Por Joedson Telles
O ex-presidente Lula precisa, com a urgência que se aciona o Samu após um acidente, lembrar que, antes de ser um animal político, é um ser humano. E, enfim, e se permitir ao luxo de deixar o mortal avançar sobre o homem público. Quem já viu uma pessoa em perfeita sanidade mental fazer opção por permanecer preso no regime fechado, podendo ir para o semiaberto? Trocar o conforto de casa pelo tédio que deve ser uma cadeia? Lula livre é? “Nem ele quer”…
“Ah, mas não troco minha dignidade pela minha liberdade”. Aceitar a mudança é admitir o crime. Nada a ver. Um fumo fazer opção pela gaiola. Lula perdeu o juízo, se permite ser mal assessorado ou não tem limites e nem consequências a sua fome por fazer política 24 horas por dia.
Passa da hora de o ex-presidente pensar mais nele mesmo e menos em política. A sua idade e a expectativa de vida dos brasileiros gritam que o momento requer, inclusive, cuidar mais do lado espiritual.
Isso, obviamente, não quer dizer que Lula deve dispensar sua defesa, jogar a toalha e aceitar a condenação. Se ele que conhece os próprios passos, ao lado de Deus, acredita que é inocente, nada impede que continue tentando reverter a condenação, mas sem condicionar a reviravolta improvável à permanência no regime fechado. É insano. Insisto.
Evidente que Lula, ao recusar passar para o semiaberto, tenta espelhar sua revolta com a prisão que julga injusta. Politizar ainda mais o episódio. Colher dividendos eleitorais, ao alimentar o discurso de golpe que também favorece aos aliados do petista. Nada que não seja do conhecimento de todos.
O problema é que tratar a questão por este viés, aos olhos do Judiciário, que é quem tem o poder de decidir a vida de Lula, não evitou a condenação e prisão, no caso do triplex do Guarujá, não mudará a decisão sobre a mudança de regime e tampouco terá influência sobre outras ações contra ele.
Digo mais: qualquer criança tem a noção que Lula poderia apodrecer na cadeia que isso não mudaria a decisão do Judiciário. Seja porque o Judiciário age de forma técnica e imparcial, ao analisar os crimes atribuídos ao ex-presidente – ou seja porque, segundo pregam petistas, há setores do Judiciário, como o ex-juiz Sérgio Moro, por exemplo, que trabalharam para condenar Lula numa forma de impedir que ele disputasse a eleição presidencial, em 2018. Ou seja, independente do caminho, não há sentimentalismo dando esperanças a Lula.
Esperanças à parte, não falta quem acredite que o ex-presidente, na verdade, como também foi condenado, em primeira instância a 12 anos e 11 meses por corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do Sítio em Atibaia, em São Paulo, espera a condenação em segunda instância. Ou seja, cadeia por cadeia, pra não perder a piada, politiza mais uma vez. Será? Não duvidem das mais estúpidas teses quando o assunto é política.