Já deixei evidente todas as vezes que tive oportunidade minha aversão à Rede Globo. Exceto o Flamengo, quando não está em um canal fechado, não vejo nem telejornal. Cismei desde os tempos de calouro do curso de jornalismo na velha UFS e não teve oração para reverter o quadro.
Nada contra os profissionais, aliás, muitos são excelentes, mas tudo contra um projeto econômico à custa de embrutecer o brasileiro. E neste terreno, o destaque vai, sobretudo, para os campeões inquestionáveis: os animadores Fausto Silva e Galvão Bueno.
Miseravelmente desprovidos de simpatia, amealham uma repulsa que nem os políticos conseguem superar. E olha que o brasileiro tem os políticos na ponta da língua quando o assunto gira em torno do verbete rejeição.
Esta antipatia está a perpassar a ideia do presidente da Câmara de Aracaju, Vinícius Porto, em conceder um título de cidadão aracajuano a Galvão Bueno. O assunto é moda nas redes sociais. Evidente entre críticos que têm restrições ao global, mas muito mais entre adversários políticos de Vinícius e do seu agrupamento.
À primeira vista, até pelo que já adiantei nas primeiras linhas deste texto, confesso que também não entendi bolufas nenhuma. Galvão Bueno importante para Aracaju?
Todavia, como sempre consulto os botões antes de emitir quaisquer juízos, chego à conclusão que o presidente Vinícius Porto acertou. Teve visão. Não é o que Galvão fez, mas o que pode fazer. E não custa arriscar.
Evidente que não mudei o meu conceito sobre Globo e homenageado. Mas, cá prá nós, é possível colocar em xeque a força da audiência da Rede Globo também no esporte? Há dúvida que – mesmo antipático – Galvão Bueno é o principal nome da emissora neste terreno? O manda chuva?
Dá para negar que o fato de cobrir a Seleção Brasileira e a Fórmula 1, há vários anos, somado ao já citado peso da Globo, emite a Galvão Bueno um prestígio ímpar no esporte brasileiro? Quem, exceto alguns atletas e ex-atletas, tem o seu prestígio no meio esportivo para abrir ou fechar portas? Uma coisa é gostar de Galvão Bueno. Outra bem diferente é não reconhecer o seu sucesso.
Óbvio que figuras como Florentino Pérez, o boss do Real Madrid, o maior time do mundo, podem se dar ao luxo de andar para Galvão Bueno. Mas o futebol sergipano, não. Quem é o esporte sergipano perto da Rede Globo? Aproximar o nosso pobre esporte de uma personalidade esportiva como Galvão Bueno pode ser um importante passo para coisas positivas no futuro. É só administrar bem a semente jogada na terra fértil.
Evidente que o título de cidadania em si não resultará em vermos, por exemplo, o Confiança, e muito menos o Sergipe, na primeira divisão do futebol brasileiro – e ainda dentro do G4 – já no ano que vem. É preciso não perder a sintonia, avançar na relação criada e ver como é possível usufruir disso para melhorar o nível do nosso esporte dentro de um projeto a médio e longo prazo. Como disse, é um passo. Precisamos de outros. Mas pensar em investidas que aproximem Sergipe de uma realidade nova é sempre um bom caminho.