A obra de maior impacto social que vai transformar a mobilidade urbana na capital sergipana segue avançando e já traz novos contrastes para a geografia da cidade e, em breve, com a conclusão dos serviços, mudará também a vida da população que vive nas Zonas Oeste e Norte de Aracaju.
A empreitada em pauta é a construção da nova avenida da cidade, a Perimetral Oeste, que ligará Aracaju ao município de Nossa Senhora do Socorro, passando por cinco bairros da capital ao longo de 7,5 km: Lamarão, Santos Dumont, Soledade, Jardim Centenário e Bugio.
Fruto de um financiamento firmado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Prefeitura de Aracaju investe cerca de R$ 150 milhões na obra, projeto que faz parte do Programa de Requalificação Urbana do município. Para que ela pudesse ser iniciada e para que possa ter continuidade na construção, um dos principais eixos-chave para a sua execução, além do cuidado social com os moradores dessas áreas, que estão sendo acompanhados pela Assistência Social do município, é com a questão ambiental e a redução do impacto no ecossistema presente na região, que é predominantemente de manguezal.
“Estamos fazendo uma obra de requalificação urbana e de reestruturação em uma área da cidade. Esse é um projeto que tem um impacto significativo, uma obra que muda o padrão de qualidade em toda uma área da cidade e, naturalmente, quando você tem um impacto maior na obra, você precisa tomar os devidos cuidados para que os ativos ambientais sejam adequadamente preservados de forma equilibrada em um processo desse tipo. Há orientações assim, inclusive, dentro da doutrina do próprio BID e a Prefeitura atende isso de forma rígida e consistente para que todos os impactos, tanto sociais como ambientais, sejam devidamente incorporados ao processo da obra de estrutura de modo que tudo seja mitigado de forma adequada”, explica o secretário municipal do Meio Ambiente, Alan Lemos.
Tendo em vista a redução do impacto com a obra, a Prefeitura se comprometeu com a criação de uma Unidade de Conservação (UC) na região, com uma área de aproximadamente 100 hectares. Além disso, a obra passa por rigorosos processos de acompanhamento e monitoramento coordenados por equipes multiprofissionais e multissetoriais, como a própria Secretaria do Meio Ambiente (Sema), a
Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), a Secretaria Municipal do Orçamento, Planejamento e Gestão (Seplog) e Assistência Social, tudo de forma integrada para evitar qualquer risco na execução do serviço e seus possíveis impactos ambientais.
Fauna e flora
Além da criação de uma área de proteção no local, a Prefeitura de Aracaju atua, desde antes do início da obra, na proteção da fauna e flora da região, por isso produziu um inventário das espécies existentes na área antes da etapa de supressão de vegetação no local, bem como realizou diagnósticos socioambientais e estudos de impactos. Todo esse processo foi acompanhado por técnicos que atuam no segmento ambiental para que a obra ocorra de forma mais sustentável e responsável com o ecossistema presente nos bairros por onde a nova avenida irá passar.
“Elaboramos rotineiramente relatórios ambientais que trazem um diagnóstico específico da fauna, da flora e dos impactos advindos com a construção. Ele mostra as espécies existentes, contemplando o inventário, que mostra o porte delas e o grau de biodiversidade existente na área. A obra só pode ser prosseguida a partir do momento que ela é acompanhada, então a cada trecho de execução, a equipe de engenharia informa à equipe ambiental, como quando ocorreu a supressão da vegetação, por exemplo. A partir dessas ações coordenadas, vamos com uma engenheiro ambiental, florestal e biólogo acompanhar todo o processo”, detalha a engenheira florestal e coordenadora ambiental do Programa Construindo para o Futuro, Heloisa Rodrigues.
A cada trimestre, um relatório ambiental é enviado para o BID, que analisa todas as informações no que diz respeito a este tema sobre a obra, uma vez que este é um dos principais requisitos estipulados pela instituição para que a Prefeitura siga à risca e , com isso, o projeto possa ter continuidade. As informações que constam nesses documentos vão além daquilo que diz respeito à fauna e flora, mas contemplam também a situação dos recursos hídricos do local, estado do solo, emissão de ruídos e uma série de outras questões ambientais de interesse do banco e do município.
Trabalho contínuo
Antes do início dos trabalhos de supressão de algumas áreas por onde passará a nova avenida da capital, equipes da Prefeitura averiguaram todo o local com o intuito de salvaguardar a fauna local, identificando as espécies presentes, realizando o salvamento delas ou auxiliando no afugentamento para a área de mata em seus respectivos habitats. Com o processo de supressão, o acompanhamento dos profissionais da área ambiental permaneceu com o mesmo intuito e agora, após a finalização dessa etapa, o trabalho continua não só na área, com a instalação de barreiras de contenção, para evitar problemas provenientes do movimento das máquinas, como erosões e assoreamentos, mas também com a comunidade, com trabalhos educativos.
“Contamos com um acompanhamento e fiscalização regular por parte da Sema, enquanto a obra segue em execução. Além disso, esse trabalho conta ainda com a supervisão nossa e de uma terceirizada, mas também nos preocupamos com a questão de ações educacionais. Entendemos que não adianta apenas fazer a obra e proteger a fauna e flora, mas também é necessário explicar à sociedade a importância de proteger essa área que será de convívio deles. Mostrar porque está sendo feito e levar para essas pessoas uma sensibilização maior com as questões ambientais.Sabemos que têm os impactos, oriundos da própria obra, que a gente trabalha para mitigar, mas se a população não chegar junto, não entender a importância e não fazer a sua parte de conservar, não adianta”, conta Heloisa.
Por isso, a Prefeitura de Aracaju tem atuado rotineiramente nesses bairros, com trabalhos de conscientização realizado com crianças, adolescentes, adultos e idosos, contemplando todos os moradores, de todas as idades, com aplicação de oficinas, palestras, distribuição de cartilhas que explicam a importância da conservação do mangue, a necessidade do descarte correto de resíduos e uma série de outras atividades de cunho de educação ambiental junto à população local que fará uso e terão suas vidas transformadas com a Perimetral Oeste.
Foto: Sergio Silva/PMA