Por Joedson Telles
Os deputados – entre eles o sergipano Rodrigo Valadares – que, durante a solenidade de posse, na Câmara Federal, exibiram cartazes “Fora Lula” e “Fora Ladrão” foram, no mínimo, infelizes. O momento é para se buscar a paz; a união em prol do país. Jamais se conseguirá “apagar” o fogo nocivo da divisão usando gasolina.
As cenas de terrorismo vistas em Brasília, no inesquecível 8 de janeiro, quando bolsonaristas com cólera depredaram o Planalto, o Congresso e Supremo Tribunal Federal não podem e não serão esquecidas; e usar a mesma Câmara Federal para exibir os cartazes não deixa de ser uma forma de alimentar a divisão que provocou o ataque.
Seria de uma irresponsabilidade gritante escrever neste espaço que Rodrigo Valadares e os outros deputados, ao exibirem os cartazes, sinalizaram com o aval ao terrorismo. Nada disso. Os próprios deputados também repudiaram os atos violentos.
Entretanto, não podemos esquecer que, para quem aprovou o terrorismo, um cartaz “Fora Ladrão”, nas mãos de deputados, no coração da Câmara Federal, durante uma solenidade de posse, emerge como uma espécie de carimbo de aprovação a quaisquer atos insanos. Pode até incentivar novos ataques.
É fato que a democracia está a advogar a favor dos deputados. Continua sendo livre a manifestação. Todavia, o bom senso passa longe. O momento ímpar de um Brasil rachado pelo ódio obriga a todos refletirmos muito antes de tomarmos qualquer atitude para evitar estimular mais violência.
A oposição tem o importante papel de fiscalizar os passos do governo Lula, criticar de forma construtiva os erros – que, óbvio, vão existir – e só apoiar as matérias que, verdadeiramente, representem o bem social.
Com equilíbrio, tribuna e voto são – e não pode ser diferente – as principais ferramentas para o trabalho. A imprensa e as redes sociais permitirão ecoar. Agir fora deste script é arriscar alimentar uma divisão que não serve ao Brasil.