Por Joedson Telles
Bolsonarista, lulista ou nem fede e nem cheira bem, o brasileiro acaba de ser golpeado mais uma vez. O anúncio da Petrobras, nesta segunda-feira dia 25, sobre um novo aumento no preço da gasolina de 7,04% – e de 9,15% no caso do diesel – é mais uma afronta ao já sangrado consumidor. Computando os últimos 12 meses, a gasolina subiu 73,4% e o diesel 65,3% nas refinarias. A desvalorização do real segue como principal responsável pelos aumentos, já que o petróleo está atrelado ao dólar.
Alheia às questões da economia e atônita quando técnicos tentam explicar o que ocorre, de fato, grande parte dos consumidores está relegada apenas a pagar cada vez mais caro para abastecer.
Indignada, esta fatia dos consumidores arrisca, sobretudo nas redes sociais, apontar culpados, e, de longe, o presidente da República, Jair Bolsonaro, por conta da Petrobras, e os governadores dos Estados, devido ao ICMS, aparecem como vilões. Há ainda uma fatia que, para passar pano em Bolsonaro, joga a culpa em governos anteriores. Por ignorância ou cinismo desprezam que um governo é sempre impessoal.
Aliás, não tem desculpa mais pífia que tentar blindar um gestor por erros e supostos erros do seu antecessor. Jair Bolsonaro não morava na lua antes de assumir o poder. Está na vida pública há longos anos.
O então candidato Jair Bolsonaro, inclusive, apontou erros e prometeu soluções. Não disse que passaria o governo todo argumentando que os problemas já existiam. Não foi eleito para sobreviver dos equívocos dos ex-presidentes. O Brasil está condenado ao erro? Virou refém? Quem assume o poder não tem mais obrigações? É isso?
Nem entro no mérito da óbvia incerteza que nutre investidores no tocante aos rumos da economia brasileira por conta de ações e falta de ações do presidente Jair Bolsonaro. Mas é impossível abordar o tema e deixar à margem a falta de preparo do presidente para liderar soluções – inclusive as que passam pelos governadores.
Ninguém é eleito para, diante dos problemas, culpar gestões passadas, transferir responsabilidades ou argumentar que não o deixam governar. Se não tem condições de jogar não entre em campo. Se entrou, solicite a substituição.
Aliás, sobre este frágil argumento de “não deixarem governar” é só pegar as matérias que o Governo Federal envia ao Congresso e confirmar a boa vontade dos legisladores em aprová-las. Sem falar dos inúmeros pedidos de impeachment engavetados e do apoio do centrão ao presidente “por amor, jamais por barganha”.
Assim como a pandemia e outros graves problemas que repousam em solo brasileiro, os absurdos aumentos nos preços, sobretudo dos combustíveis e da carne, provam com eloquência que o Brasil precisa de um presidente que una, no mínimo, a força do cargo, o preparo intelectual e a capacidade de harmonizar relações em busca de soluções esperadas pelo coletivo. O Brasil precisa de um líder.
Ser presidente de um país tão grande, problemático e cheio de vícios e demandas como Brasil exige competência dos que se aventuram na missão. O tempo está ratificando isso a cada dia, a cada passo, a cada situação. Não basta derrotar adversários e chegar ao poder: é preciso saber governar – sobretudo para os mais necessitados.