Por Joedson Telles
Leio que o Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Sergipe (Sinpol/SE) acusa o Governo do Estado de perseguir o policial civil Heráclito Menezes. O motivo, segundo o próprio sindicato, o fato de Heráclito ter enviado uma “mensagem de desabafo” para o telefone pessoal do governador Belivaldo Chagas.
Não satisfeito, o governador bateu à porta da Corregedoria da Polícia Civil, o processo administrativo foi instaurado e o policial está afastado de suas funções. Heráclito não perdeu os vencimentos, mas foi obrigado a entregar arma e carteira funcional e pode, a depender do desfecho, ser expulso da polícia.
Evidente que ninguém fica feliz com a notícia. Não é bom saber que um servidor público, um pai de família está sendo impedido de trabalhar. Sem falar que, sem arma, qualquer policial tende a ser presa fácil nas mãos da criminalidade que combate no dia dia. E usar uma arma ilegal pode lhe trazer novas e terríveis complicações.
Todavia fica difícil, até mesmo para o Sinpol, que cumpre bem o seu papel, registre-se, criticar o governador Belivaldo Chagas por ter buscado os meios legais para mostrar sua indignação com a tal mensagem de desabafo – sobretudo quando não se sabe o conteúdo. Pela reação do governador e pelo fato de Heráclito pedir perdão, supõe-se que se trata de algo grave.
Ofensas? Desrespeito à hierarquia? Ameaças? Os verbos não são do conhecimento público. Entretanto, uma coisa é certa: um político calejado como Belivaldo Chagas, que já recebeu muitas críticas e sempre respeitou a democracia, um político aberto ao diálogo não levaria o caso à Corregedoria de Polícia se fosse algo dentro da normalidade.
Aliás, o fato de o Sinpol resumir em “mensagem de desabafo” sem, contudo, tornar público o conteúdo – e o próprio policial não o fazer também – aumenta a suspeita de ser, de fato, algo grave.
E se for grave, ainda que o homem Belivaldo possa perdoar, o chefe do Poder Executivo teria a obrigação de agir em sintonia com as normas e leis vigentes. Jamais ele deve usar da influência do cargo para perseguir. Mas precisa, sim, cobrar que a Corregedoria de Polícia trabalhe de forma séria, seja para inocentar ou punir. Às vezes, o amargo remédio é pedagógico. Já pensou se a moda pega?