“Se ele vai ser candidato, pode ser ou não. De um a 10, eu digo 5 para ser e 5 para não ser”
Por Joedson Telles
Nesta entrevista que o vice-prefeito de Aracaju, José Carlos Machado (PSDB), concedeu ao Blog do Joedson Telles, entre outros assuntos, ele rechaça as críticas feitas ao prefeito João Alves pelo PC do B, por conta das chuvas, comenta as pesquisas favoráveis a uma pré-candidatura de João Alves ao Governo do Estado, em 2014, e ainda explica que Aracaju não perderá a chamada Zona de Expansão para o município de São Cristóvão. “O compromisso do prefeito João Alves de resolver definitivamente essa questão e transformar aquela região num bairro modelo está de pé”, diz.
Estão tentando fazer o problema da Zona de Expansão maior que o seu tamanho real?
Você colocou muito bem. A discussão sobre essa questão começou em 1989, na elaboração da constituinte estadual. Nós, eu era deputado constituinte, incluímos o artigo 37 das disposições transitórias definindo essa questão. O tempo passou, ninguém tomou providência nenhuma. Parece que na época acharam que o problema não tinha importância como tem hoje. O deputado Garibalde, em 1999, resolve dar uma nova redação ao artigo. Aí começou a criar uma celeuma e o Tribunal de Justiça em 2000 resolve considerar tudo que tinha sido incluído na Constituição, e as modificações feitas pelo deputado Garibalde como inconstitucional. Eu acho que querem dar ao problema a dimensão que ele não tem.
O que se escuta é que Aracaju pode perder a Zona de Expansão?
Isso não é verdade. A área que está em litígio representa aproximadamente um quinto da Zona de Expansão. Houve essa decisão recente do Superior Tribunal de Justiça de Pernambuco. Nós participamos de uma reunião no povoado Areia Branca (Zona de Expansão), numa discussão sobre essa questão, ouvimos do procurador do município que está tudo sobre controle. Que o compromisso do prefeito João Alves de resolver definitivamente essa questão e transformar aquela região num bairro modelo está de pé. É prioridade da administração municipal. O que me deixou satisfeito é que estava na reunião representantes dos povoados, da Assembleia Legislativa, vereadores, todos de uma forma unânime resolveram arregaçar as mangas e se debruçar na busca de uma solução definitiva para esse problema, que seja grande ou pequeno, aflige. Se não afligir 50 mil aflige 10 mil ou 15 mil pessoas. Com fé em Deus estamos trabalhando com esse objetivo, mister que se diga o papel fundamental que teve a Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe, sobretudo da sua presidente, Angélica Guimarães, que aprovou por maioria de votos a realização do plebiscito, esse plebiscito foi ao Tribunal Regional Eleitoral, o TRE encaminhou ao Superior Tribunal Eleitoral e nós estamos à espera do TSE.
Então, é aguardar?
Os processos andam independente do que nós pensamos, e decisão da justiça eu acho que tem que ser cumprida. Mas eu estou muito otimista porque vi na deputada Ana Lúcia uma disposição incomum quando ela disse que tínhamos que envolver outros setores da sociedade, como a OAB, a diocese de Aracaju, uma ação conjunta do Governo do Estado que vai ter que participar também do processo, do Governo Municipal, da população interessada e vamos ver isso resolvido no menor espaço de tempo possível. Isso acalma os ânimos. Se você visualizar a área no mapa vai ver que tem tudo para transferir essa pequena área que sempre fez parte da Zona de Expansão e esteve em domínio de São Cristóvão para Aracaju. É bom para São Cristóvão e Aracaju, que vão atender ao desejo de milhares de sergipanos que moram lá, sem saber afinal de contas se mora em São Cristóvão ou Aracaju.
