Por Joedson Telles
Bem disse o experiente vice-prefeito de Aracaju, o tucano com eterna cara de pefelista José Carlos Machado: “esta época é boa para os jornalistas políticos… O que não falta é assunto para escrever…”. Verdade. Meses que antecedem eleições, de praxe, são propícios para conversas que podem resultar em alianças. Todo político, sobretudo o que carrega consigo a alcunha de liderança, parte para os acordos – o que rende matérias e comentários a granel.
E mantendo respirando esta cultura, as eleições 2014 já colocaram o prefeito João Alves Filho, o Negão, como o principal personagem do jogo. Ele sequer toca no assunto eleição. Mas são análises e mais análises sobre o passado, o presente e o futuro de tudo que cerca as eleições 2014, e João segue sendo uma palavra doce em textos e mais textos. Em falas e mais falas. É João pra lá, João pra cá. Parece até xote de quadrilha junina. Até quem nunca conseguiu esconder que faz jornalismo a serviço dos adversários de João prova o açúcar e gosta.
Ajuizar que o Negão é o fiel da balança soa apelar para o lugar comum. Qualquer embriagado reproduz a tese no mais módico boteco de Sergipe. Aliás, pessoalmente, a pergunta que mais respondo nos últimos meses a pessoas que têm ciência do ofício que garante o pão nosso de cada dia é: “João é candidato?”, seguida de perto de outra indagação de igual modo massificada: “se ele não for, vai apoiar Eduardo Amorim ou Jackson?”
O mais curioso é que há pessoas que “não aceitam” um simples “não sei” como resposta. Acham que pelo fato de estar no dia a dia político, o jornalista tem a obrigação de saber tudo – inclusive o conteúdo do diálogo entre o inquieto João Alves e os seus botões. Bolas! Machado – outra vez Machado – que é carne e unha com João sempre que é indagado diz na lata que o próprio João Alves “nem sob tortura revela”, imagine um pobre mortal jornalista? Agora, como em toda profissão, há os chutes.
Acredito, entretanto, que João Alves esconde o jogo mesmo. Entre outros motivos, por uma obviedade: nem o próprio sabe ainda se será candidato. Evidente que vontade de ser ele tem desde que entrou na política. João Alves acossa o Governo do Estado como um atacante matador busca ampliar a artilharia. Fez muito por este estado e acredita que pode fazer mais. É um homem sonhador e irrequieto, quando o assunto é Sergipe e os problemas do seu povo.
Todavia, há diversos fatores sendo colocados por ele mesmo para necessária reflexão neste momento. E não apenas o fato de não saber a reação do eleitor, caso resolva deixar a Prefeitura de Aracaju e disputar o Governo do Estado. Há a questão da senadora Maria do Carmo. É preciso ouvir da boca dela se ela vai ou não à reeleição. Em ela indo, a coisa parece inviável para João disputar o governo. Embora, João já tenha dado demonstrações de que não teme eleição.
Mas, uma vez resolvida esta questão da senadora, é preciso saber ainda como o eleitor se comportará, via pesquisas, quando João descer do céu de brigadeiro. Hoje, o Negão está blindado. Mas, caso decida entrar na briga, passará a ser o alvo de sempre. O principal. E, neste caso, com todos os pré-candidatos com seus blocos nas ruas, com programas de TV e tudo o mais de praxe nas campanhas, será que as pesquisas se manterão generosas com o Negão? E o financiamento da campanha? Há eleição majoritária sem dimdim? É possível a esta altura conseguir certos apoios importantíssimos que já estariam apalavrados com Eduardo Amorim ou com Jackson Barreto, pré-candidatos declarados?
Tudo isso e outros pontos pessoais parecem fervilhar na cabeça do ex-governador por três vezes, João Alves Filho. Entretanto só quem não conhece João Alves duvida da hipótese dele superar tudo isso e anunciar que entrará na disputa. Aos 44 do segundo tempo, pra não perder o costume.