Pré-candidato, Paulo Márcio aposta na soberania e consciência do eleitorado
Por Joedson Telles
Pré-candidato a prefeito de Aracaju, o delegado de Polícia Civil Paulo Márcio avalia ser possível um candidato ganhar a eleição mesmo que não reúna em seu palanque um agrupamento político forte. Ele observa que, na democracia, o eleitor é soberano: é ele quem escolhe livremente com base nos atributos do candidato e no conjunto de propostas apresentado. “Se o eleitor se identifica com uma determinada candidatura, não importa se no palanque adversário estarão reunidos os medalhões da política, as velhas raposas, os financiadores de campanha, os ilusionistas e os compradores de voto. Eu, particularmente, acredito na soberania e alto grau de consciência do eleitorado aracajuano. E é nesse sentido e com esse propósito que iremos trabalhar. Por outro lado, estamos convictos de que haverá um natural movimento de adesão à nossa pré-candidatura à medida em que formos obtendo uma maior visibilidade, de modo que o nosso projeto, que ainda está em fase inicial, fatalmente vai ganhar robustez e musculatura ao longo do processo”, explica.
O que pesou para se filiar ao DC e ser pré-candidato a prefeito de Aracaju?
Alguns desinformados, para não dizer mal-intencionados, ventilam a ideia de que minha pré-candidatura segue uma espécie de moda ou tendência na SSP. A gente sabe que o objetivo por trás de declarações como essa é colocar o nosso projeto na vala comum ou mesmo passar uma ideia de oportunismo, como se fôssemos punguistas e precisássemos seguir na esteira de quem quer que seja. Minha primeira filiação partidária deu-se há mais de 15 anos. Em 2018, me filiei ao Democratas a convite do presidente para concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal, projeto que tive que suspender por motivo de força maior. Aliás, já disputei três eleições para a Adepol Sergipe e duas para a Adepol do Brasil, saindo vencedor em quatro dessas disputas. De modo que qualquer vinculação de minha pré-candidatura à de outros membros da SSP, sejam delegados ou não, é apenas uma maneira desonesta de tentar tirar o nosso brilho e apequenar quase duas décadas de serviço dedicados à população e ao fortalecimento das instituições públicas. Portanto, a ideia de uma pré-candidatura sempre esteve em nossos planos, e surgiu exatamente da atividade pública e da análise do cenário político, algo sobre o que venho me debruçando há muitos anos, inclusive na honrosa condição de analista desse conceituado portal Universo Político. Não é difícil perceber que o projeto político ora liderado pelo prefeito Edvaldo Nogueira se exauriu, perdeu fôlego, além da própria identidade, não passando de uma sombra daquilo que nós esperávamos quando colocamos Marcelo Déda no poder há quase 20 anos. Por outro lado, vemos que quase todos os nomes citados como possíveis pré-candidatos, independentemente de grupo ou estrutura partidária, estão muito aquém dos anseios e expectativas da população aracajuana, que está saturada desse modelo de gestão e deseja virar a página, dar um salto de qualidade, porém, com segurança e responsabilidade, pois, do contrário, o que já está ruim pode piorar. Foi nesse contexto e imbuído desse propósito que comecei a dialogar com alguns grupos e lideranças políticas nos últimos meses. De todas as siglas com que conversamos, a Democracia Cristã (DC), por meio do seu presidente Airton Costa, foi a que melhor e mais rápido compreendeu a dimensão, a seriedade e a viabilidade do projeto, que foi democraticamente discutido e aprovado pela executiva estadual, obtendo a chancela do nosso presidente nacional, José Maria Eymael.
O que Aracaju pode esperar desse projeto?
Acima de qualquer coisa, independência e idoneidade, atributos imprescindíveis para se fazer um governo verdadeiramente “do povo, pelo povo e para o povo”, segundo as célebres palavras de Abraham Lincoln. E a mesma independência de que não abrirei mão na chefia do Poder Executivo Municipal, defenderei ardorosamente para a Câmara Municipal, cobrando, em contrapartida, celeridade e espírito público na apreciação dos projetos de interesse da coletividade, não admitindo, em qualquer hipótese, a ingerência de grupos econômicos e seus lobbies sempre contrários ao bem-estar da população.
Como estão os diálogos para formar um bloco em torno da pré-candidatura?
Obviamente que desejamos construir um arco de alianças que nos ajude a ter êxito no pleito eleitoral e, posteriormente, possa governar ao nosso lado. Mas é evidente que não priorizaremos a quantidade em detrimento da qualidade, já que a ética e a idoneidade serão a nossa bússola não só no processo eleitoral como em todo o período de administração. Nesse particular, a executiva estadual exercerá um forte controle de qualidade, por assim dizer, para que o pragmatismo jamais se sobreponha aos ideais e princípios que defendemos e de que jamais abriremos mão.
Quais seriam os pilares de uma gestão sua?
