A frase que serve de título para este texto foi dita pelo deputado estadual Garibalde Mendonça (PMDB) na tribuna da Assembleia Legislativa, na sessão desta segunda-feira 19. Se a política entra em campo, a bola invadiu o plenário. Mas o juízo é verdadeiro, sincero e ecoa nas ruas de Aracaju. O Confiança, de fato, representou muito bem o futebol sergipano. Basta catar o Sergipe com uma lupa para dimensionarmos o feito. Entretanto, a frase não deixa de ser uma espécie de carinho, de consolo vindo do deputado para com a torcida do maior time do futebol sergipanos, nos últimos anos – os títulos estaduais, a boa participação em campeonatos nacionais e regionais e, evidentemente, o crescimento da torcida justificam a fama.
Todavia, os torcedores do Confiança, em sua maioria, ficaram com a sensação de que daria, sim, para, mesmo com todas as dificuldades, sobretudo financeiras, voltar para Sergipe com a classificação. O Londrina é um time inferior ao Confiança, que dominou o jogo de 180 minutos em quase sua totalidade. Tanto em Sergipe como lá fora. Faltou ao Confiança o básico do futebol: atacante para acertar o gol adversário.
Impressionava o domínio do Dragão. O toque de bola em certos momentos. Mas finalizar soava pecado. No jogo aqui de Aracaju, o Confiança ainda arriscou. Só não teve pontaria. Mas lá em Londrina nada…
O pior, evidente, é não jogar a segunda divisão do Brasileirão. Não enfrentar o Vasco pela série B, no próximo ano – como virou lugar comum entre os torcedores proletários. Mas é lamentável também jogar fora a chance de crescermos mais no cenário nacional. Ter cotas de televisão e outras vantagens que só os clubes das séries ‘A’ e ‘B’ têm. As boas rendas, evidente, também farão falta.
Com o Confiança jogando a série ‘B’, sua torcida, sozinha, lotaria o Batistão praticamente todos os jogos. Haveria mais facilidade de conseguir patrocínios que pagam mais alto pela exploração da camisa. E com mais recursos, óbvio, seria possível não apenas ter um time muito mais forte para o Brasileirão 2016 como também para disputar outras competições – como a Copa do Nordeste, a Copa do Brasil e o próprio Campeonato Sergipano do próximo ano.
Sem a classificação para a série B, ocorre o contrário: tempo de vacas mais magras ainda. Dificuldades até para pagar a folha. E, lógico, o fantasma do assédio de outros times aos bons jogadores. O Confiança dificilmente terá condições financeiras de segurar um jogador que venha a receber uma proposta que o balance. O planejamento de manter os melhores atletas – como o volante Richardson, melhor jogador do time – fica a reboque de não haver interesse de outras equipes, algumas, ironicamente, adversárias diretas do sonho renovado para 2016.
Aliás, a julgar pela história dos times adversários, teremos uma série C, em 2016, ainda mais difícil para o Confiança. Além do Fortaleza e do América de Natal, os times do ABC e Ceará estão prestes a desembarcarem na competição, que só permite aos quatro primeiros continuarem sonhando com o acesso à segunda divisão. Mas nada que desanime uma torcida que acostumou com a frase “vamos subir Dragão”.
P.S. Cara de pau do canso é torcedor do Sergipe, em férias desde o Carnaval, tentar debochar do torcedor azulino. Aí nem Freud explica.