O senhor citou o empenho da deputada Angélica Guimarães, inclusive ela, o senhor e João estiveram várias vezes em Brasília para tentar do assunto…
Principalmente ela e João, manifestando aos ministros do Supremo Tribunal Federal a preocupação do prefeito, da presidente da Assembleia e a preocupação de milhares de sergipanos que moram nessa área conflitada. A informação que temos é que foi passada para centenas de interessados que a coisa está sob controle. A decisão final vai caber ao STF. É possível que com inteligência, criatividade, disposição de todos, nós marchemos na busca de uma alternativa para resolver no menor espaço de tempo possível. Nós já temos exemplos que assuntos parecidos com esse foram resolvidos na Bahia sem precisar de realização de plebiscito. Eu entendo que a decisão do Tribunal de Justiça foi correta. Quando a emenda falava que fica alterado os limites entre Aracaju e São Cristóvão. Se fica alterado é porque está alterando, e a Constituição diz que para alterar os limites tem que ter uma consulta prévia da população. Resumindo, eu acho tiveram mil oportunidades de resolver o problema.
Como assim?
Gestores de 1989 para cá tiveram oportunidade de resolver o problema, e se tivessem resolvido na época essa celeuma não teria existido. Veio a emenda do Garibalde em 1899 e a prefeitura conduziu as coisas com vistas no aumento de arrecadação, mas poderia ter outra visão. As pessoas que podem contribuir de alguma forma sentar e estabelecer, já que a emenda não vale, o que é que vale? Qual o limite de Aracaju e São Cristóvão? Essas dúvidas estão desaparecendo porque fizemos uma reunião – eu, Garibalde, o Firmo, que foi quem realizou esse encontro em Areia Branca. Firmo é um profundo conhecedor das questões, estava lá a procuradoria do município. A prioridade é tenta que foi designado um procurador para cuidar só desse assunto. Queremos envolver uma profunda discussão com a assessoria, sobretudo do IBGE, porque sabem onde estão os marcos que definem os limites de Aracaju e São Cristóvão, colocarmos isso num papel e tomar conhecimento do tamanho da área conflitada. Na hora que São Cristovão tiver ciência que área conflitada não tem nenhuma “importância” para o município, que os deveres serão maiores que os haveres naquela área, então eu acho que num entendimento a gente pode evoluir e encontrar uma solução.
Como o senhor e o prefeito João Alves receberam as críticas do presidente do PC do B, o ex-secretário municipal de Educação da Prefeitura de Aracaju, Antonio Bittencourt, por conta dos estragos das chuvas?
Toda crítica que vem da oposição eu encaro com absoluta naturalidade. Quem teve muito tempo de ver esse problema de drenagem foi Edvaldo Nogueira, que governou Aracaju por 6 anos. Em termos de drenagem fez muito pouco ou quase nada. João era prefeito em 78 e deixou na prefeitura um projeto de macro drenagem de Aracaju. De 1978 para cá se passaram 35 anos. Depois de 35 anos esse projeto não foi totalmente executado. Quando João voltou à prefeitura procuramos localizar esse projeto e desapareceu. Quem teve para fazer tanto e não fez não pode criticar um prefeito que resolveu a 35 anos atrás graves problemas de enchentes em Aracaju. O presidente do PC do B devia pedir desculpa a população de Aracaju e dizer que tiveram 6 anos na prefeitura e fizeram muito pouco. João tem apenas 9 meses de administração. Ele tem preocupação com a questão da macro drenagem, sabe das dificuldades. Solução, hoje, as pressas não existe porque lamentavelmente tudo hoje é demorado. Respeitando as críticas aos que fazem o PC do B aqui em Sergipe que se estruturem de melhor forma. O ex-prefeito eu não gosto nem de criticar. Lembro-me que no exercício de deputado federal dirigia-me para o aeroporto e a administração naquela época responsável pelos grandes alagamentos que surgiram na Zona de Expansão por irresponsabilidade por quem permitiu o aterro de canais naturais, inovou na busca de soluções para resolver as questões de enchentes. Não se resolvem questões de enchentes construindo canais ou conduzindo os canais através de tubulações. Ele tentou resolver os problemas de enchentes na Zona de Expansão através de carros-pipa. Eu consultei todos os anais, toda literatura disponível nessa área e nenhum engenheiro apontou como alternativa para resolver problemas de áreas pluviais transportar a água através de carro pipa.
E quanto ao presidente do PC do B?
Um conselho para o presidente do partido é que faça mais política, se desprenda um pouco, e quando eles recuperarem o poder, que eu não sei quando isso vai ocorrer, possam fazer o que João fez há 35 anos. Aconteceu uma chuva inesperada de 220 mm em três horas. Eu não me lembro disso ter acontecido na história recente de Aracaju. Soma-se isso o fato de acontecer com a maré cheia.