As carências são inúmeras e os recursos limitados. Por isso, é vital adotarmos um modelo de governança fundado na transparência e participação dos cidadãos, com vistas a hierarquizar as demandas e priorizar as ações, com isso alcançando melhores resultados. Porém, para garantirmos esse efetivo engajamento do cidadão, precisamos dar a ele total acesso à informação, trazê-lo para dentro da prefeitura, ouvi-lo por meio de diversos canais. Mais do que isso, iremos proporcionar ao cidadão efetiva participação no controle, fiscalização e prestação de contas. E o nosso dever de casa será feito através de um processo rígido de obediência e adesão às regras, princípios e costumes em todo o âmbito do poder público municipal. Esses pilares, aliados a um plano de governo bem estruturado e exequível, são indispensáveis a uma gestão eficiente e de resultados.
Quais as principais demandas de Aracaju?
Aracaju tem problemas crônicos nas áreas de saúde, educação, mobilidade urbana, saneamento básico, segurança e emprego, sem falar nas questões ambientais, na desigualdade racial, na ausência de políticas públicas de proteção às minorias, nomeadamente mulheres, crianças e adolescentes em situação de risco, população LGBT, moradores sem-teto, dentre outras. Nosso plano de governo será elaborado por uma equipe multidisciplinar conhecedora da nossa realidade, com base em nossas diretrizes e em consonância com os anseios da população. Em pelo menos cinco áreas (segurança pública, saúde, educação, mobilidade urbana e saneamento básico) já estamos traçando algumas ações que nos tornarão referência em nível nacional.
Até bem pouco tempo, o senhor estava filiado ao DEM. O que faltou para tentar ser pré-candidato pela legenda?
A legenda enfrentava um dilema: não sabia se teria candidatura própria ou se apoiaria o projeto de reeleição de Edvaldo Nogueira. Seguindo minha intuição, achei por bem me desfiliar e buscar uma legenda que tivesse interesse em uma candidatura majoritária. Não demorou, surgiu o convite para me filiar à Democracia Cristã (DC), cuja executiva me recebeu de braços abertos. E cá estamos nós, felizes, otimistas e esperançosos em relação ao futuro.
O grande número de pré-candidaturas colocadas para prefeito de Aracaju pode prejudicar o pleito? Uma considerável faixa do eleitorado pode banalizar a eleição?
Nem uma coisa nem outra. A quantidade de pré-candidaturas serve como um termômetro para avaliar o momento eleitoral. Muitas pré-candidaturas sinalizam maior interesse no pleito e, por conseguinte, maior acirramento na disputa. Por outro lado, apontam para um forte desejo de mudança. E nenhum outro projeto encarna como o nosso esse sentimento de renovação, de transformação, daí a empolgação de tantas pessoas com o anúncio da nossa pré-candidatura, que a cada dia vai ganhando aliados e apoiadores.
É possível ganhar uma eleição para prefeito de Aracaju sem um agrupamento forte apoiando?
Sim, é possível, e nós provaremos isso com a consolidação do nosso projeto. Na democracia, o eleitor é soberano, é ele que escolhe livremente com base nos atributos do candidato e no conjunto de propostas apresentado. Se o eleitor se identifica com uma determinada candidatura, não importa se no palanque adversário estarão reunidos os medalhões da política, as velhas raposas, os financiadores de campanha, os ilusionistas e os compradores de voto. Eu, particularmente, acredito na soberania e alto grau de consciência do eleitorado aracajuano. E é nesse sentido e com esse propósito que iremos trabalhar. Por outro lado, estamos convictos de que haverá um natural movimento de adesão à nossa pré-candidatura à medida em que formos obtendo uma maior visibilidade, de modo que o nosso projeto, que ainda está em fase inicial, fatalmente vai ganhar robustez e musculatura ao longo do processo.
Como avalia essa ideia de nova política? Existe, em Sergipe, na prática, ou somente na retórica de certos políticos para tentar persuadir o eleitor?
A política tem algumas características que lembram a atividade mercantil. É por isso que o marketing político está sempre à procura de ideias que ajudem a valorizar certos candidatos, assim como ocorre com as campanhas publicitárias desenvolvidas para tornar um produto mais conhecido e, assim, aumentar suas vendas. A expressão “nova política” não passa de um rótulo utilizado tanto por debutantes quanto por veteranos com o objetivo de estabelecer uma diferença entre eles e os políticos tradicionais. Mas se você prestar atenção à atuação desses moços e moças, verá que não há muita diferença entre eles e a velha guarda. Alguns são como o famoso personagem Benjamin Button: já nasceram mais velhos que seus avós; uma velhice não só do corpo, mas fundamentalmente do espírito e das ideias. É por isso que o eleitor deve ficar atento para não comprar gato por lebre.
Dos nomes postos, quais o senhor aceitaria em seu palanque, num suposto segundo turno, e de quem o senhor não aceitaria apoio?
No nosso palanque serão bem-vindos todos aqueles que tiverem retidão de caráter, espírito cívico, idoneidade, conduta ilibada e compromisso com Aracaju. Também não há qualquer veto de natureza ideológica ou partidária. Uma coisa, porém, deve ficar clara desde já. Nosso projeto não transige em princípios, não pratica indignidades, não usa o interesse público como moeda de troca nem tolera qualquer ato de deslealdade e corrupção. Nisso reside nossa diferença em relação aos outros.