A educação em tempo integral nos ciclos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental é um modelo educacional que permite oferecer aos alunos uma formação mais completa e eficiente. Visando a formação e o desenvolvimento dos estudantes, a rede municipal de ensino da capital sergipana possui duas escolas de tempo integral, uma no ensino infantil, com 202 alunos, e outra no ensino fundamental, com 303 alunos, geridas pela Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Educação (Semed). A pretensão é construir uma escola de ensino integral em cada região educacional.
O ensino em tempo integral vai muito além de otimizar as horas disponíveis, ampliando o tempo que os alunos passam na escola. Com a educação em tempo integral, a escola trabalha o acolhimento, o reconhecimento e o desenvolvimento das crianças por meio de um conjunto de competências cognitivas e socioemocionais. Com o planejamento da rotina, a organização para o estudo e a concentração de todas as atividades em um só local, a criança pode participar de diversas experiências enriquecedoras com praticidade e segurança.
De acordo com o secretário municipal da educação, Ricardo Abreu, uma escola em tempo integral vai desenvolver muito mais do que reforço no contraturno, é um currículo pensado para que os alunos tenham a oportunidade de realizar atividades diferenciadas, como atividades esportivas, atividades de reforço, laboratórios e ioga, por exemplo.
“A ideia da escola de tempo integral é uma escola que vai permear, em cada um dos turnos, aquelas atividades que a gente já conhece, as disciplinas, os conteúdos que os alunos já fazem, mas também outras atividades lúdicas e esportivas, de reforço, de atendimento biopsicossocial, de estímulo. É um currículo pensado para que o aluno não fique só mais tempo numa escola do mesmo jeito, é um currículo pensado para que o aluno fique em dois turnos, mas que ele também tenha a oportunidade de participar de atividades diferenciadas. Os alunos seguem toda a programação que uma escola de tempo parcial tem, mas eles também participam de atividades prazerosas”, explica Ricardo.
“Durante o período que elas passam aqui, nós buscamos sempre trazer atividades diferenciadas. Além do currículo da educação básica, nós também trabalhamos com os macrocampos educacionais, que são áreas do conhecimento onde nós envolvemos a criança com a comunidade, com a família, estamos sempre explorando os diferentes campos de inteligência, seja de interação social ou de lógica matemática”, explica a diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Jornalista João Oliva Alves, Elainy Mary Oliveira dos Anjos.
Além disso, o aluno que tem a oportunidade de estudar nesse projeto pedagógico pode usufruir de um período maior no ambiente escolar e, consequentemente, receber um auxílio pedagógico específico, sanar dúvidas disciplinares e trabalhar suas dificuldades acadêmicas no próprio colégio. Como consequência, há uma tendência de melhora do rendimento em sala de aula, além do desenvolvimento da autonomia e do autoconhecimento.
A prática de esportes, o aprendizado de línguas estrangeiras e a capacitação para enfrentar desafios lógico-matemáticos e desenvolver uma conscientização ambiental e corporal são exemplos de atividades desenvolvidas no projeto de educação em tempo integral. Inclusive, a rede municipal de ensino está desenvolvendo a primeira experiência com um profissional de educação física atuando na educação infantil. Desse modo, além de se preocupar com o domínio intelectual, a escola também se torna um espaço propício para a prática de atividades que possibilitam o desenvolvimento físico, cultural e socioemocional dos estudantes.
“Uma coisa que podemos destacar na escola de educação infantil é que nela nós estamos desenvolvendo a nossa primeira experiência de termos um profissional de educação física atuando na educação infantil, com o trabalho de estimulação para que seja trabalhada a motricidade e tenhamos uma criança com um melhor desenvolvimento motor durante a sua idade até os seis anos de idade, ao adentrar o ensino fundamental, e assim ela possa ter uma maior facilidade para o seu desenvolvimento pedagógico. Então é a primeira experiência que nós temos na rede infantil com educação física, para que a partir dessa experiência nós possamos traçar um caminho para implantar em todas as unidades essa figura do professor de educação física atuando na educação”, diz o diretor do Departamento de Educação Básica, Evilson Nunes.
Informação e aprendizado
De acordo com a secretária adjunta da Educação, Maria Antônia Arimateia, em turmas de período integral, os alunos passam mais tempo em contato com outras crianças, o que promove maior troca de informações e aprendizado. Assim, os estudantes fortalecem suas relações de amizade e aprendem a conviver com as diferenças, o que é fundamental para o desenvolvimento da empatia, da capacidade de comunicação e do respeito.
“Nós fazemos um balanço muito positivo de que as famílias estão muito satisfeitas com o trabalho. Quando nós pensamos nas duas unidades de ensino integral, pensamos também no perfil dos gestores, então cada uma tem gestores muito qualificados, que têm feito, junto com os professores, um trabalho muito significativo. Na educação infantil, no caso das creches e berçários, as crianças são estimuladas, tem o horário de dormir, a cama, espaço para que ela possa dormir, possa descansar, o espaço para que a mãe possa ir amamentar, então é um espaço totalmente pensado para melhor atender as demandas dos alunos e todo comunidade escolar”, completa Maria Antônia.
“O ensino integral tem sido muito bom, meu filho fica o dia todo aqui interagindo e aprendendo coisas novas a cada dia. O comportamento dele melhorou bastante depois disso, porque agora ele sente mais vontade de estar aqui, participa das atividades, e já ganhou até medalha por participar de algumas modalidades esportivas. Eu me sinto muito mais tranquila e confiante que ele está em um ambiente seguro e acolhedor”, declara Gardênia Raquel dos Santos Vieira, mãe de Davi Miguel, aluno da Emef João Oliva Alves.
Reginaldo Batista de Santana, avô de dois alunos também da Emef João Oliva Alves, fala que o fato dos netos passarem mais tempo na escola ajudou a desenvolver suas habilidades sociais. “Muita coisa melhorou, eu percebi que eles avançaram muito nos estudos, agora já sabem ler e escrever, além de conseguir socializar melhor com as pessoas”, diz.
Foto: Michel de Oliveira/PMA