Garantir a inclusão de Pessoas com Deficiência (PCDs) no mercado de trabalho é umas das prioridades para a Prefeitura de Aracaju, através da Fundação Municipal de Formação para o Trabalho (Fundat). Entretanto, no primeiro trimestre deste ano, a Agência do Trabalhador ofertou 70 vagas de emprego destinadas às PCDs, mas apenas 17 foram contratadas. De acordo com o presidente da Fundat, Luiz Roberto, a falta de candidatos se dá devido ao Benefício da Prestação Continuada (BPC), da Previdência Social, que garante um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência.
“Eles acabam se acostumando com esse recurso e não se interessam por um emprego formal que pode trazer outros benefícios, como um plano de saúde, ticket alimentação, cesta básica, que são possibilidades de aumentar o ganho”, contou.
Ele ressalta que as pessoas com deficiência que trabalham formalmente não perdem o direito de receber o benefício do INSS. “Durante o período em que eles trabalham o benefício fica suspenso, mas quando eles perdem o emprego, o salário volta a ser pago normalmente”, explica o presidente da Fundat.
José Silveira Neto tem apenas 19 anos de idade e possui dismetria, que é quando o comprimento de um membro do corpo é menor que o outro. Ele sempre quis trabalhar e não foi difícil conseguir um emprego. “Quando entreguei o meu currículo, eles já estavam precisando de uma pessoa para ocupar a vaga de deficiente, fui chamado para trabalhar imediatamente,” contou. Ele trabalha há dois anos e nove meses como recepcionista em uma universidade.
Para o diretor de Empreendedorismo e Cooperativismo da Fundat, Márcio Rodrigo Oliveira, quando a pessoa com deficiência está inserida no mercado de trabalho ela passa a contribuir de outra forma com a sociedade, além de receber mais benefícios, “Eles passam a ter direito ao FGTS, auxílio-doença, décimo terceiro e a aposentadoria, com um salário maior do que o benefício que eles recebem, colaborando com a sociedade através do seu trabalho”, falou.
Com deficiência auditiva severa, Maria Alice Fontes, 22, começou a trabalhar desde os 17 anos de idade e há dez meses atua como auxiliar administrativa também em uma universidade. Apesar das dificuldades, ela possui uma vida ativa. “Além de trabalhar, estudar e ainda cuidar do meu filho, sempre corri atrás dos meus objetivos, nunca deixei que a minha deficiência fosse um obstáculo para a minha vida”, relatou.
Maria ainda disse que possuir uma deficiência não é motivo para não estar inserido no mercado de trabalho, “Não podemos desperdiçar as oportunidades de emprego, mesmo com deficiência somos capazes de exercer várias funções, existem tantas pessoas em situações mais delicadas do que a minha que não possuem braço, nem perna e vivem como pessoas ativas,” observou.
Como intermediador entre empresa e funcionário, a Fundat também recebe o retorno do trabalho realizado pelas PCDs nas empresas. “Temos contato com os empregadores e recebemos bastante retorno quanto ao trabalho exercido por eles. Muitos não levam a sério ou trabalham por pressão da família, e com 30 ou 60 dias pedem para sair, com isso as empresas não conseguem preencher a cota estabelecida por lei,” relatou o diretor.