Por Joedson Telles
A polêmica pesquisa feita pelo Instituto Dataplan, divulgada, nesta quarta-feira, dia 25, e posta em xeque pelo PSB e pelo DEM, pode levar empresa e contratantes à Justiça, sendo alvos de uma investigação rigorosa aos olhos imparciais não apenas do sério Ministério Público Federal, mas também da atinada Polícia Federal. Basta que o DEM, o PSB e outros insatisfeitos levem mesmo o caso adiante.
Os argumentos dos partidos que se sentiram prejudicados, de fato, têm sentido. Vejamos. O PSB observa que os números divergem de outras pesquisas. Já o DEM pontua que, mesmo com o ex-deputado federal Mendonça Prado anunciando uma pré-candidatura ao Governo do Estado, há seis meses, seu nome não consta da lista dos pré-candidatos no momento das perguntas estimuladas ao eleitor. Indignados, os partidos prometem não deixar barato.
Já disse neste espaço e insisto: pesquisa feita num momento em que sequer há registro de candidaturas, quando não se sabe quem estará oficialmente na disputa, exceto para consumo interno, espelha açodamento. Cheira mal…
A própria imprensa precisa não entrar na onda. Num terreno tão minado como a política, fica difícil acreditar que não há pesquisa feita com o objetivo de induzir o eleitorado a decidir o voto por “A” ou “B”.
Muitas vezes, inclusive, “A” ou “B” aceita a desfaçatez de uma proposta de determinados pesquisadores torpes e pagam pelo resultado esperado. O dinheiro quase sempre é público, óbvio. Muita gente sabe disso, quase ninguém prova, poucos são favorecidos e o coletivo é prejudicado.
Lembro em tempo que estamos num país onde pensar soa artigo de luxo. Uma considerável fatia do eleitor, lamentavelmente, vota como se estivesse num estádio de futebol torcendo pelo Confiança ou pelo Itabaiana.
Não pensam nas consequências de um voto errado. Aliás, muitos sequer têm a noção da imperiosa necessidade de se analisar quem é quem no escuso jogo, sob pena de ajudar a eleger um político ficha suja, um ladrão cercado de iguais, formando uma quadrilha pronta para avançar nos cofres públicos com cólera contra quem emergir no caminho.
Não sejamos tolos: o objetivo de determinadas figuras é roubar mesmo. No máximo, pensar na sociedade no varejo para ludibriar e meter a mão no dinheiro público no atacado. Mas estão na vida pública para desfalcar.
Este tipo de político que, óbvio, deveria ser excluído, extirpado, chutado no traseiro da vida pública e preso acaba sendo beneficiado pela junção da coragem intrínseca de ser corrupto, apostando na impunidade, mais a ignorância do eleitor torcedor que decide voto sem a devida reflexão.
Sem uma investigação séria dos órgãos competentes, entretanto, soa impossível detectar quem são os bandidos – contratantes e contratados – neste ramo das pesquisas. Como em tudo na vida, há gente séria e o contrário.
Como sempre lembro, todos são inocentes até que se prove o contrário. A pesquisa Dataplan, mesmo posta em xeque, só pode ser considerada criminosa, como adjetivou o pré-candidato excluído Mendonça Prado, depois que uma investigação assegurar – se assegurar – subsídios ao Poder Judiciário para tal juízo. Ainda que PSB, DEM e outros não tenham dúvida da falta de lisura, sem provas, ninguém pode ser condenado. É constitucional.
P.S. Veja uma conversa que time hoje com Mendonça Prado pelo whatsapp sobre o assunto:
“É preciso moralizar a política”, diz Mendonça
Como avalia a pesquisa Dataplan?
Pesquisa que não inclui os nomes de todos que estão colocados publicamente como pré-candidatos não retrata a verdade. Se não tem veracidade é mentirosa.
Quem pode está por trás?
Em Sergipe, todos se conhecem. Certamente, o instituto deverá dirimir dúvidas quando questionado pelas autoridades. Afinal de contas, a lei eleitoral estabeleceu regras claras e não admite ações que poluam o ambiente democrático.
Descarta a possibilidade de a pesquisa ser paga por algum interessado?
Como haverá representação junto aos órgãos competentes, certamente essa indagação terá uma resposta. É preciso moralizar a política e para isso sabemos que o Brasil conta com eficiência e seriedade do Ministério Público e da Polícia Federal.
Cabe uma denúncia à polícia?
Cabe representação ao Ministério Público Eleitoral – e, se for do entendimento do órgão, haverá investigação através das instituições policiais. Acho importante até para inibir a manipulação do eleitorado na campanha eleitoral.
É o sinal do que pode ser as eleições?
O que pode ser as eleições em Sergipe não se constata com esse fato, mas pelos cidadãos que estão interessados em disputar as eleições.
Como a sociedade pode filtrar?
A sociedade sabe identificar essas questões. Seguramente, os que pensam diferente subestimam a inteligência do povo.