Por Joedson Telles
Pré-candidata do DEM à Prefeitura de Aracaju, a simpática delegada Georlize Teles ganhou notoriedade na mídia, ao declarar que, caso o partido decida pelo seu nome, pedirá a cabeça dos filiados que estiverem no palanque adversário. Dito de outra forma, a pré-candidata não aceitará que os vereadores Juvêncio Oliveira e Vinícius Porto estejam na legenda pedindo voto para Edvaldo Nogueira.
Não sei Juvêncio, mas Vinícios já havia antecipado ao Universo que sua escolha é pelo prefeito Edvaldo Nogueira. E, sinceramente, não vejo água suficiente para o copo transbordar. Está longe de ser a tempestade que alguns estão a sugerir. Respeito, coerência e democracia equacionam facilmente.
Começa pelo fato de que não seria a primeira vez que um filiado não estaria em sintonia com as escolhas políticas da Direção do DEM. Quem não lembra da revolta do então deputado federal Mendonça Prado, no pleito de 2014, com a aliança DEM/irmãos Amorim?
O acordo teve o aval do maior nome da legenda em Sergipe, o ex-governador João Alves Filho, mas Mendonça externou publicamente a insatisfação, que o levou a pedir voto para o concorrente do então candidato a governador apoiado pelo DEM, Eduardo Amorim, o candidato que seria vitorioso, Jackson Barreto.
O preço foi o então candidato a reeleição Mendonça Prado, na época o 2510, ser excluído dos programas eleitorais do DEM no rádio e na TV. Segundo ele, por uma decisão pessoal do empresário Edivan Amorim acatada pelo DEM.
Portanto, o DEM tem experiência no assunto. Precisa o presidente do partido em Sergipe, o experiente articulador político e ex-deputado federal, José Carlos Machado, entrar em campo. Só o diálogo pode definir rumos e evitar mais problemas.
Machado, todavia, precisa ter em mente o óbvio: tanto Georlize Teles quanto os vereadores estão certos. Georlize quando argumenta que sair candidata com dois vereadores da sua legenda pedindo voto para um adversário e ser derrotada antecipadamente dentro da cozinha de casa é cirúrgica.
Já os vereadores espelhariam muita incoerência, se, de uma hora pra outra, passassem a fazer oposição a Edvaldo – sobretudo Vinícius, que é líder do prefeito na Câmara de Aracaju. Alimentariam o discurso que fizeram aliança com o prefeito, não por Aracaju, mas por interesses pessoais.
O DEM, na verdade, é que deveria, lá atrás, ter analisado que haveria a já esperada eleição para prefeito de Aracaju, em 2020, e que, a julgar pela tradição, teria candidato próprio. Isso, óbvio antes de permitir que os dois vereadores aderissem à bancada do prefeito. Naquela época, caso os vereadores se mostrassem rebeldes, aí, sim, a hipótese da expulsão poderia ser analisada. Mas hoje?
A propósito, se por um lado Machado voltou para o partido com a missão de reorganizá-lo e pegou o trem andando, por outro, a senadora Maria do Carmo homologou a ida dos vereadores para o lado do prefeito ao silenciar. A senadora seria, então, expulsa também? Se a guilhotina mirar apenas Juvêncio e Vinícius, a decisão não soará coerência, mas casuísmo.