarme como dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes, qualquer tipo de sangramento (pele, mucosas, digestivo, ginecológico, urinário, etc), tontura, fraqueza, desmaio, dentre outros, considerados sintomas moderados e graves, devem se deslocar para uma unidade hospital ou para os Hospitais Municipais Fernando Franco, Nestor Piva e o Hospital de Urgências de Sergipe João Alves (Huse).
“Temos também um protocolo na nossa rede de urgências, em nossos hospitais, para que qualquer paciente que chegue com sintomas que possam levar suspeita de dengue, chikungunya ou zika, que sejam coletados os exames para que a gente mande para o Lacen e identifique se realmente é uma dessas três arboviroses, para que a gente possa monitorar efetivamente a circulação do vírus. O mosquito existe, a nossa função é não permitir que ele se desenvolva, mas a gente também precisa identificar que vírus está circulando, para que nós possamos orientar como deve ser feita toda a conduta médica nos hospitais”, explicou a secretária Waneska Barboza.