Por Joedson Telles
Os casos lembram os melhores filmes de ação já produzidos pelo cinema americano, mas estamos em Sergipe. Estupros, homicídios, latrocínios, assaltos, fugas em massa de delegacias com bandidos se dando ao luxo de levar armas da Secretaria de Segurança Pública e deixar policiais presos. Poderíamos ainda mencionar várias outras ocorrências para ilustrar o caos. Para ratificar que, se um dia houve projeto de segurança pública, há tempos se mostrou falido.
Todavia num estado onde a pessoa tem uma bolsa, um celular, uma moto, um carro ou mesmo o dinheiro da aposentadoria que serviria para comprar remédios e se alimentar roubado ou furtado, e isso não choca mais, não seria listando crimes e mais crimes que tomam conta do pedaço que a solução emergiria. É assustador, mas o verbete violência passou a soar comum em Sergipe.
A imprensa tem a obrigação de noticiar, é evidente. Com ou sem sensacionalismo, está fazendo seu papel ao mostrar os fatos. Mas até quando apenas mostrar o que se tornou óbvio resolve? Quem desconhece a violência que mora aqui, e não apenas ao lado? Até quando entrevistar uma vítima e expor seu sofrimento irá tocar quem tem obrigação de prover segurança? A mãe, o pai, um irmão de uma pessoa vítima de homicídio tem o poder de persuasão para a segurança entrar nos eixos? As estatísticas dizem isso ou o contrario – inclusive com eloquência?
A imprensa, lógico, deve continuar fazendo o seu papel. Mas tem a obrigação de ir além. Precisamos sacudir uma sociedade embrutecida. Lembrar que, a exemplo de qualquer Estado, Sergipe tem gestores. A segurança pública que é ofertada é paga (e bem paga, diga-se) com o dinheiro dos impostos de todos os cidadãos honestos. É preciso abrir o debate. Além de receber este suado dinheiro, quem aceita o desafio de gerir a segurança tem a obrigação – inclusive moral – de corresponder às expectativas – sob pena de passar à sociedade a lógica que o presidente do Sindicato dos Policiais Civis, o senhor Antônio Moraes, acerta quando ajuíza que os gestores só pensam em cargos para incorporar gratificações.
Admitir que esse é o conteúdo do pen drive da SSP é admitir o caos. A falência múltipla não apenas da segurança pública, mas, sobretudo, do governo. Onde estaria o governador do Estado, se, de fato, os gestores da segurança pública só pensam em dinheiro? E os vários crimes? A dor das vítimas e familiares não tem importância? Se a missão é prover segurança, mas isso não é feito, por que, então, continuar pagando? Estaria a SSP dando um calote na sociedade? O raciocínio do presidente do Sinpol é preocupante. Só num estado anestesiado passa despercebido. Se é um equívoco ululante aceitá-lo como verdadeiro sem provas irrefutáveis, rechaçá-lo sem uma reflexão à luz de fatos, não diverge muito. Note-se que o juízo joga o governador numa encruzilhada. Em sendo verdade, ou é conivente com o caos instalado ou inerme ao extremo para não chamar o feito a ordem.