Por Joedson Telles
Confirmado como presidente do PSDB de Sergipe, no último domingo 14, numa convenção que reuniu líderes políticos, como o prefeito João Alves e a senadora Maria do Carmo, o ex-deputado Roberto Góes não apenas ratifica a postura do partido em oposição ao projeto do PT, mas também assegura: dividirá o palanque com o DEM, em 2014. O PSDB adoraria votar em João Alves para governador. Pesam a fidelidade ao aliado e, sobretudo, o fato de, em João disputando o pleito e sendo vitorioso, obviamente, o PSDB assume a Prefeitura de Aracaju via José Carlos Machado. Entretanto, o partido sequer manifesta este desejo. Deixa João à vontade e votará no candidato dele – seja ele mesmo o nome ou não. O verdadeiro aliado nunca coloca a faca no pescoço.
Roberto Góes afirma que se sente orgulhoso com os aliados tucanos reconhecendo o trabalho que resultou no crescimento do partido. Ele lembra que na eleição passada o PSDB elegeu um vereador e o vice-prefeito da capital. Pelo interior, foram 40 vereadores, sete vice-prefeitos e quatro prefeitos. “O PSDB mostrou que está voltando para o seu lugar: um grande partido em Sergipe. Juntamente com José Carlos Machado, e os demais da executiva, o nosso objetivo é a eleição de 2014. Temos um projeto de eleger um deputado federal e três estaduais”, disse Roberto Góes”.
Nem o mais ferrenho adversário político de Roberto Góes teria argumento convincente para não reconhecer que ele, que assumiu o partido numa fase complicada – talvez a mais difícil dos tucanos em Sergipe -, conquistou, ao lado de José Carlos Machado, credibilidade junto à direção nacional por mérito. Todavia, creio que o desafio do PSDB sergipano é bem maior que eleger três deputados estaduais – e mesmo um federal. Lógico que o partido evoluiu muito. Mas o desafio, acredito, é dar ao PSDB de Sergipe o seu real tamanho – levando-se em conta a legenda em nível nacional.
Caso o partido consiga as quatro cadeiras almejadas, somando as que já conquistou nas eleições de 2012, ratificará que deixou de ser aquele partido medíocre do final da época de que Albano Franco. Um partido ridículo que sequer teve palanque para seu presidenciável. Não há dúvida. Mas é preciso ter em mente que, em se tratando da esfera nacional, o PSDB é o maior partido do Brasil – ao lado do PT e do PMDB. Além de governar São Paulo, o maior estado do Brasil em termos de desenvolvimento e orçamento, entre outros fatores positivos, o PSDB marcou época na Prefeitura de São Paulo. Disputou em pé de igualdade a hegemonia do país com o PT as cinco últimas eleições seguidas. A primeira foi quando FHC derrotou Lula, em 1994. E, obviamente, é o maior partido de oposição ao governo Dilma Rousseff.
Um partido com um currículo deste não pode se dar ao luxo de limitar-se a ficar a vida toda apenas disputando eleições proporcionais. Precisa de voos mais altos. Time que não joga não tem torcida. Óbvio que seria insanidade lançar qualquer nome só para dizer que tem candidato majoritário – sobretudo sendo aliado de João e podendo somar com Eduardo Amorim também no campo da oposição.
Não prego, portanto, apostar na loucura de colocar uma candidatura nas ruas que já nasceria morta. Entretanto, é preciso olhar o futuro e ser ousado. Espelhar-se na executiva nacional. Manter as poucas lideranças que tem, e apostar em outras – inclusive formando jovens líderes – para disputar com qualquer partido sergipano de igual para igual.
Infelizmente, a política sergipana, e não apenas o PSDB, é muito relapsa neste aspecto. O político velho não quer “largar o osso”. A vaidade e o tesão no poder dão as cartas mesmo quando o sujeito já deu sua contribuição a Sergipe e tem uma situação financeira definida. São raros os exemplos de líderes que conseguiram formar sucessores – e não sufocaram talentos. Quando muito colocam o filho no jogo, mas, em via de regra, este quando consegue vencer uma eleição o faz com a densidade eleitoral do pai. No próximo pleito, se for com as próprias pernas se dá mal. Não são formados, mas impostos – inclusive contrariando políticos estão na fila há muito tempo esperando uma chance para disputar uma eleição mais ousada.
Roberto Góes dá pinta de que está atento a este detalhe quando flerta com o deputado estadual Adelson Barreto. É um reforço de seleção. Além de se tratar de um político jovem, Adelson é dono de uma densidade eleitoral invejável em Aracaju – e em boa parte dos municípios sergipanos.
A exemplo do próprio PSDB, Adelson está em crescimento. Caso seja persuadido a virar um tucano, o PSDB acertará em cheio. E, a exemplo do PSDB Nacional, no quesito liderança jovem não estará devendo nada a ninguém. Poderá até sonhar com cargos majoritários no futuro. Evidente que precisará de outros reforços, mas dificilmente um outro partido conseguiria uma aquisição melhor que Adelson. O problema é saber se Adelson encontrará no ninho tucano o terreno apropriado para plantar suas aspirações políticas.