Então, o problema caiu no colo do prefeito João Alves?
João não tem culpa nenhuma por isso. Mas sabedor que é o gestor, que foi eleito para resolver os problemas, ele fez o que tinha que ser feito. Mobilizou sua equipe, avaliou as questões, declarou estado de emergência, que facilita na busca de recursos para resolver as obras que foram danificadas pelas enchentes, e continuar trabalhando. A população tem que ter consciência que ao depositar lixo nas proximidades dos canais que drenam as águas da chuva pode agravar a situação. Tivemos uma oportunidade de in loco ver que uma parte do agravamento foi por conta do excesso de lixo colocado nas vias públicas, principalmente nas mais perto dos canais. Que desaprovou a administração do Antônio Bittencourt, enquanto secretário de Educação, foi o povo de Aracaju. Mas aí ele vem fazer críticas ao prefeito de Aracaju por conta de uma enchente que ocorreu e João não tem nenhuma responsabilidade sobre isso. Tem responsabilidade ao tomar conhecimento da nossa precariedade de buscar alternativas para resolver daqui para frente. Eu acredito muito em João porque ele tem espírito público, um profundo amor por Aracaju, tem capacidade de trabalho e tem uma coisa que poucos administradores têm: criatividade e disposição. Ele foi prefeito de Aracaju e acho que passados 35 anos ninguém o superou. Ele foi governador de Sergipe e fez extraordinárias obras. Eu participava da posse do vice-presidente de um tribunal em Brasília e ele se referia a João como o homem que fez Sergipe. Claro que com certa dose de exagero, mas ele fez muito quando foi prefeito, fez muito por Aracaju enquanto foi governador. Claro que os problemas hoje se acumulam. Uma população de 700 mil habitantes clamando por políticas públicas eficientes, e esse clamor é crescente. Quando as demandas em Aracaju por políticas públicas crescem a dificuldade na receita aumenta. São duas coisas completamente antagônicas. Eu tenho que melhorar o serviço público e as transferências constitucionais por parte do Governo Federal diminui. Se faz com aquilo que sobra em João, disposição, a criatividade, espírito público, e sobretudo o profundo amor por Aracaju.
Esse amor por Aracaju e os números das pesquisas, quando se fala em governador do estado, pode motivar João Alves a disputar o governo do Estado, em 2014?
Não tem mais ninguém desinformado. As redes sociais informam o cidadão se acontece um fato em Israel, e, em 30 segundos, já estão sabendo aqui. Bem diferente do que acontecia há 30 anos. Isso coloca na mente de quem é pesquisado a certeza do que quer do gestor: que resolva os seus problemas, o que aflige aos mais pobres, o transporte que é ineficiente porque os ônibus não conseguem andar, que andava a 30 anos a 24 Km e hoje andam em 17 Km, o sistema viário que é o mesmo de 40 anos atrás, os investimentos não foram preservados, durante muito tempo os interesses de poucos prevaleceram sobre o interesse da coletividade, faltou planejamento. Como se permite que na única zona que não sobrava para ocupar se aterrasse canais naturais. A prefeitura permitiu. Foi preciso que uma juíza federal interviesse e dissesse que não faria mais nada até se apontar uma solução. Então o pesquisado vê em João uma pessoa capaz resolver seus problemas, porque problemas só se resolvem através de ações concretas. Apesar de todas as dificuldades as pesquisas mostram que se a eleição fosse hoje João ganharia de seus adversários no primeiro turno. Se ele vai ser candidato, pode ser ou não. De um a dez para ser, eu digo 5 para ser e 5 para não ser. Os problemas de Aracaju são tantos, é tão grave a situação de Aracaju. É problema em todo setor. Saúde é um caos, o sistema de transporte, o cidadão vai para um abrigo que não abriga esperar um ônibus que não passa, as praças das periferias estão literalmente tomadas por traficantes, a macrodrenagem não funciona. Quase a totalidade dos serviços públicos são ineficientes e a população clamando por soluções e João tem que saber responder. Ele tem obrigação de tentar resolver, e se não resolver tudo, pelo menos uma grande parte.