Por Joedson Telles
Reproduzo trechos do que eu mesmo ajuizei neste espaço, dias atrás, sobre o caldeirão a ferver em que transformou o PSDB/SE. Aspas para mim mesmo:
“(…) Um bi-campeonato de João Alves, evidente, lhe tiraria o direito de tentar permanecer prefeito em 2020. E, em se tratando de João, ninguém duvida que, nestas circunstâncias, ele é homem para tentar o tetra: ser governador de Sergipe pela quarta vez, em 2018. Não preciso escrever o que isso significaria para o time de Eduardo Amorim”.
Já, já entro em campo. Vejam este outro trecho:
“Ter o vice seria um trunfo ou um consolo. Obrigatoriamente, Eduardo Amorim, caso tentasse o governo, em 2018, teria João como aliado ou no seu palanque o novo prefeito de Aracaju. Não disputaria a bola contra o jogador do governador Jackson Barreto (Belivaldo Chagas?) isolado. João Alves, obviamente, opta pela frase ‘time que ganha não se mexe’. Em disputando e vencendo o governo do Estado, sonha deixar Machado na Prefeitura. Com Maria no Senado, o Negão garantiria o que os boleiros chamam ‘tríplice coroa’. Inquieto, deve estar neste momento fazendo estas e outras conjecturas – como um treinador que olha para o banco de reservas e pensa como vai mexer no time para garantir a vitória. Mas calma. O jogo não acabou. João não decidirá nada agora. Somente aos 44 do segundo tempo. Segundos antes de o árbitro apitar. Já é uma jogada manjada.”
No gramado. A jogada desenhada tanto por João Alves quanto pelo senador Eduardo Amorim parece óbvia: suceder Jackson Barreto, a partir de janeiro de 2019. Se não for, bote coincidência nisso. E o PSDB, sobretudo seu tempo de TV, sua estrutura e seu peso na esfera política nacional, soa artigo de luxo para qualquer um que almeje disputar o Governo do Estado de Sergipe, em 2018.
Note-se que a coisa se afunila, sobretudo, porque os adversários dos tucanos em Sergipe são os mesmos em Brasília, onde o PSDB terá nome certo para tentar substituir Dilma Rousseff, visando consertar erros que até aliados da petista já admitem. Nestas circunstâncias, óbvio que o PSDB Nacional quer um palanque forte em Sergipe. Fita o estado como terreno fértil.
Neste projeto de fortalecimento do partido, visando 2018, o simples se tornou abstruso. Os líderes do PSDB Nacional, por reconhecimento e gratidão, enxergam em João Alves, que no contexto se confunde com José Carlos Machado, um cabo eleitoral imprescindível para o presidenciável tucano amealhar votos em Sergipe. De fato, têm razão. Quem, entendendo minimamente de política, abre mão de ter João Alves gastando sola de sapado? Se adversários históricos, como o governador Jackson Barreto, já pleiteou seu apoio, imagine um aliado.
Já “contando com João Alves”, o PSDB Nacional, entretanto, fez a segunda aposta: atrair para os seus quadros o senador Eduardo Amorim. Outra grande liderança da oposição sergipana, que não apenas tem um mandato de senador da República, que por si só já justifica qualquer assédio político, como também pode ser o nome do partido para encabeçar uma chapa para o Governo do Estado, em 2018.
O PSDB Nacional, contudo, ao projetar a festa, demonstra ter esquecido tomar Engov (um antes e um depois), ao não contar com o sonho de João Alves em voltar ao Governo do Estado. Se ambos – João e Eduardo – baterem os pés e não desistirem de disputar o governo, como administrar o “imprevisto” sem romper a aliança? As duas candidaturas mantidas e a união num segundo turno contra o candidato do governador? Uma alternativa. Mas fragmentar estrutura contra um candidato governista, e, sobretudo o tempo de TV, num país onde o marketing já provou ganhar e perder eleição, é inteligente? Não seria arriscar dar Jackson Barreto no primeiro turno?
O problema do PSDB e envolvidos é a tal da física, que dissolve qualquer tentativa de dois corpos ocuparem o mesmo espaço ao mesmo tempo. E não há manobra política capaz de descartar a chamada Lei de Newton. Alguém tem que jogar a toalha.
A prudência manda aguardar o desfecho, evidente. Os atores se reúnem, conversam, voltam a se reunir, dialogam… Mas, até o momento, não conseguem tirar o câmbio do ponto morto. Creio que, em se mantendo o quadro desenhado, ganhará o grupo do governador Jackson Barreto, que poderia estar enfrentando problemas com uma oposição forte, mas assiste à novela tucana de camarote tranquilamente, torcendo, óbvio, por um rompimento inconsertável.